sábado, 26 de maio de 2012

Vento Sul...




Amar,
Fim de tarde, de sol,
De um sol
Que tem hora,
E que vai para sombra
Que vem,
Sem alarde ou sinal,
Aparece, no dia, ao final, e
Anoitece o verão...

Em cena,
Seu corpo, suado e moreno
Brilhando, mexendo,
Moldado,
À palma da mão...
 Que percorre caminhos,
Desenha carinhos, e
Os beijos molhados
Parecem canção...

... e ao longe,
O horizonte faz ninho,
Prum sol-passarinho
Que foge,
Que  voa e se esconde,
Só quer refrescar
(ele é Sol, eu sou Mar...)

Colados, em corpo,
Laçados, no chão,
Vagando sem rumo
Eu sou esta mão
Que passeia seu dorso,
Se perde em teu sumo,
Sou vale profundo
Ele todo vulcão...

Eu sou o seu mar,
Sou seu vento do sul,
A soprar grãos de areia, das praias, no olhar...
Neste olhar tão azul,
Neste mar, que é azul
Só pra te copiar...

Sou sereia, só faço cantar...
Mergulhada num mar de delicias,
Ao sabor das marés, das
Paixões fictícias
Urdidas no amor,
Amar é enlouquecer...

E assim como veio,
Mansinho, ele  parte
Abandona meu peito, e
Leva seu corpo de mim...

Mas não vejo defeito
Na forma, no jeito, dele ser, dele agir...
Se cultiva esta arte,
De ir e de vir,
E de não se envolver...

Mas...
Carinhos à parte,
Eu entendo os de Marte,
Eu entendo...
 Se partiu,
Só partiu por saber,
Que eu não sou sua dona,
Eu não sou...
(Apesar de querer..)

terça-feira, 22 de maio de 2012

Dúbio - em tres poemas


te detesto...                                             
te amo...
 e por isto não mencionei  como                 
as vezes eu digo que                             
(talvez, por falta  de tempo)                                      
(e não deveria dizer),    
enlouqueço ao ver que                                 
 simplesmente, desejar maltrata, e
me abomina muito                                        
a dependência que sufoca e
saber que pensar em ti                                        
me faz temer deixar-te, então
é pensamento vazio.                             
desprezo-me. sei que o
viver sem ti seria como                                        
reverso, só me traz
a utopia,                               
 o caos, por
um doce e indizível prazer de,                          
não poder te ver. 
um simples sonhar,                                   
me traz uma saudade imensa
mesmo sentindo em mim                       
a começar, tanta dor e angústia,
desta vez,                                            
como se naturais fossem e, que
as tonturas e náuseas que                       
sentidas profundamente
me invadem                                         
confundem
provando, tornando evidente                  
meu disfarce
de modo manifesto,                            
impossível, de amor por ti, e  
se mais e mais te detesto,
 cada vez,                   
por não estares aqui,
então
mais e mais,  insano, eu afirmo,                                       
atesto, por fim, ambiguamente,
te amo...  

                                               
te detesto...

terça-feira, 15 de maio de 2012

O valioso tempo dos maduros

"Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente... do que já vivi até agora.
Tenho muito mais passado do que futuro. Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas.
As primeiras ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
... Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar ...em reuniões onde desfilam egos inflamados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas que, apesar da idade cronológica, são imaturas.
Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário-geral do coral.
As pessoas não debatem conteúdos, apenas rótulos.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...
Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade fisica .
Quero caminhar perto de coisas e pessoas de verdade, O essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencial! "


Mário de Andrade (1893-1945)"

domingo, 6 de maio de 2012

Modinha - Sergio Bitencourt



Olho a rosa na janela,
Sonho um sonho pequenino..
Se eu pudesse ser menino
Eu roubava essa rosa
E ofertava, todo prosa,
À primeira namorada.
E nesse pouco
Ou quase nada
Eu dizia o meu amor,
O meu amor...

Olho o sol findando lento,
Sonho um sonho de adulto...
Minha voz na voz do vento
Indo em busca do teu vulto.
E o meu verso em pedaços
Só querendo o teu perdão;
Eu me perco nos teus passos
E me encontro na canção...


Ai, amor, eu vou morrer
Buscando o teu amor...
Ai, amor, eu vou morrer
Buscando o teu amor...