Não há como refazer o
passado.
Hora e outra é o passado
Que aparece e refaz o
presente,
Modifica o futuro.
Resta-nos pois, a
alternativa
Da viagem interior,
A viagem mística de que
tanto falam.
Mas, onde colocaremos a
bagagem de realidade que nos cerca?
Acho que no fundo, todos só
se preocupam em
Fazer uma boa e perfeita
viagem exterior ativa,
Pois é ela que aparentemente,
satisfaz a escaldante exigência
De transformar a vida, tal
como se quer.
Mas ter novas experiências,
Parece ser a chave do
prolongamento e
Da manutenção do conceito de
renovar.
E experiências novas podem
ter o caráter
De “viagem de férias”, de
interrupção do cotidianismo
Na nossa banalidade
existencial.
Surgem como uma espécie de
fuga,
Uma aventura no imaginário
protocolar do comportamento.
Sua força reside em fabricar
um vírus ou um script de dados
Para tentar fixar-se em
nosso cérebro póscomputacional,
Com registros em nosso Bios
natural, que
Perseguem posições
duradouras,
Permanentes, e que encriptam
A nova realidade, finalmente,
proposta e aceita, e preservam-na.
É como um decodificador de
impulsos e sensações,
Instalado numa nova rede que
usa intersecções
Em caminhos pautados
anteriormente.
A rede é nova, propõe
alternância de usos,
Mas as ligações e as conexões...
Bem, estas são feitas por
partes desgastadas, moldadas, carcomidas, calejadas...
É fica difícil a instalação
desta nova rede.
Vai exigir do nosso
processador um funcionamento espetacular.
Man, this is fuckin crazy...
É não é pra qualquer um...
Mas voltando à nossa viagem:
O símbolo institucional
desta viagem, que aparenta “férias”,
Ou desta aventura “marginal”,
obviamente é o Outro.
Nele estão contidas as
expectativas, os anseios,
A plenitude, os desejos, o
nirvana eterno...
Nele está a viagem interior
proposta.
Tudo caminha,
inexoravelmente, em direção ao Outro,
Que deverá ser este lugar
maravilhoso e perigoso,
Ao mesmo tempo, um vulcão
explodindo em pradarias tranqüilas,
Acessos de fúria em momentos
de meditação,
Instáveis e aconchegantes
abraços,
Ternos e espúrios beijos,
O imponderável junto com o
inacessível,
O abismo do prazer rodeado
por uma paixão litorânea
Que se mostra pura mas,
inconscientemente, letal.
Um amor imperfeito, mas
pleno e insuportavelmente real.
Ame... e boa viagem!