Tem, por certo,
um certo tempo,
que eu as vezes
forço e tento
em vão, me achar...
não sei de mim...
Tem, por certo,
um certo tempo,
que eu as vezes
paro e penso
que foi sonho...
e foi assim...
Houve um dia
um breve tempo,
contar mês,
vai mais de cento,
é, tem muito tempo, sim...
Que eu perdi
noção do tempo,
ao olhar
com certo aumento
bela flor,
junto ao jardim...
Jeito inquieto
e muito atento,
belas formas,
(mostra o vento),
linda! um afronto,
diz o jasmim...
Disfarço, isento
e olhar rapina,
tropeço, caio
bato em quina,
e nem sequer
me vem lamento,
Só me vem
um pensamento:
ter naquele curto evento
um olhar ,
um só relance :
- Olhe pra cá, Olhe pra mim...
Mas, já?
já vai embora?
não me viu,
nem vai notar ?,
- meu deus, e agora?
num passeio, num jardim
não deve o tempo descansar?
Elevo olhar
pro firmamento,
expresso, clamo ,
apelo, insisto:
-eu existo, eu existo,
sou eu, aqui junto ao jardim...
Paixão-momento,
falta o ar,
mas Sobra o vento;
voa o tempo...
e a flor voou...
ficamos nós:
eu, o jardim,
e o pensamento...
Suplico, então,
ao deus do tempo :
salta, pára, se detenha...
dê ao menos outra volta,
volta a menos obtenha,
ou senão, seja a revolta,
ou então, me cobre aumento,
quem se importa,
te suplico, aja assim :
Em outro dia,
em outro tempo
em outra volta
faça invento,
e traz a flor
pro meu jardim...
E desta vez
me dê mais tempo,
pra dizer :
oh! bela flor,
oh! flor do vento,
quero este teu
olhar para mim...
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário aguardará o moderador para ser publicado.