“Nos demais, todo mundo sabe, o coração tem moradia certa, fica bem aqui no meio do peito, mas comigo a anatomia ficou louca, sou todo coração”. Maiakovski, 1923
quarta-feira, 31 de agosto de 2011
.. produto da China que ainda não chegou ao Brasil... "Ex-diretor da China Mobile é condenado à morte por aceitar suborno".
31 de agosto de 2011 • 00h30 • atualizado às 01h18
Li Hua, ex-presidente da China Mobile na região de Sichuan, região sudoeste da China, foi condenado à morte - a pena pode ser comutada por cadeia perpétua - pelo Tribunal Popular da cidade de Panzhihua, informou a agência Xinhua nesta quarta-feira. Esta sentença, que habitualmente é trocada por cadeia perpétua se o acusado tiver bom comportamento nos dois anos seguintes, condena Li por aceitar subornos no valor de 16,48 milhões de iuanes (US$ 2,58 milhões) e tráfico de influência. O fato de o acusado ter se entregado e devolvido o dinheiro procedente dos subornos não serviu como atenuante.
Fontes da China Mobile consultadas pela agência EFE se recusaram a avaliar o caso de "um trabalhador que já não pertence à companhia e que, portanto, não conserva nenhum vínculo com a China Mobile".
Esta condenação se soma às do ex-subdiretor-geral da companhia, Zhang Chunjiang, e do também diretor Shi Wanzhong, condenados nos mesmos termos este ano.
Comentário : podem falar mal dos produtos da China, mas em algumas "tecnologias" eles são invejáveis...
sábado, 20 de agosto de 2011
Será que um dia seremos como os japoneses ?
O dinheiro e as barras de ouro estavam em cofres e carteiras de vítimas do tsunami no Japão. Em casas e empresas destruídas. Nas ruas, entre escombros e lixo. Ao todo, o equivalente a R$ 125 milhões. Dinheiro achado não tem dono. Certo?
Para centenas ou milhares de japoneses que entregaram o que encontraram à polícia, a máxima de sua vida é outra: não fico com o que não é meu. E em quem eles confiaram? Na polícia, que localizou as pessoas em abrigos ou na casa de parentes e já conseguiu devolver 96% do dinheiro.
A reportagem foi do correspondente da TV Globo na Ásia, Roberto Kovalick. A história encantou. “Você viu o que os japoneses fizeram?” Natural a surpresa. Num país como o Brasil, onde a verba destinada às inundações na serra do Rio de Janeiro vai para o bolso de prefeitos, secretários e empresários, em vez de ajudar as vítimas que perderam tudo, esse exemplo de cidadania parece um conto de fadas.
O que aconteceu em Teresópolis e Nova Friburgo não foi um mero e imoral desvio de dinheiro público. Foi covardia.
Político japonês não é santo. Mas digamos que, em alguns países, os valores da população são menos complacentes do que em nosso cordial patropi.
E a impunidade não é regra.
Em que instante a nossa malandragem deixa de ser folclórica e cultural e passa a ser crime de desonestidade?
Por que a lei de tirar vantagem em tudo está incrustada na mente de tantos brasileiros, a tal ponto que os honestos passam a ser otários porque o mundo seria dos espertos?
Será que um dia seremos todos japoneses?
terça-feira, 19 de julho de 2011
... e 32 anos se passaram...
Outro dia mesmo estávamos nervosos à beira do altar, com um padre mais nervoso que a gente. Falava sem parar. Disse a ele baixinho : se o senhor não acabar com isto agora eu vou embora e deixar o senhor falando sozinho.
Ele se apavorou mais ainda e terminou seu discurso, "sem pé nem cabeça" como me disse meu pai logo depois. Hoje entendo quando me dizem : "Vamos fazer uma cerimônia simples..."
Sinceramente não repetiria a dose. É um teatro com atores despreparados para atuar na peça.
De toda forma, ficam as lembranças e hoje os casos e os risos.
32 anos de muita luta. Não foi fácil chegar até aqui. E não há nada que nos prepare para esta aventura. Mas não há arrependimentos. Bem talvez haja em alguns momentos mas passam logo.
Agora filhos "quase criados" ( se é que isto exista) esperamos curtir um pouco a melhor idade.
A sabedoria é o balsamo para tudo e a melhor descoberta desta idade. Vamos aproveitá-la e fazer tudo que "dê na telha".
Tenho pensado em me candidatar a vereador, a dar aulas, a mudar para uma praia, escrever um livro, montar um negócio, aplicar na bolsa( nunca mexi com bolsa)... sei lá.
Mas parado não vou ficar.
Se tiver mais tempo vou aprontar alguma.
Saravá!!
segunda-feira, 4 de julho de 2011
Continuam as fotos...
Chegaram as fotos da premiação do 2o. Concurso de Contos da FUMEC
domingo, 26 de junho de 2011
Foto do evento da FUMEC
domingo, 19 de junho de 2011
Outras mulheres que inspiraram músicas
Marina, a invenção
"Marina, morena, Marina, você se pintou
Marina, você faça tudo, mas faça um favor
Não pinte esse rosto moreno
Que eu gosto e que é só meu
Marina você já é bonita com o que Deus lhe deu..."
Dorival Caymmi
A morena 'Marina' nunca existiu. A letra da música começou de trás para frente, porque Dori, filho de Caymmi, quando era pequenininho tinha mania de dizer 'Tô de mal com você'. Para justificar a frase, Caymmi criou a história da moça que se pinta contra a vontade de seu amor. "Papai é muito surrealista. O nome de mulher entra para a rima", diz a cantora Nanna Caymmi, filha mais velha do compositor. No caso, Marina combina com Morena.
Assista aqui :
http://www.youtube.com/watch?v=enUx5DMiFU8
Rosa, a flor e a menina
"Nada como ser Rosa na vida
Rosa mesmo ou mesmo Rosa mulher
Todos querem muito bem a Rosa
Quero eu e todo mundo também quer..."
Dorival Caymmi
"Nem todas as músicas são feitas para alguém, mas pode acontecer", diz Dorival Caymmi. É o caso de Rosa, da canção "Das Rosas". Antes de criar a personagem o compositor estava em Portugal e passou por uma estrada em que "tudo era roseira, uma coisa linda". "Parei o automóvel e fui ver as rosas no campo. Há uma fotografia em que estou no meio das roseiras e atrás tem uma pastora tocando um porco com a varinha", conta ele. Já pensando em escrever sobre o tema, foi visitar seu pai na Bahia e havia uma empregada nova na casa. "Era uma menina querida, mocinha. Papai era um senhor de 80 anos e ela cuidava dele. Ele me disse: 'Essa é minha babá'. Como é o nome dela?, perguntei, e ele disse: 'Rosa'. Aí, fiz uma brincadeira que deu no seguinte: Nada como ser rosa na vida, rosa mesmo, ou mesmo rosa mulher...'", cantarola ele. A menina Rosa nunca soube que foi musa. "Nem ia entender, coitadinha. Era uma jovenzinha, nem sabia que eu tinha essa profissão."
Assista aqui (ou melhor, ouça, já que não achei nenhum video de alguem cantando ao vivo esta linda musica) na voz de Dalva de Oliveira (se vc não tiver mais de 60 não vai saber quem é).
http://www.youtube.com/watch?v=5pWCIHixXVg&feature=related
Dora, a dançarina desconhecida
"...Dora, rainha do frevo e do maracatu
ninguém requebra nem dança melhor do que tu..."
Dorival Caymmi
Em uma noite de 1942, um bloco de frevo passou em frente ao hotel em que Caymmi estava hospedado, em Recife. "Veio aquele grupo cantando, tocando, e na frente uma passista que dançava muito bem. Olhei para ela e achei um nome: Dora. Aí, comecei: 'Dora rainha do frevo e do maracatu...'" , canta Caymmi, nostálgico. "Era uma hora da manhã."
Assista aqui (ou ouça) o original gravado por Caymmi em 1960 :
http://www.youtube.com/watch?v=X9CZawyrTgI&feature=related
Outras musas:
Amélia, a lavadeira
"...Ai, meu Deus que saudades da Amélia
Aquilo, sim, é que era mulher
Às vezes passava fome ao meu lado
E achava bonito não ter o que comer (...)
Amélia não tinha a menor vaidade
Amélia é que era mulher de verdade..."
Mario Lago e Ataulfo Alves
O samba "Ai Que Saudades da Amélia!", de Mario Lago e Ataulfo Alves, nasceu de uma brincadeira de Almeidinha, irmão da cantora Araci da Almeida. Sempre que se falava em mulher ele dizia: 'Amélia é que era mulher, Amélia é que lavava, passava...'. "Entrei na brincadeira, acrescentando verbos: bordava, chuleava, tricotava... Até que pensei: 'Isso dá samba'. Veio aí uma figura de mulher", conta Mario Lago. Mas a Amélia de verdade foi descoberta pela revista "O Cruzeiro". Era uma ex-lavadeira da família de Araci de Almeida. Uma mulher do subúrbio do Rio de Janeiro, que sustentava sozinha oito filhos. Mario Lago não chegou a conhecê-la. "Amélia é qualquer pessoa apaixonada, seja homem ou mulher", diz.
Assista aqui, com João Gilberto:
http://www.youtube.com/watch?v=MnZcZxX-ltE
Madalena, a Vera Regina
"Oh, Madalena, o meu peito percebeu
Que o mar é uma gota
Comparado ao pranto meu (...)
Até a lua
Se arrisca num palpite
Que o nosso amor existe
Forte, fraco, alegre ou triste..."
Ivan Lins e Ronaldo Monteiro de Souza
Em 1970, o compositor Ronaldo Monteiro de Souza, parceiro de Ivan Lins na música "Madalena", tinha terminado o namoro de três anos com da carioca Vera Regina. Chateado, foi até o bar Cabral 1500, em Copacabana. "Naquela época a avenida Atlântica só tinha uma pista, o mar quebrava pertinho da calçada. Daí tirei a idéia de que 'o mar era uma gota, comparado ao pranto meu'. Escrevi a letra em um guardanapo com a caneta do garçom. Não tive coragem de escrever Vera Regina, Madalena foi o primeiro nome que me ocorreu", conta. O namoro acabou de vez, a música virou hit com Elis Regina. Anos depois, Vera Regina soube da homenagem. "Não sei como ela soube, mas tínhamos amigos em comum. Hoje estou casado com Soraya, minha inspiração é outra", diz o compositor.
Assista aqui :
http://www.youtube.com/watch?v=OIYHQuqKf0U&feature=related
Dinorah, a bailarina surda e muda
"Quando a turma se reunia
Alguém sempre pedia
Ah, Dinorah, Dinorah
E o malandro descrevia
E logo já se via
Ah, Dinorah, Dinorah..."
Ivan Lins e Vitor Martins
A história de uma bailarina surda e muda, contada por um típico malandro carioca, inspirou Vitor Martins, parceiro de Ivan Lins, a compor 'Dinorah'. "Eu tinha recebido a melodia do Ivan com apenas uma frase: 'Ah, Dinorah'. Achei que Dinorah tinha de ser uma mulher muito especial e passei dias tentando desenvolver um tema", conta Martins. Até que ele e Ivan entraram em uma pastelaria no Rio de Janeiro, e deram com o malandro falando da incrível bailarina. "Parecia ser uma mulher especial. Mas logo senti que o cara era um tremendo mentiroso e, quando chegava naquela roda, pediam: 'Conta aquela'. Só que ele descrevia a mulher com tanta verdade, falando alto, que parecia que ela existia", conta. Assim saiu a letra: Quando a turma se reunia, alguém sempre pedia...'
Assista Ivan e João Bosco em Cuba :
http://www.youtube.com/watch?v=fSt-Ry8d3iI&feature=related
Luiza e Dindi, o vento e a montanha
"... Vem cá, Luiza me dá tua mão
O teu desejo é sempre o meu desejo
Vem me exorciza
Dá-me tua boca
E a rosa louca
Vem me dar um beijo
E um raio de sol..."
Tom Jobim
"... Ah, Dindi, se um dia você for embora, me leva contigo Dindi
Fica, Dindi
Olha, Dindi..."
Tom Jobim e Aloysio de Oliveira
Luiza era um dos nomes preferidos de Tom Jobim. "Ele dizia que parecia que tinha um vento nesse nome", diz Manoel Malaguti, cunhado do compositor. Dindi vem de Dirindi, nome de um morro próximo ao sítio de Tom, em Poço Fundo. "Ele via o rio passar, roncando nas pedras, as águas espumaradas. Aquele ruído o apaziguava. Na outra margem, começava o pasto que ia dar no morro do Dirindi. 'Dindi' não era, como muitos pensavam, um nome de mulher. Mas sim toda aquela vasta natureza e seus segredos", narra Helena Jobim, irmã de Tom, no livro "Antonio Carlos Jobim, Um Homem Iluminado" [Ed. Nova Fronteira].
Assista aqui Tom Jobim no Japão em 1987 cantando as duas musicas :
http://www.youtube.com/watch?v=zJbTXUM8hjg
Beatriz e Cecília, a sonoridade
"... Ah, me leve para sempre Beatriz
Me ensine a não andar com os pés no chão
Para sempre é sempre por um triz..."
"Beatriz", em parceria com Milton Nascimento, surgiu de um jogo palavras - "Be" atriz [ser atriz, em inglês], tema da canção
Chico Buarque e Milton Nascimento
Ouça aqui :
http://www.youtube.com/watch?v=ijslD3bfsbk&feature=related
"...Me escutas, Cecília?
Mas eu te chamava em silêncio
Na tua presença
Palavras são brutas
Pode ser que, entreabertos
Meus lábios de leve
Tremessem por ti..."
Cecília, do disco mais recente [1998], também não é real. Chico procurava um nome que sibilasse ao ser pronunciado e Cecília lhe pareceu perfeito.
Chico Buarque e Luiz Cláudio Ramos
Assista :
http://www.youtube.com/watch?v=DTfpXJeofOg
As mulheres das canções de Chico Buarque são um mistério. Nada consta sobre uma "Carolina" de olhos fundos, abaixo interpretada por Caetano :
http://www.youtube.com/watch?v=ijCwWsG_IBg
ou alguma "Bárbara" que falasse demais. .
Assista aqui com Betânia :
http://www.youtube.com/watch?v=YjFSOrjNv20&feature=related
Sozinha, a filha adolescente
"Às vezes no silêncio da noite
Eu fico imaginando nós dois
Eu fico ali sonhando acordada, pensando
No antes, no agora e o depois
Por que você me deixa tão solta?
Por que você não cola em mim?
Tô me sentindo muito sozinha..."
Peninha
O hit "Sozinho", sucesso na voz de Caetano Veloso em 1999, nasceu com alma feminina. O compositor Peninha escreveu a letra inspirado na filha, Clariana Alves, quando ela tinha 14 anos e estava sofrendo por um namorado que a deixava muito só. "Um dia, sem querer, escutei uma conversa dela com ele ao telefone. Eu estava com o violão e fiz a música, baseado na solidão que ela estava sentindo. A letra tem as palavras e a alma dela. Tanto que pensei que tinha feito uma canção para adolescentes. Acho que a música pegou tanto por causa dessa pureza de sentimentos", diz Peninha. A canção 'Sozinha' foi gravada pela primeira vez por Sandra de Sá, em 1995. Hoje, Clariana, com 29 anos, e foi musa passado, quando Peninha conta a história da canção em entrevistas, por causa da gravação de Caetano, diz : "Antes disso, meu pai sempre dizia que essa música era a 'minha cara'. Eu ficava brava, achava que ele estava tentando me dizer que meu relacionamento era ruim. Hoje vejo que ele passou na letra uma preocupação comigo", diz Clariana. A música acabou embalando o "namoro ioiô", que começou na adolescência e, entre idas e vindas, durou mais de cinco anos. "Sempre que brigávamos, meu namorado punha a música e me dizia: 'Pense bem'. Uma vez terminamos, ele foi à minha casa e colocou o CD do Caetano no 'repeat'. Ouvi a música a noite inteira e acabei voltando. Até hoje, toda vez que ele ouve a música, me liga. Nossos amigos chamam ele de 'Sozinho'. Ele sempre fala que, se a gente não casar, eu vou estar velhinha e me lembrar dele toda vez que ouvir essa música. Pior é que vou. Nem que eu queira esquecer, vou conseguir.", reclama ela, com um olhar de acusação para o pai. Peninha se defende: 'A música surtiu o efeito contrário...'.
Assista aqui com Caetano :
http://www.youtube.com/watch?v=wb4RauhteFA
ANNA JULIA de Los Hermanos
Quando escreveu uma música para ajudar um amigo a conquistar uma garota da faculdade, Marcelo Camelo, vocalista da banda carioca Los Hermanos, não tinha idéia de que o nome da menina estaria, algum tempo depois, na boca do país inteiro. Como numa comédia romântica, Alex Werner (o amigo tímido e produtor da banda) e Anna Júlia Werneck (a garota insensível) se encontraram e se desencontraram por mais de um ano. Enquanto isso, a balada ingênua levou o CD de estréia do Los Hermanos a alcançar o disco de platina.
"É uma canção sobre o amor de quem contempla, o amor do observador", explica Camelo. O sucesso da música pegou a banda de surpresa -a princípio, ela não seria gravada. A homenagem também surpreendeu Anna Júlia. Aos 21 anos, a estudante de Jornalismo diz que é uma garota comum, como tantas: "Não sou uma unanimidade".
Anna Júlia "Conheci o Alex na faculdade. Ele fazia Direito e eu, Jornalismo. Achei ele gatinho e fui conversar, mas a gente acabou não ficando porque ele era tímido. Eu tentava conversar e ele ficava nervoso. Foi passando o tempo e, de vez em quando, ele mandava recados pelos meus amigos. Eu nunca tinha falado com ele direito, então a gente se cruzava na faculdade e não parava para conversar. Era uma situação chata.
No final de 98, eu fui para a Europa de férias. No dia da viagem, ele apareceu na minha casa e me levou uma flor. Achei muito bonitinho. Mas ele chegou quatro horas antes de eu ir para o aeroporto e eu ainda não tinha feito as malas... Foi nessa época que um amigo me disse que os garotos da banda tinham feito uma música para mim. Pensei que ia ser algo me xingando, do tipo 'Ô, garota, se toca! Deixa de ser besta e fala com meu amigo!'.
Começaram as aulas e encontrei o Alex com o Barba [baterista do Los Hermanos] numa festinha. Barba me convidou para o show seguinte da banda. Eu disse que não dava, já sabendo que iria. No meio do show, escuto o Marcelo falando: 'Anna Júlia, esta música é para você!'. O lugar estava muito cheio e a acústica não era boa, entendi muito pouco da letra. Eu ouvia 'Anna Júlia, Anna Júlia' e ria nervosa. Pelo menos fiquei sabendo que não estavam me esculachando.
Quando o show acabou, fui agradecer, mas não falei mais do que isso com o Alex. Nunca conseguimos conversar direito. Sempre acontecia alguma coisa para atrapalhar. Até o dia em que ele me ligou, dizendo que queria me ver. Foi em casa, supernervoso. Finalmente, acabamos ficando. Foi a única vez.
A gravadora escolheu 'Anna Júlia' como música de trabalho do disco. Eles me perguntaram se eu via algum problema. Achei legal. Mas achava que podia dar azar, pois meu nome é estranho. Não conheço muitas Annas Júlias. Era o nome de uma amiga da minha mãe, que é Anna Lia.
Um dia, o Alex me trouxe o single na faculdade. Você não tem noção do tamanho do negócio até ver seu nome na capa do disco. Em casa, quando pus para tocar, a voz do Marcelo era tão doce que comecei a chorar. Acho que a letra tem bastante o lado do Alex, fala mais do que ele via em mim. Na primeira vez em que ouvi a música no rádio, a locutora disse: 'Anna Júlia, o que você fez?'. E eu pensando: 'Nossa! Esta sou eu!'."
Anna Júlia
Quem te vê passar assim por mim/
Não sabe o que é sofrer/ Ter que ver você assim/ Sempre tão linda/ Contemplar o sol do teu olhar/ Perder você no ar/ Na certeza do amor/
Me achar um nada/ Pois sem ter teu carinho/
Eu me sinto sozinho/ Eu me afogo em solidão/ Oh Anna Júlia!
Marcelo Camelo
Assista aqui :
http://www.youtube.com/watch?v=-PArDXQX-4M&feature=related
Ou em ingles com Jim Capaldi :
http://www.youtube.com/watch?v=vIsdUa9uN40&feature=related
YOLANDA de Pablo Milanés
O compositor cubano Pablo Milanés precisou se ausentar de Havana logo depois do nascimento da primeira filha, Linn. Comovido com a paternidade e apaixonado pela mulher, Yolanda Benet, ele voltou para casa com a letra e a melodia de uma explícita declaração de amor na bagagem. Era "Yolanda", um dos maiores sucessos de sua carreira.
Eles tiveram três filhas, em um casamento que durou cinco anos. A canção teve vida longa. Desde 1970, a música ganhou interpretações em vários países. No Brasil, a versão é de Chico Buarque e foi gravada primeiro por Simone no disco "Desejos", de 1984. "Já regravei 'Iolanda' seis vezes e não posso deixar de cantar nos meus shows. Acho que todo mundo gostaria de ser ela ou ouvir de alguém o que diz a música", afirma Simone.
É com orgulho que Yolanda, hoje uma alegre e falante avó de quatro netos, se lembra daquele tempo. Separada pela segunda vez, mora em Havana e escreve um romance baseado nos conflitos entre um cubano que ficou na ilha e outro que emigrou para os Estados Unidos.
Yolanda Benet "Conheci Pablo na casa de um amigo comum, em Havana. Eu tinha 23 anos e era continuísta de cinema. Casualmente, três dias depois começamos a trabalhar juntos em um filme e nos apaixonamos. Pablo compôs 'Yolanda' quando nossa primeira filha tinha dez dias. Ficou chateado por ter de viajar. Quando regressou, trouxe a canção. Eu estava com Linn nos braços, dando-lhe o peito, e ele me disse: 'Olha o que fiz para você'. Pegou o violão e cantou 'Yolanda'. É uma sensação inesquecível. Não posso traduzir a emoção que até hoje sinto quando me recordo dessas coisas. Nunca houve momento mais importante em minha vida. Ali estava resumido tudo o que ele sentia, todo o amor que sentíamos um pelo outro. Foi muito emocionante.
Pensei que aquela canção era algo íntimo, que só eu poderia compreender o que Pablo estava dizendo. Mas parece que ele fez com tanto amor que todos são capazes de entender. É uma música que se canta no mundo inteiro. Ele já quis tirá-la do repertório e nunca conseguiu. É impressionante como as coisas do coração transcendem. Ao mesmo tempo, sinto que cada pedacinho da letra é um pedacinho do que vivemos. A letra é algo muito pessoal para mim, falar sobre ela é como falar de minha intimidade, até me incomoda.
Nunca deixei de ser amiga de Pablo. Entre nós nunca existiram rancores. Duas de nossas filhas são cantoras. Há pouco tempo cantaram a canção em um show com o pai, em duas vozes. Me acabei em lágrimas. Sempre me emociono com a música, sobretudo quando a cantam bem. Gosto da versão brasileira, de como Simone e Chico Buarque cantam. Vi Chico uma vez na casa de Pablo, mas não tive o prazer de conversar com ele. Fomos apresentados também em um hotel, em Varadero, mas ele não deve se lembrar. Estávamos em um grupo e pedi que não dissessem que eu era a Yolanda da música. Não gosto de usar isso como um título. Não sei explicar o sucesso de 'Yolanda', não me considero uma mulher especial. Sou uma pessoa comum."
Iolanda
Esta canção é mais que mais uma canção/
Quem dera fosse uma declaração de amor/ Romântica, sem perder a justa forma/
Do que me vem de forma assim tão caudalosa (...)/ Iolanda, Iolanda, eternamente Iolanda...
Pablo Milanés, versão de Chico Buarque
Assista aqui a original com Pablo e Chico:
http://www.youtube.com/watch?v=aNzL2KEgPlI
LYGIA de Tom e Chico...
Os olhos verdes da carioca Lygia Marina de Moraes são morenos na letra de "Lígia". Um disfarce da identidade da musa e da atração de Tom Jobim por ela. Tom e Lygia, professora de pré-primário de uma das filhas do compositor, se conheceram em 1968, no bar Veloso, em Ipanema. Nunca houve nada entre os dois, mas aquele encontro daria origem ao samba-canção gravado por Chico Buarque no LP "Sinal Fechado", em 1974. "O Tom vivia de olho nela", diz o jornalista Ruy Castro, que registrou o episódio no livro "Ela é Carioca" (Cia. das Letras).
Por muitos anos Tom negou que Lygia fosse sua musa, em respeito ao amigo Fernando Sabino, marido dela na época. Só em 1994, quando o casal se separou, ele admitiu a inspiração aos amigos. Hoje, aos 54 anos, Lygia mora sozinha e dirige o departamento cultural da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro. Ela recorda com orgulho os detalhes de seu caso jamais consumado com Tom Jobim.
Lygia Marina de Moraes "Conheci o Tom em uma tarde chuvosa. O bar Veloso estava vazio, era junho e fazia frio. Eu e uma amiga, Cecília, nos sentamos na varanda e vimos o Tom conversando com Paulo Góes [fotógrafo]. Os dois acabaram se sentando na nossa mesa. Quando contei ao Tom que era professora da sua filha Beth, ele teve um ataque de riso e disse: 'É a primeira vez que paquera vira reunião de pais e mestres!'. E eu babando: imagine, em 68, Tom era um dos homens mais lindos do Brasil.
Ele tinha que dar uma entrevista a Clarice Lispector para a 'Manchete', e convidou a mim e a Cecília para ir com ele. Fomos no fusquinha azul-claro do Tom. Eu usava uma saia de lã e um suéter de cashmere. Ao abrir a porta, Clarice fez cara de mau humor. Tom, abraçado comigo e com Cecília, disse: 'Trouxe minhas amigas'. Ela ficou mais furiosa quando pediu a Tom que fizesse um poema para ela, como Vinícius [de Moraes] teria feito em entrevista anterior, e ele disse: 'Não sou poeta, se tivesse um violão...'.
Mas aí pegou um bloco de papel-jornal e escreveu um poema para mim, que guardo até hoje: 'Teus olhos verdes são maiores que o mar/ Se um dia eu fosse tão forte quanto você/ Eu te desprezaria e viveria no espaço/ Ou talvez então eu te amasse/ Ai que saudades me dá/ Da vida que eu nunca tive', e assinou: A.C.J.
Saindo de lá, Tom me levou em casa. Nos despedimos no carro, com um beijinho no rosto. Fiquei nervosíssima, mas parou ali. Tom era casado... Aquela carona foi nosso único encontro a sós. A música fala de tudo o que não aconteceu: o cinema, o passeio na praia... Depois nos encontramos muitas vezes, mas sempre em grupo. Logo me casei com o cineasta Fernando Amaral e entrei para a turma. Vivi o auge de Ipanema.
Após quatro anos de casada e um filho, me separei. Depois me casei com o escritor Fernando Sabino. Em 1973, acho que Tom não sabia que eu estava casada com ele, e ligou para o Fernando pedindo meu telefone. Meu marido fez uma sacanagem: deu um número errado. Em seguida, ligou para o telefone que tinha dado e avisou: 'O Tom Jobim vai ligar aí procurando uma Lígia, mas o telefone é tal', e deu outro número errado. Os amigos ficaram sabendo dessa história, inclusive o Tom. Talvez daí tenha surgido a frase na música que fala do telefonema que foi engano.
Estava sozinha em casa quando ouvi no rádio o Chico cantando 'Lígia', pela primeira vez. Fui correndo comprar o disco. Na hora, me vi na letra. Ser homenageada já é maravilhoso, ainda mais pelo Tom, com uma música linda e sofisticada... É uma glória. Claro que a música rendeu comentários e Fernando ficou uma fera. Durante os 19 anos em que fui casada, Tom evitou o tema. Estivemos juntos em vários lugares, tipo réveillon na casa de Jorge Amado, eu com Fernando e Tom com Ana, sua segunda mulher. Mas ninguém falava nisso.
Um dia, Tom me encontrou por acaso na Cobal [sacolão e ponto de encontro] e falou: 'Está chegando minha musa!'. Foi a primeira vez que admitiu para mim. Até hoje, em cada boteco que entro tocam 'Lígia'. Faz parte do meu show. Fiquei imortal. Tenho quase todas as gravações de 'Lígia'. Existe até uma versão do João Gilberto em que, ao contrário da oficial, o romance acontece e Tom até se casa comigo. As pessoas me cobram o fato de nunca ter acontecido nada entre a gente. Mas será que não foi melhor ter ficado essa fantasia? Talvez tivesse de ser essa a história: eu virar musa, entrar em um restaurante e me lembrar do Tom, cheio de charme."
Lígia
Eu nunca sonhei com você/ Nunca fui ao cinema/
Não gosto de samba/ Não vou a Ipanema/
Não gosto de chuva/ Não gosto de sol/
E quando eu lhe telefonei/ Desliguei/
Foi engano/ O seu nome eu não sei/
Esqueci no piano/ As bobagens de amor/
Que eu iria dizer/ Não, Lígia, Lígia...
Tom Jobim
Assista aqui :

DRÃO de Gilberto Gil - Sempre quis saber o que significava ...
O apelido foi dado por Maria Bethânia. Drão vem do aumentativo de Sandra, a terceira mulher de Gilberto Gil. Ao virar título de um dos maiores sucessos do compositor, o apelido incomum sempre foi confundido com a palavra "grão". Sandra Gadelha desfaz o mal-entendido e se assume como inspiração dos versos densos, compostos em 1981, em plena separação do casal. Gil diz que foi bem difícil escrever a letra, uma poesia profunda e sutil do amor e do desamor. "Como é que eu vou passar tanta coisa numa canção só?", questiona-se Gil no livro "Gilberto Gil-Todas as Letras" (Cia. das Letras).
Os dois foram casados por 17 anos e tiveram três filhos: Pedro, Maria e Preta. Hoje, aos 53 anos, Sandra mora sozinha no Rio, sonha em montar uma pousada e se lembra com carinho da canção que marcou o fim de seu casamento. Por uma feliz coincidência, Sandra costuma ouvir sempre a "sua" música no rádio do carro. Uma emissora carioca parece estar programada para tocá-la todos os dias, às 11h. A ouvinte especial está sempre sintonizada.
Sandra Gadelha "Desde meus 14 anos, todo mundo em Salvador me chamava de Drão. Fui criada com Gal [Costa], morávamos na mesma rua. Sou irmã de Dedé, primeira mulher de Caetano. Nossa rua era o ponto de encontro da turma da Tropicália. Fui ao primeiro casamento de Gil. Depois conheci Nana Caymmi, sua segunda mulher. Nosso amor nasceu dessa amizade. Quando ele se separou de Nana, nos encontramos em um aniversário de Caetano, em São Paulo, e ele me pediu textualmente: 'Quer me namorar?'. Já tinha pedido outras vezes, mas eu levava na brincadeira. Dessa vez aceitei.
Engraçado que Gil mesmo não me chamava de Drão. Antes havia feito a música 'Sandra'. Já 'Drão' marcou mais. Estávamos separados havia poucos dias quando ele fez a canção. Ele tinha saído de casa, eu fiquei com as crianças. Um dia passou lá e me mostrou a letra. Achei belíssima. Mas era uma fase tumultuada, não prestei muita atenção. No dia seguinte ele voltou com o violão e cantou. Foi um momento de muita emoção para os dois.
Nos separamos de comum acordo. O amor tinha de ser transformado em outra coisa. E a música fala exatamente dessa mudança, de um tipo de amor que vive, morre e renasce de outra maneira. Nosso amor nunca morreu, até hoje somos muito amigos. Com o passar do tempo a música foi me emocionando mais, fui refletindo sobre a letra. A poesia é um deslumbre, está ali nossa história, a cama de tatame, que adorávamos. No começo do casamento moramos um tempo com Dedé e Caetano, em Salvador, e dormíamos em tatame. Durante o exílio, em Londres, tivemos de dormir em cama normal. Mas, no Brasil, só tirei o tatame quando engravidei da Preta e o médico me proibiu, pela dificuldade em me levantar.
A primeira vez em que ouvi 'Drão' depois que Pedro, nosso filho, morreu [num acidente de carro em 1990, aos 19 anos] foi quando me emocionei mais. Com a morte dele a música passou a me tocar profundamente, acho que por causa da parte: 'Os meninos são todos sãos'. Mas é uma música que ficou sendo de todos, mexe com todo mundo. Soube que a Preta, nossa filha, chora muito quando ouve 'Drão'. Eu não sabia disso, e percebi que a separação deve ter sido marcante para meus filhos também. As pessoas me dizem que é a melhor música do Gil. Djavan gravou, Caetano também. Fui ao show de Caetano e ele não conseguia cantar essa música porque se emocionava: de repente, todo mundo começou a chorar e a olhar para mim, me emocionei também. E, engraçado, Caetano é o único dos nossos amigos que me chama de Drinha."
Drão
Drão/ O amor da gente é como um grão/
Uma semente de ilusão/
Tem que morrer pra germinar (...)/
Quem poderá fazer/
Aquele amor morrer!/ Nossa caminha dura/
Cama de tatame/ Pela vida afora...
Gilberto Gil
Assista aqui :
http://www.youtube.com/watch?v=ONrfUkBEN6I&feature=related
sábado, 18 de junho de 2011
Saiu o resultado do Concurso de Contos 2011 da Universidade FUMEC
Bom, não falta mais. E o melhor é que não precisei pagar para tê-lo. Melhor assim.
Na foto abaixo, a capa do livro. Uma antologia com os 8 contos premiados, listados em ordem alfabética. Depois vou postar fotos do evento que vão ser disponibilizadas pela Universidade.
Clique na foto para ampliar.

domingo, 29 de maio de 2011
Estragos e soluções
Não se sabe qual é a, digamos, inclinação política do pênis. Ele é anatomicamente de centro, como todos os políticos na Itália, que se identificam como de "centrosinistra" ou de "centrodestra", nunca de sinistra ou de destra. O pênis é centrão assumido, mas de que tendência ninguém sabe. Ele ora pende para um lado, ora para outro.
Além de ser obviamente um falocrata, que se pudesse falar definiria sua posição como "sou mais eu", sua ideologia é desconhecida. Raramente é a do seu portador, em relação ao qual mantém uma evidente independência de pensamento e ação.
Há esquerdistas com pênis fascistas, conservadores com pênis sempre atrás de novas experiências sociais, liberais com pênis decididamente intervencionistas. O pênis é, por assim dizer, um livre atirador.
Pênis não tem dono. Ou, dito de outra maneira, não costuma levar em consideração a conveniência dos seus donos. E como a comunicação entre o homem e o seu pênis é precária, o pênis não ouve apelos à razão e não adianta pedir para ele ter uma consciência histórica, o resultado é o estrago que vem causando a carreiras e reputações através dos tempos. Sem querer nem saber.
Veja-se o caso recente do Strauss-Kahn e do seu pênis predador. Deve ter havido uma tentativa de diálogo entre Strauss-Kahn e seu pênis antes do ataque à camareira. Não é impossível que o ex-provável candidato a presidente do seu país tenha até invocado o futuro da Europa e do mundo para tentar deter o pênis. "Arretezpourla France!"
O pênis não teria dado ouvidos. Espera um pouquinho, esqueça esta frase. O pênis não teria ligado. E fora adiante, sem nenhum prurido patriótico. E SK está politicamente liquidado. Mais uma vítima do próprio pênis.
O que fazer para que coisas assim não se repitam? A primeira solução é radical: a castração como condição para o serviço público masculino e carreiras políticas. Para o pênis aprender.
A segunda solução seria a gradual substituição de homens por mulheres no poder, em todo o mundo. Uma solução que já está em curso. Os homens manteriam seu pênis, mas sem a possibilidade de causar mais estragos. E pronto.
sábado, 28 de maio de 2011
Um brasileiro honesto
Estava ali, na poltrona 13 do ônibus que faz a rota Friburgo-Rio. Um celular esquecido pelo passageiro. Entre a poltrona e o vidro, havia algo mais.
O motorista Joilson Chagas, de 31 anos, abriu o “pacote rústico” e tomou um susto. Nunca tinha visto tanto dinheiro junto: R$ 74.800. Não passou aos superiores.
“É tentador. Nessa hora, nem nos colegas a gente confia.”
Por sorte ou destino, Joilson conseguiu devolver tudo ao dono. “O dinheiro não era meu. É bom ficar com o que é nosso.”
Joilson levou o dinheiro de volta a Friburgo. Ao chegar ao ponto final, na Ponte da Saudade, avistou um senhor humilde chorando na porta da padaria. “Perdi um celular”, dizia ele, “deve ter sido no centro do Rio.”
Joilson perguntou: “O celular é este?”. O senhor, agricultor de 80 anos, emocionou-se: “É esse mesmo. Não tinha mais nada no ônibus?”.
Joilson disse que ele precisava explicar direitinho o que perdera. E ele falou: “Eram R$ 74.800 para pagar o transplante de minha filha, que não é coberto pelo SUS”.
Joilson entregou o pacote e não aceitou recompensa. “O dinheiro estava contado para a cirurgia e para a passagem. Eu não podia aceitar nada”, ele me disse. “Também sou pai de família.”
A história de Joilson aconteceu no dia 19 de abril e correu mundo. No Facebook, ele recebeu mensagens da Holanda, da Espanha, dos Estados Unidos, do Japão. Foi a programas de televisão. Ganhou plaqueta da empresa elogiando seu ato.
Foi homenageado na semana passada no Palácio Guanabara, do governo do Estado. Recebeu cartas de alunos da 2ª à 5ª série de uma escola do Rio, dizendo: “Motorista, foi lindo o que você fez, você foi meu herói”. Num dos envelopes, havia R$ 2 e um bilhete: “Desculpe não dar mais, era o que eu tinha no bolso”.
Joilson treme a voz. Quer encontrar e beijar essas crianças. “O que eu fiz era para ser uma coisa normal. O ser humano é repleto de valores, mas não põe em prática.”
Ele começou a dirigir em transportadora quando tinha 18 anos. Concluiu o segundo grau. É casado, seu filho Gabriel tem 14 anos e sua mulher está grávida de cinco meses, de outro menino.
Nas enxurradas em Friburgo, Joilson perdeu a casa, os móveis, e mora de favor na casa da irmã. A escola onde sua mulher era professora também foi levada pelas águas. Agora, ela costura.
Joilson constrói uma nova casa. Trabalha 16 horas por dia como motorista, faz duas viagens de ida e volta no ônibus da Viação 1001, tem uma folga por semana. “Cai na segunda ou na terça.”
O primeiro ônibus sai às 5h30 de Friburgo. Ganha R$ 1.000 líquidos por mês, mas paga R$ 500 ao pedreiro que ergue sua “casinha”.
Joilson faz biscates de pintura: “A necessidade faz o sapo pular”.
quarta-feira, 25 de maio de 2011
sexta-feira, 22 de abril de 2011
"La libertad y los libros", por Mario Vargas Llosa
Também disponivel aqui :
http://mazcue.com/discurso-completo-vargas-llosa-feria-del-libro/
Texto completo del discurso de Mario Vargas Llosa en la 37º Feria del Libro de Buenos Aires
Agradezco a los organizadores de la Feria del Libro de Buenos Aires honrarme con la invitación a ocupar esta tribuna el día de la inauguración. He tenido ya ocasión de participar en ella hace algunos años y me alegra saber que ha ido creciendo y atrayendo cada vez a más editores, libreros y lectores hasta convertirse en una de las ferias de libro más importante mes en todo el ámbito de nuestra lengua.
No me extraña nada que haya ocurrido así. Desde la primera vez que pisé Buenos Aires, hace de esto cerca de medio siglo, advertí que esta ciudad y los libros tenían una afinidad recóndita, comparable a la que sólo había advertido antes en París, y que, al igual que esta última, Buenos
Aires era una ciudad de librerías -modernas y anticuarias-, de cafés literarios, de escribidores y lectores, donde todo letraherido se sentía inmediatamente en su casa. No es por eso nada raro que uno de los más grandes creadores de nuestro tiempo, Jorge Luis Borges, fuera un porteño y que se pueda decir de su extraordinaria obra que toda ella es como la exhalación imaginaria emanada de una biblioteca, institución en la que Borges, recordemos, en uno de sus más bellos textos, materializó el Paraíso.
Agradezco también a los organizadores de este certamen haber resistido las presiones de algunos colegas y adversarios de mis ideas políticas, para desinvitarme. Y extiendo mi agradecimiento a la Presidenta, señora Cristina Fernández de Kirchner, cuya oportuna intervención atajó aquel intento de veto. Ojalá esta toma de posición en favor de la libertad de expresión de la mandataria argentina se contagie a todos sus partidarios. Este episodio, me parece, más allá de lo anecdótico, plantea un asunto interesante y actual al que no me parece inadecuado abordar en el marco de este certamen con una breve exposición que se podría titular: "La libertad y los libros".
Manuscritos, impresos y, ahora, digitales, los libros representan la diversidad humana (mientras no sean expurgados, claro está). A condición de que puedan participar en ella sin discriminación, cortes, sin censura, los libros de una Feria del Libro son, en pequeño formato, la humanidad viviente, con lo mejor y lo peor que ella tiene: sus creencias, sus fantasías, sus conocimientos, sus sueños, sus amores y sus odios, sus prejuicios, sus pequeñeces y grandezas. Ningún espejo retrata mejor a esa colectividad de hombres y mujeres que conforman las diversas tradiciones, culturas, etnias, lenguajes, mitos, costumbres, modos y modas del fenómeno humano. Esa extraordinaria variedad desaparece cuando, abandonando la superficie, gracias a los libros nos sumergimos en lo profundo hasta llegar a aquellas raíces o denominadores comunes de la especie, pues allí descubrimos lo que hay de solidario y semejante por debajo de aquella frondosa variedad: una condición, unos sentimientos, unos anhelos, unas alegrías y unos miedos que establecen una identidad recóndita sobre las diferencias y distancias que la historia ha ido forjando entre razas, pueblos y culturas a lo largo de los siglos.
Los libros nos ayudan a derrotar los prejuicios racistas, étnicos, religiosos e ideológicos entre los pueblos y las personas y a descubrir que, por encima o por debajo de las fronteras regionales y nacionales, somos iguales en el fondo, que los "otros" somos en verdad "nosotros" mismos.
Gracias a los libros viajamos en el espacio y en el tiempo, como hizo Julio Cortázar en La vuelta al día en ochenta mundos sin salir de su biblioteca, y comprobamos que, con todos sus matices y variantes, la humanidad es una sola y compartida.
Podemos comparar el mundo de los libros que en estos momentos nos rodea con un bosque
encantado. Ellos están allí, quietos, inertes, silenciosos, como los árboles y las plantas de las
fantásticas historias infantiles, esperando la varita mágica que los anime. Basta que los abramos y celebremos con sus páginas esa operación mágica que es la lectura para que la vida estalle en ellos convocada por la hechicería de sus letras y palabras, y un surtidor de ideas, imágenes y sugestiones se eleve del papel hacia nosotros nos impregne, arrebate y traslade a otra vida, a menudo más rica, coherente, intensa y entretenida que la vida verdadera, en la que a menudo las rutinas embrutecedoras cotidianas nos dejan apenas resquicios para la exaltación y la felicidad. la vida de los libros nos enriquece y nos transforma. Nos hace más sensibles, más imaginativos y, sobre todo, más libres. Más críticos del mundo tal como es y más empeñados en que cambie también él y se vaya acercando a los mundos que inventamos a imagen y semejanza de nuestros deseos y sueños.
Por eso, los libros son un testimonio inapelable de las carencias y deficiencias de la vida, aquellas que incitan a los seres humanos a crear mundos de fantasías y a volcarlos en ficciones para poder tener aquello que la vida que vivimos no nos da.
El viaje al corazón de ese bosque encantado de los libros no es gratuito, un paseo divertido y sin secuelas. Es un viaje que deja huellas en el sentimiento y la inteligencia del lector, la comprobación de que el mundo real está mal hecho pues no basta para colmar nuestros anhelos.
¿Para qué inventaríamos otros mundos si con éste nos bastara? Es imposible no salir de un buen libro sin la extraña insatisfacción de estar abandonando algo perfecto para volver a lo imperfecto y empezar a mirar el entorno con cierto desánimo y frustración. Nada ha hecho que el mundo progrese tanto desde los tiempos de la caverna primitiva hasta la era de la globalización como ese viaje a lo imaginario que acompaña a hombres y mujeres desde su más remoto pasado y del que da testimonio inequívoco el mundo vertiginoso y laberíntico de los libros.
No es sorprendente, por ello, que los libros hayan despertado, a lo largo de la historia, la desconfianza, el recelo y el temor de los enemigos de la libertad, de quienes se creen dueños de las verdades absolutas, de todos los dogmáticos y fanáticos que han sembrado de odio y violencia zigzagueante el curso de la civilización.
La Inquisición lo vio clarísimo: los libros deben ser examinados y purgados por censores estrictos para asegurar que sus contenidos se ajusten a la ortodoxia y no se deslicen en ellos apostasías y desviaciones de la doctrina verdadera. Dejarlos prosperar sin esa camisa de fuerza de la censura previa sería poblar el mundo de heterodoxias, teorías subversivas, tentaciones peligrosas y desafíos múltiples a las verdades canónicas. Esta mentalidad llevó a decidir que todo un género literario -la novela- fuera prohibida durante los tres siglos que duró la colonia en todas las posesiones españolas de América. Durante trescientos años no se pudo editar ni importar ficciones en las colonias americanas. El contrabando se encargó de que muchas novelas circularan en nuestras tierras, felizmente. Pero una de las perversas -o tal vez felices- consecuencias de esta prohibición fue que, en América Latina, como la ficción fue reprimida en el género que la expresaba mejor -las novelas-, y coma los seres humanos no podemos vivir sin ficciones, éstas se la arreglaron para contaminarlo todo -la religión, desde luego, pero también las instituciones laicas, el derecho, la ciencia, la filosofía y, y por supuesto, la política-, con el previsible resultado de que, todavía en nuestros días, los latinoamericanos tengamos grandes dificultades para discernir entre lo que es ficción y realidad. Eso ha sido muy beneficioso en los dominios del arte y la literatura, pero bastante catastrófico en otros, en los que sin una buena dosis de pragmatismo y de realismo -saber diferenciar el suelo firme de las nubes- un país puede estancarse o irse a pique. Los comisarios políticos han reemplazado en la vida moderna a los inquisidores de antaño.
Vez que se ha apoderado de un gobierno un fanático religioso, ideológico o un caudillo
megalómano que se cree dueño de la verdad absoluta, los libros se han visto sometidos a purgas, recortes y vejaciones para tratar de evitar que lo que ellos encarnan mejor que nadie -la diversidad humana, la variedad de ideas, creencias, puntos de vista, costumbres y tradiciones- se divulgue y contradiga la visión dogmática, excluyente y autoritaria entronizada. Nazis, fascistas, comunistas, caudillos militares o civiles enceguecidos por los espejismos de las verdades absolutas han tratado a lo largo de toda la historia y en todas las geografías del planeta de domesticar y embridar el espíritu creativo, insumiso y crítico -que ha sido siempre el motor del cambio-, pero, por fortuna, siempre han fracasado. Dejando, eso sí, en el camino una miríada de víctimas - torturados, encarcelados y asesinados- que, pese a la represión y a las persecuciones, mantuvieron siempre viva aquella llama de libertad que anida, como un alma secreta, en el corazón de los libros.
Leer nos hace libres, a condición, claro está, de que podamos elegir los libros que queremos leer, y que los libros puedan escribirse e imprimirse sin inquisidores ni comisarios que los mutilen para que encajen dentro de las estrechas orejeras con que ellos aprisionan la vida. Defender el derecho de los libros a ser libres es defender nuestra libertad de ciudadanos, el precioso fuego que la atiza,mantiene y renueva.
Una de las mejores tradiciones de la Argentina ha sido ser un país de libros, escritores y lectores. Yo lo recuerdo muy bien, pues en mi infancia y mi adolescencia se nutrieron de revistas y libros (y, añadiré, películas y canciones) que se producían y editaban en este país y se difundían por todos los rincones de América. Por ejemplo, llegaban puntualmente a Cochabamba, la ciudad boliviana donde viví hasta los diez años. Recuerdo muy bien la llegada periódica de Leoplán para el abuelo, el Para ti que leían mi madre y m abuela y en Billiken que yo esperaba como maná del cielo. Más tarde, de universitario en San Marcos, en Lima, conocí la literatura más renovadora y moderna, (de Faulkner a Thomas Mann, de Joyce a Sartre, de Camus a Forster, de Eliot a Hemingway, gracias a las traducciones que editoriales como Losada, Sudamericana, Emecé, Sur y otras publicaban y distribuían por todo el continente. Como innumerables jóvenes latinoamericanos de mi generación puedo decir por eso que debo buena parte de mi formación literaria a esa pasión por los libros que anida en el corazón de la cultura argentina.
Hago votos porque esa hermosa tradición se renueve y fortalezca y que sea la mejor expresión de ello esta Feria del Libro de Buenos Aires.
Muchas gracias.
Mario VARGAS LLOSA
domingo, 27 de março de 2011
Universidade FUMEC divulga contos classificados no Prêmio de Literatura
A Universidade FUMEC divulga a lista dos contos classificados na 2ª edição do Prêmio de Literatura. De alcance nacional, o concurso foi idealizado com o objetivo de incentivar a leitura e a produção literária no país, prestigiando obras inéditas de estudantes de todo o Brasil.
Nas duas edições, o gênero escolhido foi o conto. Alunos de ensino médio e superior enviaram seus trabalhos, avaliados por comissão julgadora composta pelo doutor em Literatura Comparada e professor do Programa de Doutorado e Mestrado em Administração da Universidade FUMEC, Luiz Cláudio Vieira de Oliveira; pela doutora em Literatura Comparada e professora da Faculdade de Letras da UFMG, Haydée Ribeiro Coelho, e pelo escritor Ronald Claver, autor de 11 livros. Os membros observaram a originalidade da obra, a criatividade artística, a adequação da linguagem e sua qualidade literária.
Ao todo, 31 contos se inscreveram no certame. Dois não concorreram por não atenderem as normas estabelecidas no regulamento. Dos 29 trabalhos concorrentes, oito foram classificados. Dentre estes, cinco serão declarados vencedores e três receberão menções honrosas. O resultado final, com a ordem de classificação, será divulgado somente durante a cerimônia de entrega do prêmio, que será realizada em data a ser anunciada em breve.
As obras vencedoras e aquelas que receberem menções honrosas serão publicadas em livro pela Universidade FUMEC. Títulos e pseudônimos: “Boneca de corda”, de Luana Moutinho; “Cinzas”, de Eduardo Koscheck; “Conexão doméstica”, de Alíssio Montenegro; “O conto do baratão”, de M. Mayona; “Os sofrimentos do jovem WWW”, de Wertheim-Meigs; “Pensão familiar”, de TroppoBenne; “Porque lutamos”, de Vitor Scaglia; e “Rito da rosa”, de Francisco Pilares.
De acordo com o reitor da FUMEC, professor Antonio Tomé Loures, o Prêmio é uma forma de estimular a criação e o talento de jovens que têm afinidade com a literatura. "A universidade tem um papel muito importante no desenvolvimento da imaginação dos jovens. Temos que motivá-los a investir na escrita a partir de iniciativas como essa. A arte, em especial a literatura, engrandece o ser humano", destaca Tomé Loures. “A publicação dos textos em forma de livro torna-os acessíveis a outros estudantes, a outros leitores”, completa. A instituição de ensino distribuirá centenas de exemplares entre bibliotecas e escolas públicas.
"Comentario meu :
vem coisa por aí...
Aguardem."