Dia 27 de junho faz 104 anos do nascimento de João Guimarães Rosa. Abaixo o relato de uma testemunha que presenciou o fato(o nascimento) e parte da vida de JGR
O fio do SeuFulô, lá do Códesburgo...
“ Meus amigo, ocêis num se alembra, pruquê
ocêis tudo é mucho novo...
Mai foi num dia 27 de juin de mili-novicenz-e-ôto,
dia de sábo, um sábo carqué,
pregunta o povo intero, sábo de arraiár, fuguete
e buscapé...
Dia de forgá da lida, da peleja do trabaiadô...
Mai num pensava assim o meu Cumpadre, o SeuFulô...
Pra ele, era inspeciár o dia.
Dia
de cruzá os dêdo, daquêis de fazê vigia...
Lá
de dento da mudesta moradia, vinha uns grito arto... Eita!! Arguém gemia...
Chiquitinha,
sua muié, cumpanhêra de luta e fé, num insforço aderradêro,
(tá certo, foi num berrêro), mas sem ajuda deinfermêra,
pariu com dor, de vezada,
depositando
a barrigada, nos braço da fiér Partêra, (que chegô lá na sextafêra...
Deus-do-Céu, que trabaiêra!).
Té
quinfim, pensô SeuFulô. Dos seus fio, o premero.
Na
cama o risurtado inda chorava, quando o Fulô em repentino, adentrou os quarto,
em pranto: mai deu sunriso largo, ao vê quiera menino:
-Vai se achamá João, cumpretô de supetão, assustando as cumadre que tava ali assistino a parição. E deu pro resurvido o pobrema.
...e
de noite, lá no bar do Zé Muchiba, sem ligá pros das intriga, nem pros sordado
da guarnição, bebeu tudo e gritou arto, pra alertar os forte ou fraco, que
pudéss aparincê na região:
-É Fio-home, é cabra-macho, saco-rôcho e pirocão...
-É Fio-home, é cabra-macho, saco-rôcho e pirocão...
E fez questão de dá pros santo, moiada da mió cachaça comprada nas banda do riberão:
-Quié pra assegurar distino, falô e
tomô o resto da branca de arrancada...
Forte e branquélo era o rebento. Dozóio craro, risadatôa...
Pesar dum pôco resmunguento, mamou logo nos petcho. Vida danada da boa.
E porpôco já corria, já brincava, gritava de
dexá surdo, no
quintár ou casa adento, alegrando as vizinhança, na piquena Códesburgo.
Lá
cresceu e sinstudô, até que da famia siapartô, e siamudô pra capitár, (pra ser dôtô, uai!!). E da vida levô
sorte. O moço arto e forte, siacasô, virô dôtô (do mió porte), e escrivinhador das
istóra do sertão.
Mai isso eu conto adispôs...
Mai isso eu conto adispôs...
Tutaméia, sô ! Chega de proseá. Tô no atraso. Eu e um cumpadre temo que carreá uns boi, e ele deva tá mesperando... Cês num viu puraí o Cumpadre Manerzão?
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