Um dia, me
recordo
Era mocinho,
E ela, a mais
bela mocinha...
Eu e meus 14 anos
Eu e meus 14 anos
Ela 12, quase 13,
Minhas férias de verão,
Minhas férias de verão,
Em Itaúna, um dia lindo...
Nosso encontro,
já marcado
Às 6 da tarde
de um domingo,
É lá na praça da Matriz.
Lá tem cinema, e
num cinema, como sempre, um filme passa...
Do filme mesmo, lembro
pouco
Ou quase nada...
Mas trago ainda bem marcada
Mas trago ainda bem marcada
A lembrança do suor
das suas
mãos, quando a vontade foi maior que a timidez, e a minha mão pousou na dela, sobre
o braço da cadeira, num arroubo sem igual, jamais ousado...
Mas carregado de perene
tremedeira,
Foi minha primeira
vez...
Senti meu coração quase explodir...
Olhei pra tela, não vi nada...
Assim ficamos, sem
mexer, mão
com a mão dada...
Um filme inteiro,
a se exibir, e um outro filme, por passar, dentro de nós...
E enquanto à
frente, o filme em tela prosseguia,
Cada minuto, as sensações...
tudo tremia,
O peito, as mãos, e os
corações acelerados, festejavam a companhia que o encontro no
cinema permitia, a vez, o dia de estar ali tão juntos, do “ficar, enfim, à sós”...
O puro amor, que ali
nascia, em mãos suadas
Me faz hoje pressupor
Que em algum
lugar o imaginário tem guardadas
Nossas primeiras
gotas-gêmeas de suor...
E ao sairmos,
Quando a noite acontecia,
Ninguém viu, mal
percebia,
Que um novo amor lá se
arriscava,
Pisando em nuvens - a
lua ao lado,
A iluminar, qual fantasia...
De mãos atadas,
tão coladas e tão frias,
A namorada e o namorado,
Davam seu
primeiros passos,
Todos versos em
compassos
Das mais lindas
poesias...
E foi ali, entre os
canteiros do jardim,
Que me voltei e
olhei pra ela,
E vi nos olhos lindos
dela,
Minha imagem refletida,
Como o filme lá da
tela...
Mas, vi também,
Que olhar azul dos
olhos dela
Assistiam, através
dos olhos meus,
Outro filme, como
se fosse outra tela,
Com a imagem que
Meu coração fez dela em mim...
Meu coração fez dela em mim...
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