Alma acuada
Lá
fora
A
uivante ventania
Levava
pra longe
As
dolentes folhas
Caídas
naquela tarde cinzenta e fria,
Escondida
dos raios de sol,
Desviados,
encobertos...
Tarde
escura...
Ímpetos
de fazer loucuras, me cercam...
Tu,
olhos fixos, medrosos,
Mãos
atrevidas prospectam,
Tateiam, buscam juras, promessas.
Procuras o passado em meu corpo,
Inerte, perplexo, apático,
Procuras o passado em meu corpo,
Inerte, perplexo, apático,
Ou
o que dele possa ter sobrado,
Após um final cruel, enfático...
Após um final cruel, enfático...
Fraquejo...
Jurei
deixar-te, para sempre
E
agora me vejo mergulhar em teu colo,
De novo, lamber teu suor,
De novo, lamber teu suor,
Cheirar
o teu cheiro,
Buscar teu amor, por inteiro...
Buscar teu amor, por inteiro...
Esmolo...
Me dou sem pensar,
Me anseio, me intumo, me enteso,
Exposto
em vivo-ardor...
Me
esfolo..
Como
mórbida sinfonia,
Tudo
soa...
Quem
és tu,
Quem
sou eu,
O que faço em meu vôo solo?
O que faço em meu vôo solo?
Me calo...
Meu
rosto traz teus cabelos, revoltos....
Tua voz, em meus ouvidos, ressoa.
Pouco a pouco, ensurdeço
Tua voz, em meus ouvidos, ressoa.
Pouco a pouco, ensurdeço
Envolto
em doces afagos...
Desfaleço...
Me
afasto, etéreo, me solto...
Me
escuto dizendo sem nexo:
“Minha
culpa, perdoa, eu não presto... ”
Como
se toda minh’alma, em arresto,
Aflorasse aos lábios cortados, intensos,
Aflorasse aos lábios cortados, intensos,
Pálidos
e apensos...
E
sábios...
Ouso
trocar
O
olhar manso dos prados,
Regado
ao orvalho caído dos céus,
Pela
ardência eflúvia de abismos,
Densos,
saturados
De
melodias de Iaras e Orfeus.
Falta chão, tudo some.
Tua
boca em minha boca...
Louco.
Teus seios aconchegados, entesam,
Tuas mãos, mágicas, me elevam...
Teus seios aconchegados, entesam,
Tuas mãos, mágicas, me elevam...
Sufôco
!
Tuas
coxas, trágicas, me encaixam.
Morro !
...uma
lágrima à noite e...
Desperto,
insone.
Rola
gota de pura mágoa
Que
traz o teu nome.
Ó
flagelo! Ó açoite!
Ó
insana dúvida!
Que se
instala e consome...
E
como a ira,
É pérfida, purga, eriça,
É pérfida, purga, eriça,
Apronta o bote...
Então tu, a dormir... choraste !
E
havia em teu lamento
A
tristeza tíbia do vento,
Que
varre as folhas em minhas tardes.
Ó
Melancolia eterna...
Tu
que habita e hiberna,
Se
esconde da luz que brilha
Deste
sol
Que
insiste, e nasce,
Queima
o peito
Inflado
por ações soberbas...
Covarde ! Covarde!
Assaltam à mente, as falácias...
Escurece...
A tarde,
Se faz chama,
Que
inflama, arde
Derrete
gestos, impostos, aceitos,
Impróprios
conceitos, confesso...
Mas...
Faz
brotar em mim,
Um
grito, um clamor, afinal
Um
sopro de vida,
Resumido a tênue poesia :
“Ai de ti
Ó
alma acuada,
Não
percebes quão maior é
A
ânsia de quem perdeu um amor ?.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário aguardará o moderador para ser publicado.