Cupido nas paradas
Quando escreveu uma música para ajudar um amigo a conquistar uma garota da faculdade, Marcelo Camelo, vocalista da banda carioca Los Hermanos, não tinha idéia de que o nome da menina estaria, algum tempo depois, na boca do país inteiro. Como numa comédia romântica, Alex Werner (o amigo tímido e produtor da banda) e Anna Júlia Werneck (a garota insensível) se encontraram e se desencontraram por mais de um ano. Enquanto isso, a balada ingênua levou o CD de estréia do Los Hermanos a alcançar o disco de platina.
"É uma canção sobre o amor de quem contempla, o amor do observador", explica Camelo. O sucesso da música pegou a banda de surpresa -a princípio, ela não seria gravada. A homenagem também surpreendeu Anna Júlia. Aos 21 anos, a estudante de Jornalismo diz que é uma garota comum, como tantas: "Não sou uma unanimidade".
Anna Júlia "Conheci o Alex na faculdade. Ele fazia Direito e eu, Jornalismo. Achei ele gatinho e fui conversar, mas a gente acabou não ficando porque ele era tímido. Eu tentava conversar e ele ficava nervoso. Foi passando o tempo e, de vez em quando, ele mandava recados pelos meus amigos. Eu nunca tinha falado com ele direito, então a gente se cruzava na faculdade e não parava para conversar. Era uma situação chata.
No final de 98, eu fui para a Europa de férias. No dia da viagem, ele apareceu na minha casa e me levou uma flor. Achei muito bonitinho. Mas ele chegou quatro horas antes de eu ir para o aeroporto e eu ainda não tinha feito as malas... Foi nessa época que um amigo me disse que os garotos da banda tinham feito uma música para mim. Pensei que ia ser algo me xingando, do tipo 'Ô, garota, se toca! Deixa de ser besta e fala com meu amigo!'.
Começaram as aulas e encontrei o Alex com o Barba [baterista do Los Hermanos] numa festinha. Barba me convidou para o show seguinte da banda. Eu disse que não dava, já sabendo que iria. No meio do show, escuto o Marcelo falando: 'Anna Júlia, esta música é para você!'. O lugar estava muito cheio e a acústica não era boa, entendi muito pouco da letra. Eu ouvia 'Anna Júlia, Anna Júlia' e ria nervosa. Pelo menos fiquei sabendo que não estavam me esculachando.
Quando o show acabou, fui agradecer, mas não falei mais do que isso com o Alex. Nunca conseguimos conversar direito. Sempre acontecia alguma coisa para atrapalhar. Até o dia em que ele me ligou, dizendo que queria me ver. Foi em casa, supernervoso. Finalmente, acabamos ficando. Foi a única vez.
A gravadora escolheu 'Anna Júlia' como música de trabalho do disco. Eles me perguntaram se eu via algum problema. Achei legal. Mas achava que podia dar azar, pois meu nome é estranho. Não conheço muitas Annas Júlias. Era o nome de uma amiga da minha mãe, que é Anna Lia.
Um dia, o Alex me trouxe o single na faculdade. Você não tem noção do tamanho do negócio até ver seu nome na capa do disco. Em casa, quando pus para tocar, a voz do Marcelo era tão doce que comecei a chorar. Acho que a letra tem bastante o lado do Alex, fala mais do que ele via em mim. Na primeira vez em que ouvi a música no rádio, a locutora disse: 'Anna Júlia, o que você fez?'. E eu pensando: 'Nossa! Esta sou eu!'."
Anna Júlia
Quem te vê passar assim por mim/
Não sabe o que é sofrer/ Ter que ver você assim/ Sempre tão linda/ Contemplar o sol do teu olhar/ Perder você no ar/ Na certeza do amor/
Me achar um nada/ Pois sem ter teu carinho/
Eu me sinto sozinho/ Eu me afogo em solidão/ Oh Anna Júlia!
Marcelo Camelo
Assista aqui :
http://www.youtube.com/watch?v=-PArDXQX-4M&feature=related
Ou em ingles com Jim Capaldi :
http://www.youtube.com/watch?v=vIsdUa9uN40&feature=related
“Nos demais, todo mundo sabe, o coração tem moradia certa, fica bem aqui no meio do peito, mas comigo a anatomia ficou louca, sou todo coração”. Maiakovski, 1923
domingo, 19 de junho de 2011
YOLANDA de Pablo Milanés
Uma declaração de amor
O compositor cubano Pablo Milanés precisou se ausentar de Havana logo depois do nascimento da primeira filha, Linn. Comovido com a paternidade e apaixonado pela mulher, Yolanda Benet, ele voltou para casa com a letra e a melodia de uma explícita declaração de amor na bagagem. Era "Yolanda", um dos maiores sucessos de sua carreira.
Eles tiveram três filhas, em um casamento que durou cinco anos. A canção teve vida longa. Desde 1970, a música ganhou interpretações em vários países. No Brasil, a versão é de Chico Buarque e foi gravada primeiro por Simone no disco "Desejos", de 1984. "Já regravei 'Iolanda' seis vezes e não posso deixar de cantar nos meus shows. Acho que todo mundo gostaria de ser ela ou ouvir de alguém o que diz a música", afirma Simone.
É com orgulho que Yolanda, hoje uma alegre e falante avó de quatro netos, se lembra daquele tempo. Separada pela segunda vez, mora em Havana e escreve um romance baseado nos conflitos entre um cubano que ficou na ilha e outro que emigrou para os Estados Unidos.
Yolanda Benet "Conheci Pablo na casa de um amigo comum, em Havana. Eu tinha 23 anos e era continuísta de cinema. Casualmente, três dias depois começamos a trabalhar juntos em um filme e nos apaixonamos. Pablo compôs 'Yolanda' quando nossa primeira filha tinha dez dias. Ficou chateado por ter de viajar. Quando regressou, trouxe a canção. Eu estava com Linn nos braços, dando-lhe o peito, e ele me disse: 'Olha o que fiz para você'. Pegou o violão e cantou 'Yolanda'. É uma sensação inesquecível. Não posso traduzir a emoção que até hoje sinto quando me recordo dessas coisas. Nunca houve momento mais importante em minha vida. Ali estava resumido tudo o que ele sentia, todo o amor que sentíamos um pelo outro. Foi muito emocionante.
Pensei que aquela canção era algo íntimo, que só eu poderia compreender o que Pablo estava dizendo. Mas parece que ele fez com tanto amor que todos são capazes de entender. É uma música que se canta no mundo inteiro. Ele já quis tirá-la do repertório e nunca conseguiu. É impressionante como as coisas do coração transcendem. Ao mesmo tempo, sinto que cada pedacinho da letra é um pedacinho do que vivemos. A letra é algo muito pessoal para mim, falar sobre ela é como falar de minha intimidade, até me incomoda.
Nunca deixei de ser amiga de Pablo. Entre nós nunca existiram rancores. Duas de nossas filhas são cantoras. Há pouco tempo cantaram a canção em um show com o pai, em duas vozes. Me acabei em lágrimas. Sempre me emociono com a música, sobretudo quando a cantam bem. Gosto da versão brasileira, de como Simone e Chico Buarque cantam. Vi Chico uma vez na casa de Pablo, mas não tive o prazer de conversar com ele. Fomos apresentados também em um hotel, em Varadero, mas ele não deve se lembrar. Estávamos em um grupo e pedi que não dissessem que eu era a Yolanda da música. Não gosto de usar isso como um título. Não sei explicar o sucesso de 'Yolanda', não me considero uma mulher especial. Sou uma pessoa comum."
Iolanda
Esta canção é mais que mais uma canção/
Quem dera fosse uma declaração de amor/ Romântica, sem perder a justa forma/
Do que me vem de forma assim tão caudalosa (...)/ Iolanda, Iolanda, eternamente Iolanda...
Pablo Milanés, versão de Chico Buarque
Assista aqui a original com Pablo e Chico:
http://www.youtube.com/watch?v=aNzL2KEgPlI
O compositor cubano Pablo Milanés precisou se ausentar de Havana logo depois do nascimento da primeira filha, Linn. Comovido com a paternidade e apaixonado pela mulher, Yolanda Benet, ele voltou para casa com a letra e a melodia de uma explícita declaração de amor na bagagem. Era "Yolanda", um dos maiores sucessos de sua carreira.
Eles tiveram três filhas, em um casamento que durou cinco anos. A canção teve vida longa. Desde 1970, a música ganhou interpretações em vários países. No Brasil, a versão é de Chico Buarque e foi gravada primeiro por Simone no disco "Desejos", de 1984. "Já regravei 'Iolanda' seis vezes e não posso deixar de cantar nos meus shows. Acho que todo mundo gostaria de ser ela ou ouvir de alguém o que diz a música", afirma Simone.
É com orgulho que Yolanda, hoje uma alegre e falante avó de quatro netos, se lembra daquele tempo. Separada pela segunda vez, mora em Havana e escreve um romance baseado nos conflitos entre um cubano que ficou na ilha e outro que emigrou para os Estados Unidos.
Yolanda Benet "Conheci Pablo na casa de um amigo comum, em Havana. Eu tinha 23 anos e era continuísta de cinema. Casualmente, três dias depois começamos a trabalhar juntos em um filme e nos apaixonamos. Pablo compôs 'Yolanda' quando nossa primeira filha tinha dez dias. Ficou chateado por ter de viajar. Quando regressou, trouxe a canção. Eu estava com Linn nos braços, dando-lhe o peito, e ele me disse: 'Olha o que fiz para você'. Pegou o violão e cantou 'Yolanda'. É uma sensação inesquecível. Não posso traduzir a emoção que até hoje sinto quando me recordo dessas coisas. Nunca houve momento mais importante em minha vida. Ali estava resumido tudo o que ele sentia, todo o amor que sentíamos um pelo outro. Foi muito emocionante.
Pensei que aquela canção era algo íntimo, que só eu poderia compreender o que Pablo estava dizendo. Mas parece que ele fez com tanto amor que todos são capazes de entender. É uma música que se canta no mundo inteiro. Ele já quis tirá-la do repertório e nunca conseguiu. É impressionante como as coisas do coração transcendem. Ao mesmo tempo, sinto que cada pedacinho da letra é um pedacinho do que vivemos. A letra é algo muito pessoal para mim, falar sobre ela é como falar de minha intimidade, até me incomoda.
Nunca deixei de ser amiga de Pablo. Entre nós nunca existiram rancores. Duas de nossas filhas são cantoras. Há pouco tempo cantaram a canção em um show com o pai, em duas vozes. Me acabei em lágrimas. Sempre me emociono com a música, sobretudo quando a cantam bem. Gosto da versão brasileira, de como Simone e Chico Buarque cantam. Vi Chico uma vez na casa de Pablo, mas não tive o prazer de conversar com ele. Fomos apresentados também em um hotel, em Varadero, mas ele não deve se lembrar. Estávamos em um grupo e pedi que não dissessem que eu era a Yolanda da música. Não gosto de usar isso como um título. Não sei explicar o sucesso de 'Yolanda', não me considero uma mulher especial. Sou uma pessoa comum."
Iolanda
Esta canção é mais que mais uma canção/
Quem dera fosse uma declaração de amor/ Romântica, sem perder a justa forma/
Do que me vem de forma assim tão caudalosa (...)/ Iolanda, Iolanda, eternamente Iolanda...
Pablo Milanés, versão de Chico Buarque
Assista aqui a original com Pablo e Chico:
http://www.youtube.com/watch?v=aNzL2KEgPlI
LYGIA de Tom e Chico...
O quase romance
Os olhos verdes da carioca Lygia Marina de Moraes são morenos na letra de "Lígia". Um disfarce da identidade da musa e da atração de Tom Jobim por ela. Tom e Lygia, professora de pré-primário de uma das filhas do compositor, se conheceram em 1968, no bar Veloso, em Ipanema. Nunca houve nada entre os dois, mas aquele encontro daria origem ao samba-canção gravado por Chico Buarque no LP "Sinal Fechado", em 1974. "O Tom vivia de olho nela", diz o jornalista Ruy Castro, que registrou o episódio no livro "Ela é Carioca" (Cia. das Letras).
Por muitos anos Tom negou que Lygia fosse sua musa, em respeito ao amigo Fernando Sabino, marido dela na época. Só em 1994, quando o casal se separou, ele admitiu a inspiração aos amigos. Hoje, aos 54 anos, Lygia mora sozinha e dirige o departamento cultural da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro. Ela recorda com orgulho os detalhes de seu caso jamais consumado com Tom Jobim.
Lygia Marina de Moraes "Conheci o Tom em uma tarde chuvosa. O bar Veloso estava vazio, era junho e fazia frio. Eu e uma amiga, Cecília, nos sentamos na varanda e vimos o Tom conversando com Paulo Góes [fotógrafo]. Os dois acabaram se sentando na nossa mesa. Quando contei ao Tom que era professora da sua filha Beth, ele teve um ataque de riso e disse: 'É a primeira vez que paquera vira reunião de pais e mestres!'. E eu babando: imagine, em 68, Tom era um dos homens mais lindos do Brasil.
Ele tinha que dar uma entrevista a Clarice Lispector para a 'Manchete', e convidou a mim e a Cecília para ir com ele. Fomos no fusquinha azul-claro do Tom. Eu usava uma saia de lã e um suéter de cashmere. Ao abrir a porta, Clarice fez cara de mau humor. Tom, abraçado comigo e com Cecília, disse: 'Trouxe minhas amigas'. Ela ficou mais furiosa quando pediu a Tom que fizesse um poema para ela, como Vinícius [de Moraes] teria feito em entrevista anterior, e ele disse: 'Não sou poeta, se tivesse um violão...'.
Mas aí pegou um bloco de papel-jornal e escreveu um poema para mim, que guardo até hoje: 'Teus olhos verdes são maiores que o mar/ Se um dia eu fosse tão forte quanto você/ Eu te desprezaria e viveria no espaço/ Ou talvez então eu te amasse/ Ai que saudades me dá/ Da vida que eu nunca tive', e assinou: A.C.J.
Saindo de lá, Tom me levou em casa. Nos despedimos no carro, com um beijinho no rosto. Fiquei nervosíssima, mas parou ali. Tom era casado... Aquela carona foi nosso único encontro a sós. A música fala de tudo o que não aconteceu: o cinema, o passeio na praia... Depois nos encontramos muitas vezes, mas sempre em grupo. Logo me casei com o cineasta Fernando Amaral e entrei para a turma. Vivi o auge de Ipanema.
Após quatro anos de casada e um filho, me separei. Depois me casei com o escritor Fernando Sabino. Em 1973, acho que Tom não sabia que eu estava casada com ele, e ligou para o Fernando pedindo meu telefone. Meu marido fez uma sacanagem: deu um número errado. Em seguida, ligou para o telefone que tinha dado e avisou: 'O Tom Jobim vai ligar aí procurando uma Lígia, mas o telefone é tal', e deu outro número errado. Os amigos ficaram sabendo dessa história, inclusive o Tom. Talvez daí tenha surgido a frase na música que fala do telefonema que foi engano.
Estava sozinha em casa quando ouvi no rádio o Chico cantando 'Lígia', pela primeira vez. Fui correndo comprar o disco. Na hora, me vi na letra. Ser homenageada já é maravilhoso, ainda mais pelo Tom, com uma música linda e sofisticada... É uma glória. Claro que a música rendeu comentários e Fernando ficou uma fera. Durante os 19 anos em que fui casada, Tom evitou o tema. Estivemos juntos em vários lugares, tipo réveillon na casa de Jorge Amado, eu com Fernando e Tom com Ana, sua segunda mulher. Mas ninguém falava nisso.
Um dia, Tom me encontrou por acaso na Cobal [sacolão e ponto de encontro] e falou: 'Está chegando minha musa!'. Foi a primeira vez que admitiu para mim. Até hoje, em cada boteco que entro tocam 'Lígia'. Faz parte do meu show. Fiquei imortal. Tenho quase todas as gravações de 'Lígia'. Existe até uma versão do João Gilberto em que, ao contrário da oficial, o romance acontece e Tom até se casa comigo. As pessoas me cobram o fato de nunca ter acontecido nada entre a gente. Mas será que não foi melhor ter ficado essa fantasia? Talvez tivesse de ser essa a história: eu virar musa, entrar em um restaurante e me lembrar do Tom, cheio de charme."
Lígia
Eu nunca sonhei com você/ Nunca fui ao cinema/
Não gosto de samba/ Não vou a Ipanema/
Não gosto de chuva/ Não gosto de sol/
E quando eu lhe telefonei/ Desliguei/
Foi engano/ O seu nome eu não sei/
Esqueci no piano/ As bobagens de amor/
Que eu iria dizer/ Não, Lígia, Lígia...
Tom Jobim
Assista aqui :
http://www.youtube.com/watch?v=8TaMELDSkaM&feature=related
Os olhos verdes da carioca Lygia Marina de Moraes são morenos na letra de "Lígia". Um disfarce da identidade da musa e da atração de Tom Jobim por ela. Tom e Lygia, professora de pré-primário de uma das filhas do compositor, se conheceram em 1968, no bar Veloso, em Ipanema. Nunca houve nada entre os dois, mas aquele encontro daria origem ao samba-canção gravado por Chico Buarque no LP "Sinal Fechado", em 1974. "O Tom vivia de olho nela", diz o jornalista Ruy Castro, que registrou o episódio no livro "Ela é Carioca" (Cia. das Letras).
Por muitos anos Tom negou que Lygia fosse sua musa, em respeito ao amigo Fernando Sabino, marido dela na época. Só em 1994, quando o casal se separou, ele admitiu a inspiração aos amigos. Hoje, aos 54 anos, Lygia mora sozinha e dirige o departamento cultural da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro. Ela recorda com orgulho os detalhes de seu caso jamais consumado com Tom Jobim.
Lygia Marina de Moraes "Conheci o Tom em uma tarde chuvosa. O bar Veloso estava vazio, era junho e fazia frio. Eu e uma amiga, Cecília, nos sentamos na varanda e vimos o Tom conversando com Paulo Góes [fotógrafo]. Os dois acabaram se sentando na nossa mesa. Quando contei ao Tom que era professora da sua filha Beth, ele teve um ataque de riso e disse: 'É a primeira vez que paquera vira reunião de pais e mestres!'. E eu babando: imagine, em 68, Tom era um dos homens mais lindos do Brasil.
Ele tinha que dar uma entrevista a Clarice Lispector para a 'Manchete', e convidou a mim e a Cecília para ir com ele. Fomos no fusquinha azul-claro do Tom. Eu usava uma saia de lã e um suéter de cashmere. Ao abrir a porta, Clarice fez cara de mau humor. Tom, abraçado comigo e com Cecília, disse: 'Trouxe minhas amigas'. Ela ficou mais furiosa quando pediu a Tom que fizesse um poema para ela, como Vinícius [de Moraes] teria feito em entrevista anterior, e ele disse: 'Não sou poeta, se tivesse um violão...'.
Mas aí pegou um bloco de papel-jornal e escreveu um poema para mim, que guardo até hoje: 'Teus olhos verdes são maiores que o mar/ Se um dia eu fosse tão forte quanto você/ Eu te desprezaria e viveria no espaço/ Ou talvez então eu te amasse/ Ai que saudades me dá/ Da vida que eu nunca tive', e assinou: A.C.J.
Saindo de lá, Tom me levou em casa. Nos despedimos no carro, com um beijinho no rosto. Fiquei nervosíssima, mas parou ali. Tom era casado... Aquela carona foi nosso único encontro a sós. A música fala de tudo o que não aconteceu: o cinema, o passeio na praia... Depois nos encontramos muitas vezes, mas sempre em grupo. Logo me casei com o cineasta Fernando Amaral e entrei para a turma. Vivi o auge de Ipanema.
Após quatro anos de casada e um filho, me separei. Depois me casei com o escritor Fernando Sabino. Em 1973, acho que Tom não sabia que eu estava casada com ele, e ligou para o Fernando pedindo meu telefone. Meu marido fez uma sacanagem: deu um número errado. Em seguida, ligou para o telefone que tinha dado e avisou: 'O Tom Jobim vai ligar aí procurando uma Lígia, mas o telefone é tal', e deu outro número errado. Os amigos ficaram sabendo dessa história, inclusive o Tom. Talvez daí tenha surgido a frase na música que fala do telefonema que foi engano.
Estava sozinha em casa quando ouvi no rádio o Chico cantando 'Lígia', pela primeira vez. Fui correndo comprar o disco. Na hora, me vi na letra. Ser homenageada já é maravilhoso, ainda mais pelo Tom, com uma música linda e sofisticada... É uma glória. Claro que a música rendeu comentários e Fernando ficou uma fera. Durante os 19 anos em que fui casada, Tom evitou o tema. Estivemos juntos em vários lugares, tipo réveillon na casa de Jorge Amado, eu com Fernando e Tom com Ana, sua segunda mulher. Mas ninguém falava nisso.
Um dia, Tom me encontrou por acaso na Cobal [sacolão e ponto de encontro] e falou: 'Está chegando minha musa!'. Foi a primeira vez que admitiu para mim. Até hoje, em cada boteco que entro tocam 'Lígia'. Faz parte do meu show. Fiquei imortal. Tenho quase todas as gravações de 'Lígia'. Existe até uma versão do João Gilberto em que, ao contrário da oficial, o romance acontece e Tom até se casa comigo. As pessoas me cobram o fato de nunca ter acontecido nada entre a gente. Mas será que não foi melhor ter ficado essa fantasia? Talvez tivesse de ser essa a história: eu virar musa, entrar em um restaurante e me lembrar do Tom, cheio de charme."
Lígia
Eu nunca sonhei com você/ Nunca fui ao cinema/
Não gosto de samba/ Não vou a Ipanema/
Não gosto de chuva/ Não gosto de sol/
E quando eu lhe telefonei/ Desliguei/
Foi engano/ O seu nome eu não sei/
Esqueci no piano/ As bobagens de amor/
Que eu iria dizer/ Não, Lígia, Lígia...
Tom Jobim
Assista aqui :

DRÃO de Gilberto Gil - Sempre quis saber o que significava ...
A melodia da separação
O apelido foi dado por Maria Bethânia. Drão vem do aumentativo de Sandra, a terceira mulher de Gilberto Gil. Ao virar título de um dos maiores sucessos do compositor, o apelido incomum sempre foi confundido com a palavra "grão". Sandra Gadelha desfaz o mal-entendido e se assume como inspiração dos versos densos, compostos em 1981, em plena separação do casal. Gil diz que foi bem difícil escrever a letra, uma poesia profunda e sutil do amor e do desamor. "Como é que eu vou passar tanta coisa numa canção só?", questiona-se Gil no livro "Gilberto Gil-Todas as Letras" (Cia. das Letras).
Os dois foram casados por 17 anos e tiveram três filhos: Pedro, Maria e Preta. Hoje, aos 53 anos, Sandra mora sozinha no Rio, sonha em montar uma pousada e se lembra com carinho da canção que marcou o fim de seu casamento. Por uma feliz coincidência, Sandra costuma ouvir sempre a "sua" música no rádio do carro. Uma emissora carioca parece estar programada para tocá-la todos os dias, às 11h. A ouvinte especial está sempre sintonizada.
Sandra Gadelha "Desde meus 14 anos, todo mundo em Salvador me chamava de Drão. Fui criada com Gal [Costa], morávamos na mesma rua. Sou irmã de Dedé, primeira mulher de Caetano. Nossa rua era o ponto de encontro da turma da Tropicália. Fui ao primeiro casamento de Gil. Depois conheci Nana Caymmi, sua segunda mulher. Nosso amor nasceu dessa amizade. Quando ele se separou de Nana, nos encontramos em um aniversário de Caetano, em São Paulo, e ele me pediu textualmente: 'Quer me namorar?'. Já tinha pedido outras vezes, mas eu levava na brincadeira. Dessa vez aceitei.
Engraçado que Gil mesmo não me chamava de Drão. Antes havia feito a música 'Sandra'. Já 'Drão' marcou mais. Estávamos separados havia poucos dias quando ele fez a canção. Ele tinha saído de casa, eu fiquei com as crianças. Um dia passou lá e me mostrou a letra. Achei belíssima. Mas era uma fase tumultuada, não prestei muita atenção. No dia seguinte ele voltou com o violão e cantou. Foi um momento de muita emoção para os dois.
Nos separamos de comum acordo. O amor tinha de ser transformado em outra coisa. E a música fala exatamente dessa mudança, de um tipo de amor que vive, morre e renasce de outra maneira. Nosso amor nunca morreu, até hoje somos muito amigos. Com o passar do tempo a música foi me emocionando mais, fui refletindo sobre a letra. A poesia é um deslumbre, está ali nossa história, a cama de tatame, que adorávamos. No começo do casamento moramos um tempo com Dedé e Caetano, em Salvador, e dormíamos em tatame. Durante o exílio, em Londres, tivemos de dormir em cama normal. Mas, no Brasil, só tirei o tatame quando engravidei da Preta e o médico me proibiu, pela dificuldade em me levantar.
A primeira vez em que ouvi 'Drão' depois que Pedro, nosso filho, morreu [num acidente de carro em 1990, aos 19 anos] foi quando me emocionei mais. Com a morte dele a música passou a me tocar profundamente, acho que por causa da parte: 'Os meninos são todos sãos'. Mas é uma música que ficou sendo de todos, mexe com todo mundo. Soube que a Preta, nossa filha, chora muito quando ouve 'Drão'. Eu não sabia disso, e percebi que a separação deve ter sido marcante para meus filhos também. As pessoas me dizem que é a melhor música do Gil. Djavan gravou, Caetano também. Fui ao show de Caetano e ele não conseguia cantar essa música porque se emocionava: de repente, todo mundo começou a chorar e a olhar para mim, me emocionei também. E, engraçado, Caetano é o único dos nossos amigos que me chama de Drinha."
Drão
Drão/ O amor da gente é como um grão/
Uma semente de ilusão/
Tem que morrer pra germinar (...)/
Quem poderá fazer/
Aquele amor morrer!/ Nossa caminha dura/
Cama de tatame/ Pela vida afora...
Gilberto Gil
Assista aqui :
http://www.youtube.com/watch?v=ONrfUkBEN6I&feature=related
O apelido foi dado por Maria Bethânia. Drão vem do aumentativo de Sandra, a terceira mulher de Gilberto Gil. Ao virar título de um dos maiores sucessos do compositor, o apelido incomum sempre foi confundido com a palavra "grão". Sandra Gadelha desfaz o mal-entendido e se assume como inspiração dos versos densos, compostos em 1981, em plena separação do casal. Gil diz que foi bem difícil escrever a letra, uma poesia profunda e sutil do amor e do desamor. "Como é que eu vou passar tanta coisa numa canção só?", questiona-se Gil no livro "Gilberto Gil-Todas as Letras" (Cia. das Letras).
Os dois foram casados por 17 anos e tiveram três filhos: Pedro, Maria e Preta. Hoje, aos 53 anos, Sandra mora sozinha no Rio, sonha em montar uma pousada e se lembra com carinho da canção que marcou o fim de seu casamento. Por uma feliz coincidência, Sandra costuma ouvir sempre a "sua" música no rádio do carro. Uma emissora carioca parece estar programada para tocá-la todos os dias, às 11h. A ouvinte especial está sempre sintonizada.
Sandra Gadelha "Desde meus 14 anos, todo mundo em Salvador me chamava de Drão. Fui criada com Gal [Costa], morávamos na mesma rua. Sou irmã de Dedé, primeira mulher de Caetano. Nossa rua era o ponto de encontro da turma da Tropicália. Fui ao primeiro casamento de Gil. Depois conheci Nana Caymmi, sua segunda mulher. Nosso amor nasceu dessa amizade. Quando ele se separou de Nana, nos encontramos em um aniversário de Caetano, em São Paulo, e ele me pediu textualmente: 'Quer me namorar?'. Já tinha pedido outras vezes, mas eu levava na brincadeira. Dessa vez aceitei.
Engraçado que Gil mesmo não me chamava de Drão. Antes havia feito a música 'Sandra'. Já 'Drão' marcou mais. Estávamos separados havia poucos dias quando ele fez a canção. Ele tinha saído de casa, eu fiquei com as crianças. Um dia passou lá e me mostrou a letra. Achei belíssima. Mas era uma fase tumultuada, não prestei muita atenção. No dia seguinte ele voltou com o violão e cantou. Foi um momento de muita emoção para os dois.
Nos separamos de comum acordo. O amor tinha de ser transformado em outra coisa. E a música fala exatamente dessa mudança, de um tipo de amor que vive, morre e renasce de outra maneira. Nosso amor nunca morreu, até hoje somos muito amigos. Com o passar do tempo a música foi me emocionando mais, fui refletindo sobre a letra. A poesia é um deslumbre, está ali nossa história, a cama de tatame, que adorávamos. No começo do casamento moramos um tempo com Dedé e Caetano, em Salvador, e dormíamos em tatame. Durante o exílio, em Londres, tivemos de dormir em cama normal. Mas, no Brasil, só tirei o tatame quando engravidei da Preta e o médico me proibiu, pela dificuldade em me levantar.
A primeira vez em que ouvi 'Drão' depois que Pedro, nosso filho, morreu [num acidente de carro em 1990, aos 19 anos] foi quando me emocionei mais. Com a morte dele a música passou a me tocar profundamente, acho que por causa da parte: 'Os meninos são todos sãos'. Mas é uma música que ficou sendo de todos, mexe com todo mundo. Soube que a Preta, nossa filha, chora muito quando ouve 'Drão'. Eu não sabia disso, e percebi que a separação deve ter sido marcante para meus filhos também. As pessoas me dizem que é a melhor música do Gil. Djavan gravou, Caetano também. Fui ao show de Caetano e ele não conseguia cantar essa música porque se emocionava: de repente, todo mundo começou a chorar e a olhar para mim, me emocionei também. E, engraçado, Caetano é o único dos nossos amigos que me chama de Drinha."
Drão
Drão/ O amor da gente é como um grão/
Uma semente de ilusão/
Tem que morrer pra germinar (...)/
Quem poderá fazer/
Aquele amor morrer!/ Nossa caminha dura/
Cama de tatame/ Pela vida afora...
Gilberto Gil
Assista aqui :
http://www.youtube.com/watch?v=ONrfUkBEN6I&feature=related
sábado, 18 de junho de 2011
Saiu o resultado do Concurso de Contos 2011 da Universidade FUMEC
Bem, tenho dois filhos, plantei algumas árvores e faltava o livro.
Bom, não falta mais. E o melhor é que não precisei pagar para tê-lo. Melhor assim.
Na foto abaixo, a capa do livro. Uma antologia com os 8 contos premiados, listados em ordem alfabética. Depois vou postar fotos do evento que vão ser disponibilizadas pela Universidade.
Clique na foto para ampliar.
Bom, não falta mais. E o melhor é que não precisei pagar para tê-lo. Melhor assim.
Na foto abaixo, a capa do livro. Uma antologia com os 8 contos premiados, listados em ordem alfabética. Depois vou postar fotos do evento que vão ser disponibilizadas pela Universidade.
Clique na foto para ampliar.

domingo, 29 de maio de 2011
Estragos e soluções
Por Luis Fernando Verissimo
Não se sabe qual é a, digamos, inclinação política do pênis. Ele é anatomicamente de centro, como todos os políticos na Itália, que se identificam como de "centrosinistra" ou de "centrodestra", nunca de sinistra ou de destra. O pênis é centrão assumido, mas de que tendência ninguém sabe. Ele ora pende para um lado, ora para outro.
Além de ser obviamente um falocrata, que se pudesse falar definiria sua posição como "sou mais eu", sua ideologia é desconhecida. Raramente é a do seu portador, em relação ao qual mantém uma evidente independência de pensamento e ação.
Há esquerdistas com pênis fascistas, conservadores com pênis sempre atrás de novas experiências sociais, liberais com pênis decididamente intervencionistas. O pênis é, por assim dizer, um livre atirador.
Pênis não tem dono. Ou, dito de outra maneira, não costuma levar em consideração a conveniência dos seus donos. E como a comunicação entre o homem e o seu pênis é precária, o pênis não ouve apelos à razão e não adianta pedir para ele ter uma consciência histórica, o resultado é o estrago que vem causando a carreiras e reputações através dos tempos. Sem querer nem saber.
Veja-se o caso recente do Strauss-Kahn e do seu pênis predador. Deve ter havido uma tentativa de diálogo entre Strauss-Kahn e seu pênis antes do ataque à camareira. Não é impossível que o ex-provável candidato a presidente do seu país tenha até invocado o futuro da Europa e do mundo para tentar deter o pênis. "Arretezpourla France!"
O pênis não teria dado ouvidos. Espera um pouquinho, esqueça esta frase. O pênis não teria ligado. E fora adiante, sem nenhum prurido patriótico. E SK está politicamente liquidado. Mais uma vítima do próprio pênis.
O que fazer para que coisas assim não se repitam? A primeira solução é radical: a castração como condição para o serviço público masculino e carreiras políticas. Para o pênis aprender.
A segunda solução seria a gradual substituição de homens por mulheres no poder, em todo o mundo. Uma solução que já está em curso. Os homens manteriam seu pênis, mas sem a possibilidade de causar mais estragos. E pronto.
Não se sabe qual é a, digamos, inclinação política do pênis. Ele é anatomicamente de centro, como todos os políticos na Itália, que se identificam como de "centrosinistra" ou de "centrodestra", nunca de sinistra ou de destra. O pênis é centrão assumido, mas de que tendência ninguém sabe. Ele ora pende para um lado, ora para outro.
Além de ser obviamente um falocrata, que se pudesse falar definiria sua posição como "sou mais eu", sua ideologia é desconhecida. Raramente é a do seu portador, em relação ao qual mantém uma evidente independência de pensamento e ação.
Há esquerdistas com pênis fascistas, conservadores com pênis sempre atrás de novas experiências sociais, liberais com pênis decididamente intervencionistas. O pênis é, por assim dizer, um livre atirador.
Pênis não tem dono. Ou, dito de outra maneira, não costuma levar em consideração a conveniência dos seus donos. E como a comunicação entre o homem e o seu pênis é precária, o pênis não ouve apelos à razão e não adianta pedir para ele ter uma consciência histórica, o resultado é o estrago que vem causando a carreiras e reputações através dos tempos. Sem querer nem saber.
Veja-se o caso recente do Strauss-Kahn e do seu pênis predador. Deve ter havido uma tentativa de diálogo entre Strauss-Kahn e seu pênis antes do ataque à camareira. Não é impossível que o ex-provável candidato a presidente do seu país tenha até invocado o futuro da Europa e do mundo para tentar deter o pênis. "Arretezpourla France!"
O pênis não teria dado ouvidos. Espera um pouquinho, esqueça esta frase. O pênis não teria ligado. E fora adiante, sem nenhum prurido patriótico. E SK está politicamente liquidado. Mais uma vítima do próprio pênis.
O que fazer para que coisas assim não se repitam? A primeira solução é radical: a castração como condição para o serviço público masculino e carreiras políticas. Para o pênis aprender.
A segunda solução seria a gradual substituição de homens por mulheres no poder, em todo o mundo. Uma solução que já está em curso. Os homens manteriam seu pênis, mas sem a possibilidade de causar mais estragos. E pronto.
sábado, 28 de maio de 2011
Um brasileiro honesto
Por Ruth de Aquino, colunista de ÉPOCA
Estava ali, na poltrona 13 do ônibus que faz a rota Friburgo-Rio. Um celular esquecido pelo passageiro. Entre a poltrona e o vidro, havia algo mais.
O motorista Joilson Chagas, de 31 anos, abriu o “pacote rústico” e tomou um susto. Nunca tinha visto tanto dinheiro junto: R$ 74.800. Não passou aos superiores.
“É tentador. Nessa hora, nem nos colegas a gente confia.”
Por sorte ou destino, Joilson conseguiu devolver tudo ao dono. “O dinheiro não era meu. É bom ficar com o que é nosso.”
Joilson levou o dinheiro de volta a Friburgo. Ao chegar ao ponto final, na Ponte da Saudade, avistou um senhor humilde chorando na porta da padaria. “Perdi um celular”, dizia ele, “deve ter sido no centro do Rio.”
Joilson perguntou: “O celular é este?”. O senhor, agricultor de 80 anos, emocionou-se: “É esse mesmo. Não tinha mais nada no ônibus?”.
Joilson disse que ele precisava explicar direitinho o que perdera. E ele falou: “Eram R$ 74.800 para pagar o transplante de minha filha, que não é coberto pelo SUS”.
Joilson entregou o pacote e não aceitou recompensa. “O dinheiro estava contado para a cirurgia e para a passagem. Eu não podia aceitar nada”, ele me disse. “Também sou pai de família.”
A história de Joilson aconteceu no dia 19 de abril e correu mundo. No Facebook, ele recebeu mensagens da Holanda, da Espanha, dos Estados Unidos, do Japão. Foi a programas de televisão. Ganhou plaqueta da empresa elogiando seu ato.
Foi homenageado na semana passada no Palácio Guanabara, do governo do Estado. Recebeu cartas de alunos da 2ª à 5ª série de uma escola do Rio, dizendo: “Motorista, foi lindo o que você fez, você foi meu herói”. Num dos envelopes, havia R$ 2 e um bilhete: “Desculpe não dar mais, era o que eu tinha no bolso”.
Joilson treme a voz. Quer encontrar e beijar essas crianças. “O que eu fiz era para ser uma coisa normal. O ser humano é repleto de valores, mas não põe em prática.”
Ele começou a dirigir em transportadora quando tinha 18 anos. Concluiu o segundo grau. É casado, seu filho Gabriel tem 14 anos e sua mulher está grávida de cinco meses, de outro menino.
Nas enxurradas em Friburgo, Joilson perdeu a casa, os móveis, e mora de favor na casa da irmã. A escola onde sua mulher era professora também foi levada pelas águas. Agora, ela costura.
Joilson constrói uma nova casa. Trabalha 16 horas por dia como motorista, faz duas viagens de ida e volta no ônibus da Viação 1001, tem uma folga por semana. “Cai na segunda ou na terça.”
O primeiro ônibus sai às 5h30 de Friburgo. Ganha R$ 1.000 líquidos por mês, mas paga R$ 500 ao pedreiro que ergue sua “casinha”.
Joilson faz biscates de pintura: “A necessidade faz o sapo pular”.
Estava ali, na poltrona 13 do ônibus que faz a rota Friburgo-Rio. Um celular esquecido pelo passageiro. Entre a poltrona e o vidro, havia algo mais.
O motorista Joilson Chagas, de 31 anos, abriu o “pacote rústico” e tomou um susto. Nunca tinha visto tanto dinheiro junto: R$ 74.800. Não passou aos superiores.
“É tentador. Nessa hora, nem nos colegas a gente confia.”
Por sorte ou destino, Joilson conseguiu devolver tudo ao dono. “O dinheiro não era meu. É bom ficar com o que é nosso.”
Joilson levou o dinheiro de volta a Friburgo. Ao chegar ao ponto final, na Ponte da Saudade, avistou um senhor humilde chorando na porta da padaria. “Perdi um celular”, dizia ele, “deve ter sido no centro do Rio.”
Joilson perguntou: “O celular é este?”. O senhor, agricultor de 80 anos, emocionou-se: “É esse mesmo. Não tinha mais nada no ônibus?”.
Joilson disse que ele precisava explicar direitinho o que perdera. E ele falou: “Eram R$ 74.800 para pagar o transplante de minha filha, que não é coberto pelo SUS”.
Joilson entregou o pacote e não aceitou recompensa. “O dinheiro estava contado para a cirurgia e para a passagem. Eu não podia aceitar nada”, ele me disse. “Também sou pai de família.”
A história de Joilson aconteceu no dia 19 de abril e correu mundo. No Facebook, ele recebeu mensagens da Holanda, da Espanha, dos Estados Unidos, do Japão. Foi a programas de televisão. Ganhou plaqueta da empresa elogiando seu ato.
Foi homenageado na semana passada no Palácio Guanabara, do governo do Estado. Recebeu cartas de alunos da 2ª à 5ª série de uma escola do Rio, dizendo: “Motorista, foi lindo o que você fez, você foi meu herói”. Num dos envelopes, havia R$ 2 e um bilhete: “Desculpe não dar mais, era o que eu tinha no bolso”.
Joilson treme a voz. Quer encontrar e beijar essas crianças. “O que eu fiz era para ser uma coisa normal. O ser humano é repleto de valores, mas não põe em prática.”
Ele começou a dirigir em transportadora quando tinha 18 anos. Concluiu o segundo grau. É casado, seu filho Gabriel tem 14 anos e sua mulher está grávida de cinco meses, de outro menino.
Nas enxurradas em Friburgo, Joilson perdeu a casa, os móveis, e mora de favor na casa da irmã. A escola onde sua mulher era professora também foi levada pelas águas. Agora, ela costura.
Joilson constrói uma nova casa. Trabalha 16 horas por dia como motorista, faz duas viagens de ida e volta no ônibus da Viação 1001, tem uma folga por semana. “Cai na segunda ou na terça.”
O primeiro ônibus sai às 5h30 de Friburgo. Ganha R$ 1.000 líquidos por mês, mas paga R$ 500 ao pedreiro que ergue sua “casinha”.
Joilson faz biscates de pintura: “A necessidade faz o sapo pular”.
quarta-feira, 25 de maio de 2011
sexta-feira, 22 de abril de 2011
"La libertad y los libros", por Mario Vargas Llosa
"La libertad y los libros", por Mario Vargas Llosa
Também disponivel aqui :
http://mazcue.com/discurso-completo-vargas-llosa-feria-del-libro/
Texto completo del discurso de Mario Vargas Llosa en la 37º Feria del Libro de Buenos Aires
Agradezco a los organizadores de la Feria del Libro de Buenos Aires honrarme con la invitación a ocupar esta tribuna el día de la inauguración. He tenido ya ocasión de participar en ella hace algunos años y me alegra saber que ha ido creciendo y atrayendo cada vez a más editores, libreros y lectores hasta convertirse en una de las ferias de libro más importante mes en todo el ámbito de nuestra lengua.
No me extraña nada que haya ocurrido así. Desde la primera vez que pisé Buenos Aires, hace de esto cerca de medio siglo, advertí que esta ciudad y los libros tenían una afinidad recóndita, comparable a la que sólo había advertido antes en París, y que, al igual que esta última, Buenos
Aires era una ciudad de librerías -modernas y anticuarias-, de cafés literarios, de escribidores y lectores, donde todo letraherido se sentía inmediatamente en su casa. No es por eso nada raro que uno de los más grandes creadores de nuestro tiempo, Jorge Luis Borges, fuera un porteño y que se pueda decir de su extraordinaria obra que toda ella es como la exhalación imaginaria emanada de una biblioteca, institución en la que Borges, recordemos, en uno de sus más bellos textos, materializó el Paraíso.
Agradezco también a los organizadores de este certamen haber resistido las presiones de algunos colegas y adversarios de mis ideas políticas, para desinvitarme. Y extiendo mi agradecimiento a la Presidenta, señora Cristina Fernández de Kirchner, cuya oportuna intervención atajó aquel intento de veto. Ojalá esta toma de posición en favor de la libertad de expresión de la mandataria argentina se contagie a todos sus partidarios. Este episodio, me parece, más allá de lo anecdótico, plantea un asunto interesante y actual al que no me parece inadecuado abordar en el marco de este certamen con una breve exposición que se podría titular: "La libertad y los libros".
Manuscritos, impresos y, ahora, digitales, los libros representan la diversidad humana (mientras no sean expurgados, claro está). A condición de que puedan participar en ella sin discriminación, cortes, sin censura, los libros de una Feria del Libro son, en pequeño formato, la humanidad viviente, con lo mejor y lo peor que ella tiene: sus creencias, sus fantasías, sus conocimientos, sus sueños, sus amores y sus odios, sus prejuicios, sus pequeñeces y grandezas. Ningún espejo retrata mejor a esa colectividad de hombres y mujeres que conforman las diversas tradiciones, culturas, etnias, lenguajes, mitos, costumbres, modos y modas del fenómeno humano. Esa extraordinaria variedad desaparece cuando, abandonando la superficie, gracias a los libros nos sumergimos en lo profundo hasta llegar a aquellas raíces o denominadores comunes de la especie, pues allí descubrimos lo que hay de solidario y semejante por debajo de aquella frondosa variedad: una condición, unos sentimientos, unos anhelos, unas alegrías y unos miedos que establecen una identidad recóndita sobre las diferencias y distancias que la historia ha ido forjando entre razas, pueblos y culturas a lo largo de los siglos.
Los libros nos ayudan a derrotar los prejuicios racistas, étnicos, religiosos e ideológicos entre los pueblos y las personas y a descubrir que, por encima o por debajo de las fronteras regionales y nacionales, somos iguales en el fondo, que los "otros" somos en verdad "nosotros" mismos.
Gracias a los libros viajamos en el espacio y en el tiempo, como hizo Julio Cortázar en La vuelta al día en ochenta mundos sin salir de su biblioteca, y comprobamos que, con todos sus matices y variantes, la humanidad es una sola y compartida.
Podemos comparar el mundo de los libros que en estos momentos nos rodea con un bosque
encantado. Ellos están allí, quietos, inertes, silenciosos, como los árboles y las plantas de las
fantásticas historias infantiles, esperando la varita mágica que los anime. Basta que los abramos y celebremos con sus páginas esa operación mágica que es la lectura para que la vida estalle en ellos convocada por la hechicería de sus letras y palabras, y un surtidor de ideas, imágenes y sugestiones se eleve del papel hacia nosotros nos impregne, arrebate y traslade a otra vida, a menudo más rica, coherente, intensa y entretenida que la vida verdadera, en la que a menudo las rutinas embrutecedoras cotidianas nos dejan apenas resquicios para la exaltación y la felicidad. la vida de los libros nos enriquece y nos transforma. Nos hace más sensibles, más imaginativos y, sobre todo, más libres. Más críticos del mundo tal como es y más empeñados en que cambie también él y se vaya acercando a los mundos que inventamos a imagen y semejanza de nuestros deseos y sueños.
Por eso, los libros son un testimonio inapelable de las carencias y deficiencias de la vida, aquellas que incitan a los seres humanos a crear mundos de fantasías y a volcarlos en ficciones para poder tener aquello que la vida que vivimos no nos da.
El viaje al corazón de ese bosque encantado de los libros no es gratuito, un paseo divertido y sin secuelas. Es un viaje que deja huellas en el sentimiento y la inteligencia del lector, la comprobación de que el mundo real está mal hecho pues no basta para colmar nuestros anhelos.
¿Para qué inventaríamos otros mundos si con éste nos bastara? Es imposible no salir de un buen libro sin la extraña insatisfacción de estar abandonando algo perfecto para volver a lo imperfecto y empezar a mirar el entorno con cierto desánimo y frustración. Nada ha hecho que el mundo progrese tanto desde los tiempos de la caverna primitiva hasta la era de la globalización como ese viaje a lo imaginario que acompaña a hombres y mujeres desde su más remoto pasado y del que da testimonio inequívoco el mundo vertiginoso y laberíntico de los libros.
No es sorprendente, por ello, que los libros hayan despertado, a lo largo de la historia, la desconfianza, el recelo y el temor de los enemigos de la libertad, de quienes se creen dueños de las verdades absolutas, de todos los dogmáticos y fanáticos que han sembrado de odio y violencia zigzagueante el curso de la civilización.
La Inquisición lo vio clarísimo: los libros deben ser examinados y purgados por censores estrictos para asegurar que sus contenidos se ajusten a la ortodoxia y no se deslicen en ellos apostasías y desviaciones de la doctrina verdadera. Dejarlos prosperar sin esa camisa de fuerza de la censura previa sería poblar el mundo de heterodoxias, teorías subversivas, tentaciones peligrosas y desafíos múltiples a las verdades canónicas. Esta mentalidad llevó a decidir que todo un género literario -la novela- fuera prohibida durante los tres siglos que duró la colonia en todas las posesiones españolas de América. Durante trescientos años no se pudo editar ni importar ficciones en las colonias americanas. El contrabando se encargó de que muchas novelas circularan en nuestras tierras, felizmente. Pero una de las perversas -o tal vez felices- consecuencias de esta prohibición fue que, en América Latina, como la ficción fue reprimida en el género que la expresaba mejor -las novelas-, y coma los seres humanos no podemos vivir sin ficciones, éstas se la arreglaron para contaminarlo todo -la religión, desde luego, pero también las instituciones laicas, el derecho, la ciencia, la filosofía y, y por supuesto, la política-, con el previsible resultado de que, todavía en nuestros días, los latinoamericanos tengamos grandes dificultades para discernir entre lo que es ficción y realidad. Eso ha sido muy beneficioso en los dominios del arte y la literatura, pero bastante catastrófico en otros, en los que sin una buena dosis de pragmatismo y de realismo -saber diferenciar el suelo firme de las nubes- un país puede estancarse o irse a pique. Los comisarios políticos han reemplazado en la vida moderna a los inquisidores de antaño.
Vez que se ha apoderado de un gobierno un fanático religioso, ideológico o un caudillo
megalómano que se cree dueño de la verdad absoluta, los libros se han visto sometidos a purgas, recortes y vejaciones para tratar de evitar que lo que ellos encarnan mejor que nadie -la diversidad humana, la variedad de ideas, creencias, puntos de vista, costumbres y tradiciones- se divulgue y contradiga la visión dogmática, excluyente y autoritaria entronizada. Nazis, fascistas, comunistas, caudillos militares o civiles enceguecidos por los espejismos de las verdades absolutas han tratado a lo largo de toda la historia y en todas las geografías del planeta de domesticar y embridar el espíritu creativo, insumiso y crítico -que ha sido siempre el motor del cambio-, pero, por fortuna, siempre han fracasado. Dejando, eso sí, en el camino una miríada de víctimas - torturados, encarcelados y asesinados- que, pese a la represión y a las persecuciones, mantuvieron siempre viva aquella llama de libertad que anida, como un alma secreta, en el corazón de los libros.
Leer nos hace libres, a condición, claro está, de que podamos elegir los libros que queremos leer, y que los libros puedan escribirse e imprimirse sin inquisidores ni comisarios que los mutilen para que encajen dentro de las estrechas orejeras con que ellos aprisionan la vida. Defender el derecho de los libros a ser libres es defender nuestra libertad de ciudadanos, el precioso fuego que la atiza,mantiene y renueva.
Una de las mejores tradiciones de la Argentina ha sido ser un país de libros, escritores y lectores. Yo lo recuerdo muy bien, pues en mi infancia y mi adolescencia se nutrieron de revistas y libros (y, añadiré, películas y canciones) que se producían y editaban en este país y se difundían por todos los rincones de América. Por ejemplo, llegaban puntualmente a Cochabamba, la ciudad boliviana donde viví hasta los diez años. Recuerdo muy bien la llegada periódica de Leoplán para el abuelo, el Para ti que leían mi madre y m abuela y en Billiken que yo esperaba como maná del cielo. Más tarde, de universitario en San Marcos, en Lima, conocí la literatura más renovadora y moderna, (de Faulkner a Thomas Mann, de Joyce a Sartre, de Camus a Forster, de Eliot a Hemingway, gracias a las traducciones que editoriales como Losada, Sudamericana, Emecé, Sur y otras publicaban y distribuían por todo el continente. Como innumerables jóvenes latinoamericanos de mi generación puedo decir por eso que debo buena parte de mi formación literaria a esa pasión por los libros que anida en el corazón de la cultura argentina.
Hago votos porque esa hermosa tradición se renueve y fortalezca y que sea la mejor expresión de ello esta Feria del Libro de Buenos Aires.
Muchas gracias.
Mario VARGAS LLOSA
Também disponivel aqui :
http://mazcue.com/discurso-completo-vargas-llosa-feria-del-libro/
Texto completo del discurso de Mario Vargas Llosa en la 37º Feria del Libro de Buenos Aires
Agradezco a los organizadores de la Feria del Libro de Buenos Aires honrarme con la invitación a ocupar esta tribuna el día de la inauguración. He tenido ya ocasión de participar en ella hace algunos años y me alegra saber que ha ido creciendo y atrayendo cada vez a más editores, libreros y lectores hasta convertirse en una de las ferias de libro más importante mes en todo el ámbito de nuestra lengua.
No me extraña nada que haya ocurrido así. Desde la primera vez que pisé Buenos Aires, hace de esto cerca de medio siglo, advertí que esta ciudad y los libros tenían una afinidad recóndita, comparable a la que sólo había advertido antes en París, y que, al igual que esta última, Buenos
Aires era una ciudad de librerías -modernas y anticuarias-, de cafés literarios, de escribidores y lectores, donde todo letraherido se sentía inmediatamente en su casa. No es por eso nada raro que uno de los más grandes creadores de nuestro tiempo, Jorge Luis Borges, fuera un porteño y que se pueda decir de su extraordinaria obra que toda ella es como la exhalación imaginaria emanada de una biblioteca, institución en la que Borges, recordemos, en uno de sus más bellos textos, materializó el Paraíso.
Agradezco también a los organizadores de este certamen haber resistido las presiones de algunos colegas y adversarios de mis ideas políticas, para desinvitarme. Y extiendo mi agradecimiento a la Presidenta, señora Cristina Fernández de Kirchner, cuya oportuna intervención atajó aquel intento de veto. Ojalá esta toma de posición en favor de la libertad de expresión de la mandataria argentina se contagie a todos sus partidarios. Este episodio, me parece, más allá de lo anecdótico, plantea un asunto interesante y actual al que no me parece inadecuado abordar en el marco de este certamen con una breve exposición que se podría titular: "La libertad y los libros".
Manuscritos, impresos y, ahora, digitales, los libros representan la diversidad humana (mientras no sean expurgados, claro está). A condición de que puedan participar en ella sin discriminación, cortes, sin censura, los libros de una Feria del Libro son, en pequeño formato, la humanidad viviente, con lo mejor y lo peor que ella tiene: sus creencias, sus fantasías, sus conocimientos, sus sueños, sus amores y sus odios, sus prejuicios, sus pequeñeces y grandezas. Ningún espejo retrata mejor a esa colectividad de hombres y mujeres que conforman las diversas tradiciones, culturas, etnias, lenguajes, mitos, costumbres, modos y modas del fenómeno humano. Esa extraordinaria variedad desaparece cuando, abandonando la superficie, gracias a los libros nos sumergimos en lo profundo hasta llegar a aquellas raíces o denominadores comunes de la especie, pues allí descubrimos lo que hay de solidario y semejante por debajo de aquella frondosa variedad: una condición, unos sentimientos, unos anhelos, unas alegrías y unos miedos que establecen una identidad recóndita sobre las diferencias y distancias que la historia ha ido forjando entre razas, pueblos y culturas a lo largo de los siglos.
Los libros nos ayudan a derrotar los prejuicios racistas, étnicos, religiosos e ideológicos entre los pueblos y las personas y a descubrir que, por encima o por debajo de las fronteras regionales y nacionales, somos iguales en el fondo, que los "otros" somos en verdad "nosotros" mismos.
Gracias a los libros viajamos en el espacio y en el tiempo, como hizo Julio Cortázar en La vuelta al día en ochenta mundos sin salir de su biblioteca, y comprobamos que, con todos sus matices y variantes, la humanidad es una sola y compartida.
Podemos comparar el mundo de los libros que en estos momentos nos rodea con un bosque
encantado. Ellos están allí, quietos, inertes, silenciosos, como los árboles y las plantas de las
fantásticas historias infantiles, esperando la varita mágica que los anime. Basta que los abramos y celebremos con sus páginas esa operación mágica que es la lectura para que la vida estalle en ellos convocada por la hechicería de sus letras y palabras, y un surtidor de ideas, imágenes y sugestiones se eleve del papel hacia nosotros nos impregne, arrebate y traslade a otra vida, a menudo más rica, coherente, intensa y entretenida que la vida verdadera, en la que a menudo las rutinas embrutecedoras cotidianas nos dejan apenas resquicios para la exaltación y la felicidad. la vida de los libros nos enriquece y nos transforma. Nos hace más sensibles, más imaginativos y, sobre todo, más libres. Más críticos del mundo tal como es y más empeñados en que cambie también él y se vaya acercando a los mundos que inventamos a imagen y semejanza de nuestros deseos y sueños.
Por eso, los libros son un testimonio inapelable de las carencias y deficiencias de la vida, aquellas que incitan a los seres humanos a crear mundos de fantasías y a volcarlos en ficciones para poder tener aquello que la vida que vivimos no nos da.
El viaje al corazón de ese bosque encantado de los libros no es gratuito, un paseo divertido y sin secuelas. Es un viaje que deja huellas en el sentimiento y la inteligencia del lector, la comprobación de que el mundo real está mal hecho pues no basta para colmar nuestros anhelos.
¿Para qué inventaríamos otros mundos si con éste nos bastara? Es imposible no salir de un buen libro sin la extraña insatisfacción de estar abandonando algo perfecto para volver a lo imperfecto y empezar a mirar el entorno con cierto desánimo y frustración. Nada ha hecho que el mundo progrese tanto desde los tiempos de la caverna primitiva hasta la era de la globalización como ese viaje a lo imaginario que acompaña a hombres y mujeres desde su más remoto pasado y del que da testimonio inequívoco el mundo vertiginoso y laberíntico de los libros.
No es sorprendente, por ello, que los libros hayan despertado, a lo largo de la historia, la desconfianza, el recelo y el temor de los enemigos de la libertad, de quienes se creen dueños de las verdades absolutas, de todos los dogmáticos y fanáticos que han sembrado de odio y violencia zigzagueante el curso de la civilización.
La Inquisición lo vio clarísimo: los libros deben ser examinados y purgados por censores estrictos para asegurar que sus contenidos se ajusten a la ortodoxia y no se deslicen en ellos apostasías y desviaciones de la doctrina verdadera. Dejarlos prosperar sin esa camisa de fuerza de la censura previa sería poblar el mundo de heterodoxias, teorías subversivas, tentaciones peligrosas y desafíos múltiples a las verdades canónicas. Esta mentalidad llevó a decidir que todo un género literario -la novela- fuera prohibida durante los tres siglos que duró la colonia en todas las posesiones españolas de América. Durante trescientos años no se pudo editar ni importar ficciones en las colonias americanas. El contrabando se encargó de que muchas novelas circularan en nuestras tierras, felizmente. Pero una de las perversas -o tal vez felices- consecuencias de esta prohibición fue que, en América Latina, como la ficción fue reprimida en el género que la expresaba mejor -las novelas-, y coma los seres humanos no podemos vivir sin ficciones, éstas se la arreglaron para contaminarlo todo -la religión, desde luego, pero también las instituciones laicas, el derecho, la ciencia, la filosofía y, y por supuesto, la política-, con el previsible resultado de que, todavía en nuestros días, los latinoamericanos tengamos grandes dificultades para discernir entre lo que es ficción y realidad. Eso ha sido muy beneficioso en los dominios del arte y la literatura, pero bastante catastrófico en otros, en los que sin una buena dosis de pragmatismo y de realismo -saber diferenciar el suelo firme de las nubes- un país puede estancarse o irse a pique. Los comisarios políticos han reemplazado en la vida moderna a los inquisidores de antaño.
Vez que se ha apoderado de un gobierno un fanático religioso, ideológico o un caudillo
megalómano que se cree dueño de la verdad absoluta, los libros se han visto sometidos a purgas, recortes y vejaciones para tratar de evitar que lo que ellos encarnan mejor que nadie -la diversidad humana, la variedad de ideas, creencias, puntos de vista, costumbres y tradiciones- se divulgue y contradiga la visión dogmática, excluyente y autoritaria entronizada. Nazis, fascistas, comunistas, caudillos militares o civiles enceguecidos por los espejismos de las verdades absolutas han tratado a lo largo de toda la historia y en todas las geografías del planeta de domesticar y embridar el espíritu creativo, insumiso y crítico -que ha sido siempre el motor del cambio-, pero, por fortuna, siempre han fracasado. Dejando, eso sí, en el camino una miríada de víctimas - torturados, encarcelados y asesinados- que, pese a la represión y a las persecuciones, mantuvieron siempre viva aquella llama de libertad que anida, como un alma secreta, en el corazón de los libros.
Leer nos hace libres, a condición, claro está, de que podamos elegir los libros que queremos leer, y que los libros puedan escribirse e imprimirse sin inquisidores ni comisarios que los mutilen para que encajen dentro de las estrechas orejeras con que ellos aprisionan la vida. Defender el derecho de los libros a ser libres es defender nuestra libertad de ciudadanos, el precioso fuego que la atiza,mantiene y renueva.
Una de las mejores tradiciones de la Argentina ha sido ser un país de libros, escritores y lectores. Yo lo recuerdo muy bien, pues en mi infancia y mi adolescencia se nutrieron de revistas y libros (y, añadiré, películas y canciones) que se producían y editaban en este país y se difundían por todos los rincones de América. Por ejemplo, llegaban puntualmente a Cochabamba, la ciudad boliviana donde viví hasta los diez años. Recuerdo muy bien la llegada periódica de Leoplán para el abuelo, el Para ti que leían mi madre y m abuela y en Billiken que yo esperaba como maná del cielo. Más tarde, de universitario en San Marcos, en Lima, conocí la literatura más renovadora y moderna, (de Faulkner a Thomas Mann, de Joyce a Sartre, de Camus a Forster, de Eliot a Hemingway, gracias a las traducciones que editoriales como Losada, Sudamericana, Emecé, Sur y otras publicaban y distribuían por todo el continente. Como innumerables jóvenes latinoamericanos de mi generación puedo decir por eso que debo buena parte de mi formación literaria a esa pasión por los libros que anida en el corazón de la cultura argentina.
Hago votos porque esa hermosa tradición se renueve y fortalezca y que sea la mejor expresión de ello esta Feria del Libro de Buenos Aires.
Muchas gracias.
Mario VARGAS LLOSA
domingo, 27 de março de 2011
Universidade FUMEC divulga contos classificados no Prêmio de Literatura
03/2011
A Universidade FUMEC divulga a lista dos contos classificados na 2ª edição do Prêmio de Literatura. De alcance nacional, o concurso foi idealizado com o objetivo de incentivar a leitura e a produção literária no país, prestigiando obras inéditas de estudantes de todo o Brasil.
Nas duas edições, o gênero escolhido foi o conto. Alunos de ensino médio e superior enviaram seus trabalhos, avaliados por comissão julgadora composta pelo doutor em Literatura Comparada e professor do Programa de Doutorado e Mestrado em Administração da Universidade FUMEC, Luiz Cláudio Vieira de Oliveira; pela doutora em Literatura Comparada e professora da Faculdade de Letras da UFMG, Haydée Ribeiro Coelho, e pelo escritor Ronald Claver, autor de 11 livros. Os membros observaram a originalidade da obra, a criatividade artística, a adequação da linguagem e sua qualidade literária.
Ao todo, 31 contos se inscreveram no certame. Dois não concorreram por não atenderem as normas estabelecidas no regulamento. Dos 29 trabalhos concorrentes, oito foram classificados. Dentre estes, cinco serão declarados vencedores e três receberão menções honrosas. O resultado final, com a ordem de classificação, será divulgado somente durante a cerimônia de entrega do prêmio, que será realizada em data a ser anunciada em breve.
As obras vencedoras e aquelas que receberem menções honrosas serão publicadas em livro pela Universidade FUMEC. Títulos e pseudônimos: “Boneca de corda”, de Luana Moutinho; “Cinzas”, de Eduardo Koscheck; “Conexão doméstica”, de Alíssio Montenegro; “O conto do baratão”, de M. Mayona; “Os sofrimentos do jovem WWW”, de Wertheim-Meigs; “Pensão familiar”, de TroppoBenne; “Porque lutamos”, de Vitor Scaglia; e “Rito da rosa”, de Francisco Pilares.
De acordo com o reitor da FUMEC, professor Antonio Tomé Loures, o Prêmio é uma forma de estimular a criação e o talento de jovens que têm afinidade com a literatura. "A universidade tem um papel muito importante no desenvolvimento da imaginação dos jovens. Temos que motivá-los a investir na escrita a partir de iniciativas como essa. A arte, em especial a literatura, engrandece o ser humano", destaca Tomé Loures. “A publicação dos textos em forma de livro torna-os acessíveis a outros estudantes, a outros leitores”, completa. A instituição de ensino distribuirá centenas de exemplares entre bibliotecas e escolas públicas.
"Comentario meu :
vem coisa por aí...
Aguardem."
A Universidade FUMEC divulga a lista dos contos classificados na 2ª edição do Prêmio de Literatura. De alcance nacional, o concurso foi idealizado com o objetivo de incentivar a leitura e a produção literária no país, prestigiando obras inéditas de estudantes de todo o Brasil.
Nas duas edições, o gênero escolhido foi o conto. Alunos de ensino médio e superior enviaram seus trabalhos, avaliados por comissão julgadora composta pelo doutor em Literatura Comparada e professor do Programa de Doutorado e Mestrado em Administração da Universidade FUMEC, Luiz Cláudio Vieira de Oliveira; pela doutora em Literatura Comparada e professora da Faculdade de Letras da UFMG, Haydée Ribeiro Coelho, e pelo escritor Ronald Claver, autor de 11 livros. Os membros observaram a originalidade da obra, a criatividade artística, a adequação da linguagem e sua qualidade literária.
Ao todo, 31 contos se inscreveram no certame. Dois não concorreram por não atenderem as normas estabelecidas no regulamento. Dos 29 trabalhos concorrentes, oito foram classificados. Dentre estes, cinco serão declarados vencedores e três receberão menções honrosas. O resultado final, com a ordem de classificação, será divulgado somente durante a cerimônia de entrega do prêmio, que será realizada em data a ser anunciada em breve.
As obras vencedoras e aquelas que receberem menções honrosas serão publicadas em livro pela Universidade FUMEC. Títulos e pseudônimos: “Boneca de corda”, de Luana Moutinho; “Cinzas”, de Eduardo Koscheck; “Conexão doméstica”, de Alíssio Montenegro; “O conto do baratão”, de M. Mayona; “Os sofrimentos do jovem WWW”, de Wertheim-Meigs; “Pensão familiar”, de TroppoBenne; “Porque lutamos”, de Vitor Scaglia; e “Rito da rosa”, de Francisco Pilares.
De acordo com o reitor da FUMEC, professor Antonio Tomé Loures, o Prêmio é uma forma de estimular a criação e o talento de jovens que têm afinidade com a literatura. "A universidade tem um papel muito importante no desenvolvimento da imaginação dos jovens. Temos que motivá-los a investir na escrita a partir de iniciativas como essa. A arte, em especial a literatura, engrandece o ser humano", destaca Tomé Loures. “A publicação dos textos em forma de livro torna-os acessíveis a outros estudantes, a outros leitores”, completa. A instituição de ensino distribuirá centenas de exemplares entre bibliotecas e escolas públicas.
"Comentario meu :
vem coisa por aí...
Aguardem."
terça-feira, 22 de março de 2011
Estudo indica que religião pode acabar em 9 países ricos
DA BBC BRASIL
Dados de censos colhidos desde o século 19 indicam que a religião pode ser extinta em nove nações ricas que foram analisadas em um estudo científico.
A pesquisa identificou uma tendência de aumento no número de pessoas que afirmam não ter religião na Austrália, Áustria, Canadá, Finlândia, Irlanda, Holanda, Nova Zelândia, Suíça e República Tcheca --o país com o índice mais elevado, com 60%.
Usando um modelo de progressão matemática, o levantamento --divulgado durante um encontro da American Physical Society-- mostra que as pessoas que seguem alguma religião vão praticamente deixar de existir nestes países.
Na Holanda, por exemplo, 70% dos holandeses não terão religião alguma até 2050. Hoje, esse grupo é de 40% da população.
"Em muitas democracias seculares modernas, há uma tendência maior de as pessoas se identificarem como sem uma religião", afirma Richard Wiener, que trabalha em um centro de pesquisa em ciência avançada, subordinado ao departamento de física da Universidade do Arizona.
A pesquisa seguiu um modelo de dinâmica não-linear que leva em conta fatores sociais e a influência que exercem em uma pessoa a fazer parte de um grupo não-religioso.
Os parâmetros se mostraram semelhantes em vários países pesquisados, indicando que a religião está a caminho da extinção nessas nações.
Comentário meu :
enquanto nosotros acá, nesta tierra de macunaímas, os evangélicos avançam...
Quem sabe, lá pelos idos de 2.200, vamos atingir a maioridade como civilização, e nos colocarmos de pé...
Dados de censos colhidos desde o século 19 indicam que a religião pode ser extinta em nove nações ricas que foram analisadas em um estudo científico.
A pesquisa identificou uma tendência de aumento no número de pessoas que afirmam não ter religião na Austrália, Áustria, Canadá, Finlândia, Irlanda, Holanda, Nova Zelândia, Suíça e República Tcheca --o país com o índice mais elevado, com 60%.
Usando um modelo de progressão matemática, o levantamento --divulgado durante um encontro da American Physical Society-- mostra que as pessoas que seguem alguma religião vão praticamente deixar de existir nestes países.
Na Holanda, por exemplo, 70% dos holandeses não terão religião alguma até 2050. Hoje, esse grupo é de 40% da população.
"Em muitas democracias seculares modernas, há uma tendência maior de as pessoas se identificarem como sem uma religião", afirma Richard Wiener, que trabalha em um centro de pesquisa em ciência avançada, subordinado ao departamento de física da Universidade do Arizona.
A pesquisa seguiu um modelo de dinâmica não-linear que leva em conta fatores sociais e a influência que exercem em uma pessoa a fazer parte de um grupo não-religioso.
Os parâmetros se mostraram semelhantes em vários países pesquisados, indicando que a religião está a caminho da extinção nessas nações.
Comentário meu :
enquanto nosotros acá, nesta tierra de macunaímas, os evangélicos avançam...
Quem sabe, lá pelos idos de 2.200, vamos atingir a maioridade como civilização, e nos colocarmos de pé...
domingo, 20 de março de 2011
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
Reencarnação !
Após ter completado mais de meio século de vida, e se aproximando rapidamente dos 60, carregando um coração enfartado no ramo esquerdo, sem que eu perceba, começo a ficar mais pensativo e analítico sobre temas que, confesso, nunca me foram importantes. Este é um destes temas. Não sei se é um sentimento esquisito, mas acho que muitos com quem converso, que são da minha idade ou um pouco mais velhos, tem o tema como um companheiro invisivel, daqueles que a gente tem quanto está com 5 ou 6 anos de idade.
Se a reencarnação é fato e destino para toda humanidade, eu não sei, embora deva ser dito que como teoria para explicar a vida e a morte, a reencarnação tem a beleza de algo que não pode nem ser negado nem provado.
Assim como ninguém pode provar nem negar a existência de Deus. Ambas as possibilidades são belos artifícios de linguagem, pelos quais as pessoas se conduzem a um confortável estado de espírito. Acho que foi Oscar Niemeyer quem disse que "não acredito nele, mas se quando eu morrer, encontrar com ele lá do outro lado, vai ser uma puta surpresa!" Mas, quanto a mim incomoda, sim, e tento achar evidências para a comprovação ou não de qualquer teoria. Tudo o que posso dizer a respeito é que se vivi no passado não tenho lembrança alguma disto. Nunca tive os tais “dejavu” . Não me passa pela cabeça que DEUS, ou o COSMOS – no sentido de força maior e gestor da vida – tenha criado um monte de recordações para outros e me tivesse privado de umazinha somente. É, este tema é por demais controverso e eu como estou na idade de criar debates teológicos e filosóficos - os crio a todo momento, e por que não aqui, neste espaço? Não me eximo de fazê-lo agora.
Outro dia fui comentar sobre uma frasezinha que, pessoalmente, acho ridícula...(deixa pra lá...), mas a frase é “DEUS É FIEL”. Terrível, não é... quem será que criou esta redundância metafisica, psicodélica e embromática? Sim, por que partindo do principio que DEUS existe, se ele é DEUS, não há por que se pensar o contrário dele, não é... (deixa pra lá de novo). Quem sabe numa mesa de bar e regado a um “Jameson 12 anos” – não sem antes engolir uns dois comprimidos para segurar a pressão – eu complete meus “achos” e se os ânimos se exaltarem... que se fôda!
De toda sorte, penso que este tema da reencarnação está mais para o departamento do imaginário.
Qualquer fenômeno que seja objeto da reflexão do espírito, certamente será passível de explicações infinitas.
É por aí vamos longe...
Se a reencarnação é fato e destino para toda humanidade, eu não sei, embora deva ser dito que como teoria para explicar a vida e a morte, a reencarnação tem a beleza de algo que não pode nem ser negado nem provado.
Assim como ninguém pode provar nem negar a existência de Deus. Ambas as possibilidades são belos artifícios de linguagem, pelos quais as pessoas se conduzem a um confortável estado de espírito. Acho que foi Oscar Niemeyer quem disse que "não acredito nele, mas se quando eu morrer, encontrar com ele lá do outro lado, vai ser uma puta surpresa!" Mas, quanto a mim incomoda, sim, e tento achar evidências para a comprovação ou não de qualquer teoria. Tudo o que posso dizer a respeito é que se vivi no passado não tenho lembrança alguma disto. Nunca tive os tais “dejavu” . Não me passa pela cabeça que DEUS, ou o COSMOS – no sentido de força maior e gestor da vida – tenha criado um monte de recordações para outros e me tivesse privado de umazinha somente. É, este tema é por demais controverso e eu como estou na idade de criar debates teológicos e filosóficos - os crio a todo momento, e por que não aqui, neste espaço? Não me eximo de fazê-lo agora.
Outro dia fui comentar sobre uma frasezinha que, pessoalmente, acho ridícula...(deixa pra lá...), mas a frase é “DEUS É FIEL”. Terrível, não é... quem será que criou esta redundância metafisica, psicodélica e embromática? Sim, por que partindo do principio que DEUS existe, se ele é DEUS, não há por que se pensar o contrário dele, não é... (deixa pra lá de novo). Quem sabe numa mesa de bar e regado a um “Jameson 12 anos” – não sem antes engolir uns dois comprimidos para segurar a pressão – eu complete meus “achos” e se os ânimos se exaltarem... que se fôda!
De toda sorte, penso que este tema da reencarnação está mais para o departamento do imaginário.
Qualquer fenômeno que seja objeto da reflexão do espírito, certamente será passível de explicações infinitas.
É por aí vamos longe...
sábado, 5 de fevereiro de 2011
O Poeta e as estrelas...
diz-se do Poeta:
-"quer somente ouvir estrelas..." mas discordo abertamente.
Sei que ele persegue e ousa entendê-las, as vezes tão completamente,
ao ponto de pensar que a luz que elas vertem, vertem por saber que alguém,
cá embaixo, quer vê-las.
Se iludem, os tolos...
Os poetas sabem que as estrelas perceberam,
por seu brilhar pungente, tudo aquilo, que há muito sabe a lua...
-que o ser-poeta, faz e rala, reza baixo e em fé cultua,
que um dia um verso seu possa alcança-la,
e arrebata-la só para si, eternamente.
Ah! Poetas...
por elas, partem em raios insurgentes, transmutam cores, voam os poentes,
procuram um jeito de entretê-las, à espera que aconteça o tal momento,
de transformar-se, ou ser parte delas, das etéreas, ou mesmo cadentes,
que dividem dois o firmamento...
E, vez por outra,
o ser - Poeta, pára, estanca ao percebê-las,
cala, ouve, e inquieto espia, invade vista e a mente afeta
ao ver descer do céu de estrelas, a clara luz que faz o dia...
E ao ver e ouvir, pensar em tê-las,
veste o azul do céu profundo, roga à noite : impeça o dia,
em luz de estrelas, a luz tardia, ao acordar e amanhecê-las,
e vive em si um céu no mundo.
É assim que o ser-poeta acontece...
Nascido humano, ao acidente, vem logo a si, clama qual prece,
a voz de anjo e a mente tece, a confidência que o sagrado lhe trazia :
-que o maior segredo em céu e terra, que fez nascer a estrela-guia,
é o seu brilhar intermitente, que mostra medo, mais que aparente , que toda estrela tem, de um dia, ao brilhar sobre um poeta, lá do alto, tão distante,
não ver nascer, passado instante, do amor mandado em luz brilhante,
a vida em forma de poesia...
-"quer somente ouvir estrelas..." mas discordo abertamente.
Sei que ele persegue e ousa entendê-las, as vezes tão completamente,
ao ponto de pensar que a luz que elas vertem, vertem por saber que alguém,
cá embaixo, quer vê-las.
Se iludem, os tolos...
Os poetas sabem que as estrelas perceberam,
por seu brilhar pungente, tudo aquilo, que há muito sabe a lua...
-que o ser-poeta, faz e rala, reza baixo e em fé cultua,
que um dia um verso seu possa alcança-la,
e arrebata-la só para si, eternamente.
Ah! Poetas...
por elas, partem em raios insurgentes, transmutam cores, voam os poentes,
procuram um jeito de entretê-las, à espera que aconteça o tal momento,
de transformar-se, ou ser parte delas, das etéreas, ou mesmo cadentes,
que dividem dois o firmamento...
E, vez por outra,
o ser - Poeta, pára, estanca ao percebê-las,
cala, ouve, e inquieto espia, invade vista e a mente afeta
ao ver descer do céu de estrelas, a clara luz que faz o dia...
E ao ver e ouvir, pensar em tê-las,
veste o azul do céu profundo, roga à noite : impeça o dia,
em luz de estrelas, a luz tardia, ao acordar e amanhecê-las,
e vive em si um céu no mundo.
É assim que o ser-poeta acontece...
Nascido humano, ao acidente, vem logo a si, clama qual prece,
a voz de anjo e a mente tece, a confidência que o sagrado lhe trazia :
-que o maior segredo em céu e terra, que fez nascer a estrela-guia,
é o seu brilhar intermitente, que mostra medo, mais que aparente , que toda estrela tem, de um dia, ao brilhar sobre um poeta, lá do alto, tão distante,
não ver nascer, passado instante, do amor mandado em luz brilhante,
a vida em forma de poesia...
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
BIG BROTHER BRASIL
de Luiz Fernando Verissimo
Avisos: -texto captado na Internet - peço desculpas a ele se não for de sua autoria
-reproduzo por absoluta necessidade existencial: não suporto esta picaretagem sexual)
Que me perdoem os ávidos telespectadores do Big Brother Brasil (BBB), produzido e organizado pela nossa distinta Rede Globo, mas conseguimos chegar ao fundo do poço...A décima primeira (está indo longe!) edição do BBB é uma síntese do que há de pior na TV brasileira. Chega a ser difícil,... encontrar as palavras adequadas para qualificar tamanho atentado à nossa modesta inteligência.
Dizem que em Roma, um dos maiores impérios que o mundo conheceu, teve seu fim marcado pela depravação dos valores morais do seu povo, principalmente pela banalização do sexo. O BBB é a pura e suprema banalização do sexo. Impossível assistir, ver este programa ao lado dos filhos. Gays, lésbicas, heteros... todos, na mesma casa, a casa dos “heróis”, como são chamados por Pedro Bial. Não tenho nada contra gays, acho que cada um faz da vida o que quer, mas sou contra safadeza ao vivo na TV, seja entre homossexuais ou heterosexuais. O BBB é a realidade em busca do IBOPE...
Veja como Pedro Bial tratou os participantes do BBB. Ele prometeu um “zoológico humano divertido” . Não sei se será divertido, mas parece bem variado na sua mistura de clichês e figuras típicas.
Pergunto-me, por exemplo, como um jornalista, documentarista e escritor como Pedro Bial que, faça-se justiça, cobriu a Queda do Muro de Berlim, se submete a ser apresentador de um programa desse nível. Em um e-mail que recebi há pouco tempo, Bial escreve maravilhosamente bem sobre a perda do humorista Bussunda referindo-se à pena de se morrer tão cedo.
Eu gostaria de perguntar, se ele não pensa que esse programa é a morte da cultura, de valores e princípios, da moral, da ética e da dignidade.
Outro dia, durante o intervalo de uma programação da Globo, um outro repórter acéfalo do BBB disse que, para ganhar o prêmio de um milhão e meio de reais, um Big Brother tem um caminho árduo pela frente, chamando-os de heróis. Caminho árduo? Heróis?
São esses nossos exemplos de heróis?
Caminho árduo para mim é aquele percorrido por milhões de brasileiros: profissionais da saúde, professores da rede pública (aliás, todos os professores), carteiros, lixeiros e tantos outros trabalhadores incansáveis que, diariamente, passam horas exercendo suas funções com dedicação, competência e amor, quase sempre mal remunerados..
Heróis, são milhares de brasileiros que sequer têm um prato de comida por dia e um colchão decente para dormir e conseguem sobreviver a isso, todo santo dia.
Heróis, são crianças e adultos que lutam contra doenças complicadíssimas porque não tiveram chance de ter uma vida mais saudável e digna.
Heróis, são aqueles que, apesar de ganharem um salário mínimo, pagam suas contas, restando apenas dezesseis reais para alimentação, como mostrado em outra reportagem apresentada, meses atrás pela própria Rede Globo.
O Big Brother Brasil não é um programa cultural, nem educativo, não acrescenta informações e conhecimentos intelectuais aos telespectadores, nem aos participantes, e não há qualquer outro estímulo como, por exemplo, o incentivo ao esporte, à música, à criatividade ou ao ensino de conceitos como valor, ética, trabalho e moral.
E ai vem algum psicólogo de vanguarda e me diz que o BBB ajuda a "entender o comportamento humano". Ah, tenha dó!!!
Veja o que está por de tra$$$$$$$$$$$$$$$$ do BBB: José Neumani da Rádio Jovem Pan, fez um cálculo de que se vinte e nove milhões de pessoas ligarem a cada paredão, com o custo da ligação a trinta centavos, a Rede Globo e a Telefônica arrecadam oito milhões e setecentos mil reais. Eu vou repetir: oito milhões e setecentos mil reais a cada paredão.
Já imaginaram quanto poderia ser feito com essa quantia se fosse dedicada a programas de inclusão social: moradia, alimentação, ensino e saúde de muitos brasileiros?
(Poderiam ser feitas mais de 520 casas populares; ou comprar mais de 5.000 computadores!)
Essas palavras não são de revolta ou protesto, mas de vergonha e indignação, por ver tamanha aberração ter milhões de telespectadores.
Em vez de assistir ao BBB, que tal ler um livro, um poema de Mário Quintana ou de Neruda ou qualquer outra coisa..., ir ao cinema..., estudar... , ouvir boa música..., cuidar das flores e jardins... , telefonar para um amigo... , visitar os avós... , pescar..., brincar com as crianças... , namorar... ou simplesmente dormir.
Assistir ao BBB é ajudar a Globo a ganhar rios de dinheiro e destruir o que ainda resta dos valores sobre os quais foi construída nossa sociedade.
REPASSE ESTE TEXTO
Avisos: -texto captado na Internet - peço desculpas a ele se não for de sua autoria
-reproduzo por absoluta necessidade existencial: não suporto esta picaretagem sexual)
Que me perdoem os ávidos telespectadores do Big Brother Brasil (BBB), produzido e organizado pela nossa distinta Rede Globo, mas conseguimos chegar ao fundo do poço...A décima primeira (está indo longe!) edição do BBB é uma síntese do que há de pior na TV brasileira. Chega a ser difícil,... encontrar as palavras adequadas para qualificar tamanho atentado à nossa modesta inteligência.
Dizem que em Roma, um dos maiores impérios que o mundo conheceu, teve seu fim marcado pela depravação dos valores morais do seu povo, principalmente pela banalização do sexo. O BBB é a pura e suprema banalização do sexo. Impossível assistir, ver este programa ao lado dos filhos. Gays, lésbicas, heteros... todos, na mesma casa, a casa dos “heróis”, como são chamados por Pedro Bial. Não tenho nada contra gays, acho que cada um faz da vida o que quer, mas sou contra safadeza ao vivo na TV, seja entre homossexuais ou heterosexuais. O BBB é a realidade em busca do IBOPE...
Veja como Pedro Bial tratou os participantes do BBB. Ele prometeu um “zoológico humano divertido” . Não sei se será divertido, mas parece bem variado na sua mistura de clichês e figuras típicas.
Pergunto-me, por exemplo, como um jornalista, documentarista e escritor como Pedro Bial que, faça-se justiça, cobriu a Queda do Muro de Berlim, se submete a ser apresentador de um programa desse nível. Em um e-mail que recebi há pouco tempo, Bial escreve maravilhosamente bem sobre a perda do humorista Bussunda referindo-se à pena de se morrer tão cedo.
Eu gostaria de perguntar, se ele não pensa que esse programa é a morte da cultura, de valores e princípios, da moral, da ética e da dignidade.
Outro dia, durante o intervalo de uma programação da Globo, um outro repórter acéfalo do BBB disse que, para ganhar o prêmio de um milhão e meio de reais, um Big Brother tem um caminho árduo pela frente, chamando-os de heróis. Caminho árduo? Heróis?
São esses nossos exemplos de heróis?
Caminho árduo para mim é aquele percorrido por milhões de brasileiros: profissionais da saúde, professores da rede pública (aliás, todos os professores), carteiros, lixeiros e tantos outros trabalhadores incansáveis que, diariamente, passam horas exercendo suas funções com dedicação, competência e amor, quase sempre mal remunerados..
Heróis, são milhares de brasileiros que sequer têm um prato de comida por dia e um colchão decente para dormir e conseguem sobreviver a isso, todo santo dia.
Heróis, são crianças e adultos que lutam contra doenças complicadíssimas porque não tiveram chance de ter uma vida mais saudável e digna.
Heróis, são aqueles que, apesar de ganharem um salário mínimo, pagam suas contas, restando apenas dezesseis reais para alimentação, como mostrado em outra reportagem apresentada, meses atrás pela própria Rede Globo.
O Big Brother Brasil não é um programa cultural, nem educativo, não acrescenta informações e conhecimentos intelectuais aos telespectadores, nem aos participantes, e não há qualquer outro estímulo como, por exemplo, o incentivo ao esporte, à música, à criatividade ou ao ensino de conceitos como valor, ética, trabalho e moral.
E ai vem algum psicólogo de vanguarda e me diz que o BBB ajuda a "entender o comportamento humano". Ah, tenha dó!!!
Veja o que está por de tra$$$$$$$$$$$$$$$$ do BBB: José Neumani da Rádio Jovem Pan, fez um cálculo de que se vinte e nove milhões de pessoas ligarem a cada paredão, com o custo da ligação a trinta centavos, a Rede Globo e a Telefônica arrecadam oito milhões e setecentos mil reais. Eu vou repetir: oito milhões e setecentos mil reais a cada paredão.
Já imaginaram quanto poderia ser feito com essa quantia se fosse dedicada a programas de inclusão social: moradia, alimentação, ensino e saúde de muitos brasileiros?
(Poderiam ser feitas mais de 520 casas populares; ou comprar mais de 5.000 computadores!)
Essas palavras não são de revolta ou protesto, mas de vergonha e indignação, por ver tamanha aberração ter milhões de telespectadores.
Em vez de assistir ao BBB, que tal ler um livro, um poema de Mário Quintana ou de Neruda ou qualquer outra coisa..., ir ao cinema..., estudar... , ouvir boa música..., cuidar das flores e jardins... , telefonar para um amigo... , visitar os avós... , pescar..., brincar com as crianças... , namorar... ou simplesmente dormir.
Assistir ao BBB é ajudar a Globo a ganhar rios de dinheiro e destruir o que ainda resta dos valores sobre os quais foi construída nossa sociedade.
REPASSE ESTE TEXTO
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
princesinha...
quando dedo se lambia
tudo era mar-de-rosa
tu levavas vida em verso
e eu te via toda prosa...
...e tu eras tão pequena,
tão cheirosa, tão macia,
e teu chorar ou fazer cena,
pura manha de guria...
hoje a vida te vê bela
tão bonita, tão formosa,
mas meus olhos vêem aquela,
que foi meu botão de rosa...
tudo era mar-de-rosa
tu levavas vida em verso
e eu te via toda prosa...
...e tu eras tão pequena,
tão cheirosa, tão macia,
e teu chorar ou fazer cena,
pura manha de guria...
hoje a vida te vê bela
tão bonita, tão formosa,
mas meus olhos vêem aquela,
que foi meu botão de rosa...
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
Falar o quê ?

Que se rouba 500 milhões na Funasa ?
Orçam o Pan Americano do Rio em 500 milhões e ao final ele consome 14 bilhões ?
Que sobra dinheiro, mas muito dinheiro para :
- aumento de "salario" de deputados, senadores, ministros e Presidentes;
- arruma-se cabide para 22 mil cargos de confiança - o dobro do que tem os USA com uma população 2 vezes a nossa e PIB 8 vezes maior ?
- gasta-se com cartões corporativos 342 milhões;
- compra-se submarinos e aviões e gasta-se mais de 30 bilhões de reais;
- viaja-se ao exterior com passaportes forjados e ganha-se como se estivesse trabalhando;
- aposenta-se com salarios astronômicos após ter-se trabalhado 10 ou 15 dias;
- pretende-se realizar a copa do mundo e as olimpiadas num pais onde não se tem 30% de saneamento executado;
Ficaria aqui o mês inteiro discorrendo sobre as falcatruas da nossa "elite" governante e ainda haveriam fatos a relatar.
Até quando suportaremos sustentar esta "quadrilha" que assalta o país, há décadas ?
Qual a solução ? Têm solução ?
Eu penso muito sobre isto.
Cheguei a algumas conclusões. Num proximo post eu as coloco.
segunda-feira, 3 de janeiro de 2011
Entrevista com Sam Harris
"Não acreditar em Deus é um atalho para a felicidade"
Em novo livro, o filósofo e neurocientista americano Sam Harris propõe a criação de uma 'ciência da moralidade' para acabar de uma vez por todas com a influência da religião.
"A tolerância à intolerância nada mais é do que covardia"
"Na ciência não existem dogmas. Qualquer afirmação pode ser contestada de maneira sensata e honesta"
"O Papa é culpável pelo escândalo do estupro infantil dentro da Igreja Católica"
—Sam Harris
Quando o filósofo americano Sam Harris soube que o atentado ao World Trade Center em Nova York (Estados Unidos), no dia 11 de setembro de 2001, teve motivações religiosas, a briga passou a ser pessoal. Harris publicou em 2004 o livro A Morte da Fé (Companhia das Letras) — uma brutal investida contra as religiões, segundo ele, responsáveis pelo sofrimento desnecessário de milhões. Para Harris, os únicos anjos que deveríamos invocar são a ‘razão’, a ‘honestidade’ e o ‘amor’.
"A Ciência é capaz de dizer o que é certo e o que é errado", diz Sam Harris
Ao entrar de cabeça em um assunto tão delicado, o filósofo de 43 anos conquistou uma legião de inimigos e deu início a uma espécie de combate literário. Em resposta à repercussão de seu primeiro livro, que levou à publicação de livros-resposta sob as perspectivas muçulmana, católica e outras, os ataques de Harris à fé religiosa continuaram em 2006, com o lançamento do livro Carta a Uma Nação Cristã (Companhia das Letras).
Criado em um lar secular, que nunca discutiu a existência de Deus e nunca criticou outras religiões, Harris recebeu o título de Doutor em Neurociência em 2009 pela Universidade da Califórnia (Estados Unidos). A pesquisa de doutorado serviu como base para seu terceiro livro, lançado em outubro de 2010: The Moral Landscape (sem edição brasileira). Nele, Harris conquista novos inimigos, dessa vez cientistas.
Agora, Harris tenta utilizar a razão e a investigação científica para resolver problemas morais, sugerindo a criação do que ele chama de "ciência da moralidade". Ele afirma que o bem-estar humano está relacionado a estados mentais mensuráveis pela neurociência e, por isso, seria possível investigar a felicidade humana sob essa ótica — algo com que a maioria dos cientistas está longe de concordar.
A ciência da moralidade substituiria a religião no papel de dizer o que é bom ou mau. Esse ‘novo ateísmo’ rendeu a Harris e outros três autores proeminentes — Daniel Dennet, Richard Dawkins e Christopher Hitchens — o título de 'Cavaleiros do Apocalipse'.
Em entrevista ao site de VEJA, Harris explica os pontos mais sensíveis de sua argumentação, e afirma que descrer de Deus é um atalho para a felicidade.
Por que a moralidade e as definições do bem e do mal não deveriam ser deixadas para a religião? O problema com relação à Religião é que ela dissocia as questões do bem e do mal da questão do bem-estar. Por isso, a religião ignora o sofrimento em certas situações, e em outras chega a incentivá-lo. Deixe-me dar um exemplo. Ao se opor aos métodos contraceptivos, a doutrina da Igreja Católica causa sofrimento. É coerente com seus dogmas, embora eles levem crianças a nascerem na pobreza extrema e pessoas a serem infectadas pela aids, por fazerem sexo sem camisinha. Através das eras, os dogmas contribuíram para a miséria humana de maneira tremenda e desnecessária.
Nem toda moralidade é baseada em religião. Existe uma longa tradição de pensamento moral secular por meio da filosofia. O que há de errado com essa tradição? Não há nada de errado com ela a não ser o fato de que a maior parte das discussões filosóficas seculares são confusas e irrelevantes para as questões importantes na vida humana. Deveria ser consenso o apreço ao bem-estar humano. Se alguma coisa é má, é porque ela causa um grande e desnecessário sofrimento ou impede a felicidade das pessoas. Se alguma coisa é boa, é porque ela faz o contrário. Mas existem filósofos seculares batendo cabeça em debates entediantes, dizendo que não podemos falar de verdade moral. Segundo eles, cada cultura deve ser livre para inventar seus ideais morais sem ser perturbado por outros. Isso é loucura. Hoje reconhecemos que a escravidão, que era praticada por muitas culturas, era fonte de sofrimento. Nesse caso, deixamos para trás o relativismo. Por que não podemos fazer o mesmo em outros casos?
Você parece sugerir que a tolerância a outros credos não é uma virtude, como a maioria pensa. Por quê? É um posicionamento inicial muito bom. A tolerância é a inclinação para evitar conflito com outras pessoas. É como queremos que a maioria se comporte a maior parte do tempo quando se depara com diferenças culturais. Mas quando as diferenças se tornam extremas e a disparidade na sabedoria moral se torna incrivelmente óbvia, então, a tolerância não é mais uma opção. A tolerância à intolerância nada mais é do que covardia. Não podemos tolerar uma jihad global. A ideia de que se pode chegar ao paraíso explodindo pessoas inocentes não é um arranjo tolerável. Temos que combater essas coisas por meio da intolerância às pessoas que estão comprometidas com essa ideologia. Não acredito que seria possível sentar à mesa com, por exemplo, Osama Bin Laden e convencê-lo que a forma como ele enxerga o mundo é errada.
Por que a ciência deveria ditar o que é certo e o que é errado? Temos que reconhecer que as questões morais possuem respostas corretas. Se o bem-estar humano surge a partir de certas causas, inclusive neurológicas, quer dizer que existem formas certas e erradas para procurar a felicidade e evitar a infelicidade. E se as respostas corretas existem, elas podem ser investigadas pela ciência. Chamo de ciência o nosso melhor esforço em fazer afirmativas honestas sobre a natureza do mundo, tendo como base a razão e as evidências.
O que é a ciência da moralidade e o que ela quer conquistar? É a ciência da mente humana e das variáveis que afetam a nossa experiência do mundo para o bem ou para o mal. Ela pretende discutir, por exemplo, o que acontece com mulheres e garotas que são forçadas a utilizarem a burca [vestimenta muçulmana que cobre todo o corpo da mulher]. São efeitos neurológicos, psicológicos, sociológicos que afetam o bem-estar dos seres humanos. Com a burca, sabemos que é ruim para as mulheres e para a sociedade. Se metade de uma sociedade é forçada a ser analfabeta e economicamente improdutiva, mas ter quantos filhos conseguir, fica óbvio que essa é uma estratégia ruim para construir uma população que prospera. O objetivo é entender o bem-estar humano. Assim como queremos fazer convergir os princípios do conhecimento, queremos que as pessoas sejam racionais, que avaliem as evidências, que sejam intelectualmente honestas e que não sejam guiadas por ilusões. A Ciência da Moralidade pretende aumentar as possibilidades da felicidade humana.
O senhor afirma que há um muro dividindo a ciência e a moralidade. No que ele consiste? Existem razões boas e ruins para a existência desse muro. A boa é que os cientistas reconhecem que os elementos relevantes ao bem-estar humano são extremamente complicados. Sabemos muito pouco sobre o cérebro, por exemplo, para entender todos os aspectos da mente humana. A ciência espera um dia responder essas questões e isso é muito bom. A razão ruim é que muitos cientistas foram confundidos pela filosofia a pensar que a ciência é um espaço sem valores. E a moralidade está, por definição, na seara dos valores. Esse muro não será destruído enquanto não admitirmos que a moralidade está relacionada à experiência humana, que por sua vez está relacionada com o cérebro e com a forma pela qual o universo se apresenta. Ou seja, por elementos que podem ser investigados pela ciência.
Quais avanços científicos lhe fazem pensar que, agora, a moralidade pode ser tratada a partir do ponto de vista do laboratório? Temos condição de dizer quando uma pessoa está olhando para um rosto, ou uma casa, ou um animal, ou quais palavras ela está pensando dentro de uma lista. Esse nível cru de diferenciação de estados mentais está definitivamente ao alcance da ciência. Sabemos quando uma pessoa está sentindo medo ou amor. Por causa disso podemos, em princípio, pegar uma pessoa que diz não ser racista, colocá-la em um medidor e verificar se ela está falando a verdade. Não apenas isso, podemos descobrir se ela está mentindo para si mesma ou para as outras pessoas. A tecnologia já chegou a esse nível, mas não conseguimos ler a mente das pessoas com detalhes. É possível que futuramente possamos descobrir coisas sobre a nossa subjetividade de que não temos consciência, utilizando experimentos científicos. E isso tudo se relaciona ao bem-estar humano e o modo como as pessoas ficam felizes e como poderemos viver juntos para maximizar a possibilidade de ter vidas que valham a pena.
Por que deveríamos confiar a educação dos nossos filhos aos valores científicos? Os cientistas não se transformariam, com o tempo, em algo como padres, mas com uma ‘batina’ diferente? Cientistas não são padres. Os médicos, por exemplo, agem sob o pensamento da medicina, que, como fonte de autoridade, não se tornou arrogante ou limitou a liberdade das pessoas de maneira assustadora. É uma disciplina que está concentrada em entender a vida humana e minimizar o sofrimento físico. Seu médico nunca vai até você ‘pregar’ sobre os preceitos da ciência, você vai até ele quando precisa. Pais que se deixam guiar por dogmas religiosos não dão remédios aos filhos e os deixam morrer. Na ciência não existem dogmas. Qualquer afirmação pode ser contestada de maneira sensata e honesta.
O que dizer dos experimentos neurológicos que sugerem que a crença religiosa está embutida nos nossos cérebros? Não acho que a crença religiosa esteja embutida no cérebro humano. Mas digamos que esteja. Façamos um paralelo com a bruxaria. Pode ser que a crença em bruxaria estivesse embutida em nossos cérebros. A bruxaria matou muitos seres humanos, assim como a religião. Todas as culturas tradicionais acreditaram em algum momento em bruxas e no poder de magia e, na verdade, a crença na reza possui um conceito semelhante. Algumas pessoas dizem que sempre acreditaremos em bruxas, que a saúde humana será afetada pela 'magia' de vizinhos. Na África, muitas pessoas realmente acreditam em bruxaria e isso é terrível porque causa sofrimento desnecessário. Quando não se entende porque as pessoas ficam doentes, ou porque as crianças morrem antes dos três anos, você está num estado de ignorância que a crença em bruxaria está suprindo uma necessidade de maneira nociva. Superamos isso no mundo desenvolvido por causa do avanço da Ciência. Sabemos como a agricultura é afetada, por exemplo. Entendemos os fenômenos meteorológicos e a biologia das plantas. Não é algo que a religião resolve, e sim a ciência. Mas costumava ser assim. A crença na regência de um deus sobre a lavoura era universal.
As pessoas deveriam parar de acreditar em Deus? Se eu acho que as pessoas deveriam parar de acreditar no Deus da Bíblia? Com certeza. Da mesma forma que as pessoas pararam de acreditar em Zeus, em Thor e milhares de deuses mortos. O Deus da Bíblia tem exatamente o mesmo status desses deuses mortos. É um acidente histórico estarmos falando dele e não de Zeus. Poderíamos estar vivendo num mundo onde os suicidas muçulmanos se explodiriam por causa de ideias dos deuses do Monte Olimpo. A diferença entre xiitas e sunitas muçulmanos é a mesma diferença entre seguidores de Apolo e seguidores de Dionísio.
O senhor sempre foi ateu? Nunca me considerei um ateu, nem mesmo ao escrever meu primeiro livro. Todos somos ateus em relação a Zeus e Thor. Eu era um ateu em relação a eles e ao deus de Abraão. Mas nunca me considerei um ateu, como a maioria das pessoas não se considera pagã em relação aos deuses do Monte Olimpo. Foi no 11 de setembro de 2001, dia do atentado ao World Trade Center em Nova York, que senti que criticar a religião publicamente havia se tornado uma necessidade moral e intelectual. Antes disso eu era apenas um descrente. Eu nunca havia lido livros ateus, ou tivera qualquer conexão com a comunidade ateísta. O ateísmo não é um conceito que considere interessante ou útil. Temos que falar sobre razão, evidências, verdade, honestidade intelectual — todas essas coisas são virtudes que nos deram a ciência e todo tipo de comportamento pacífico e cooperativo. Não é preciso dizer que você é contra algo para advogar em favor da honestidade intelectual. Foi justamente isso que destruiu os dogmas religiosos.
O senhor cresceu em um ambiente religioso? Cresci em um ambiente completamente secular, mas não havia crítica às religiões ou discussões sobre ateísmo, existência de Deus etc. Quando era adolescente, fiquei muito interessado em religiões e experiências religiosas. Coisas como meditação, por exemplo. Aos vinte, comecei a estudar espiritualidade e misticismo. Ainda me interesso por essas coisas, mas acho que, para experimentar, não precisamos acreditar em nada que não possua evidencias suficientes.
Como o senhor se sente em ser rotulado como um dos ‘Quatro Cavaleiros do Apocalipse’? Estou muito feliz com a companhia! É uma honra. A associação não me desagrada de forma alguma. Acho que os quatro lucraram por terem sido reunidos e tratados como uma pessoa de quatro cabeças. Em alguns momentos é um desserviço porque nossos argumentos não são exatamente os mesmos e não acreditamos nas mesmas coisas em todos os pontos. Mas tem sido útil sob o ponto de vista das publicações e admiro muito os outros cavaleiros — os considero mentores e amigos. A parte do apocalipse tem um efeito cômico.
Se o senhor tivesse a chance de se encontrar com o Papa para um longo e honesto bate-papo, qual seria sua primeira pergunta? Gostaria de falar imediatamente sobre o escândalo do estupro infantil dentro da Igreja Católica. Acho que o Papa é culpável por tudo que aconteceu. A evidência nesse momento sugere que ele estava entre as pessoas que conseguiram fazer prolongar o sofrimento de crianças por muitos anos. Acho que ele trabalhou ativamente para proteger a Igreja do constrangimento e no processo conseguiu garantir que os estupradores tivessem acesso às crianças por décadas além do que deveria ter sido. O Papa deveria ser diretamente desafiado por causa disso. Contudo, é algo que seu status como líder religioso impede que aconteça. Ele nunca seria protegido dessa forma se ele estivesse em qualquer outra posição na sociedade. Imagine o que aconteceria se descobrissem que o reitor da Universidade de Harvard [uma das universidades americanas mais respeitadas do mundo] tivesse permitido que empregados da universidade estuprassem crianças por décadas e ele tivesse mudado essas pessoas de departamento para protegê-las da justiça secular? Ele estaria na cadeia agora. E isso é impensável quando se fala do Papa. Isso acontece por que nos ensinaram a tratar a religião com deferência.
Em novo livro, o filósofo e neurocientista americano Sam Harris propõe a criação de uma 'ciência da moralidade' para acabar de uma vez por todas com a influência da religião.
"A tolerância à intolerância nada mais é do que covardia"
"Na ciência não existem dogmas. Qualquer afirmação pode ser contestada de maneira sensata e honesta"
"O Papa é culpável pelo escândalo do estupro infantil dentro da Igreja Católica"
—Sam Harris
Quando o filósofo americano Sam Harris soube que o atentado ao World Trade Center em Nova York (Estados Unidos), no dia 11 de setembro de 2001, teve motivações religiosas, a briga passou a ser pessoal. Harris publicou em 2004 o livro A Morte da Fé (Companhia das Letras) — uma brutal investida contra as religiões, segundo ele, responsáveis pelo sofrimento desnecessário de milhões. Para Harris, os únicos anjos que deveríamos invocar são a ‘razão’, a ‘honestidade’ e o ‘amor’.
"A Ciência é capaz de dizer o que é certo e o que é errado", diz Sam Harris
Ao entrar de cabeça em um assunto tão delicado, o filósofo de 43 anos conquistou uma legião de inimigos e deu início a uma espécie de combate literário. Em resposta à repercussão de seu primeiro livro, que levou à publicação de livros-resposta sob as perspectivas muçulmana, católica e outras, os ataques de Harris à fé religiosa continuaram em 2006, com o lançamento do livro Carta a Uma Nação Cristã (Companhia das Letras).
Criado em um lar secular, que nunca discutiu a existência de Deus e nunca criticou outras religiões, Harris recebeu o título de Doutor em Neurociência em 2009 pela Universidade da Califórnia (Estados Unidos). A pesquisa de doutorado serviu como base para seu terceiro livro, lançado em outubro de 2010: The Moral Landscape (sem edição brasileira). Nele, Harris conquista novos inimigos, dessa vez cientistas.
Agora, Harris tenta utilizar a razão e a investigação científica para resolver problemas morais, sugerindo a criação do que ele chama de "ciência da moralidade". Ele afirma que o bem-estar humano está relacionado a estados mentais mensuráveis pela neurociência e, por isso, seria possível investigar a felicidade humana sob essa ótica — algo com que a maioria dos cientistas está longe de concordar.
A ciência da moralidade substituiria a religião no papel de dizer o que é bom ou mau. Esse ‘novo ateísmo’ rendeu a Harris e outros três autores proeminentes — Daniel Dennet, Richard Dawkins e Christopher Hitchens — o título de 'Cavaleiros do Apocalipse'.
Em entrevista ao site de VEJA, Harris explica os pontos mais sensíveis de sua argumentação, e afirma que descrer de Deus é um atalho para a felicidade.
Por que a moralidade e as definições do bem e do mal não deveriam ser deixadas para a religião? O problema com relação à Religião é que ela dissocia as questões do bem e do mal da questão do bem-estar. Por isso, a religião ignora o sofrimento em certas situações, e em outras chega a incentivá-lo. Deixe-me dar um exemplo. Ao se opor aos métodos contraceptivos, a doutrina da Igreja Católica causa sofrimento. É coerente com seus dogmas, embora eles levem crianças a nascerem na pobreza extrema e pessoas a serem infectadas pela aids, por fazerem sexo sem camisinha. Através das eras, os dogmas contribuíram para a miséria humana de maneira tremenda e desnecessária.
Nem toda moralidade é baseada em religião. Existe uma longa tradição de pensamento moral secular por meio da filosofia. O que há de errado com essa tradição? Não há nada de errado com ela a não ser o fato de que a maior parte das discussões filosóficas seculares são confusas e irrelevantes para as questões importantes na vida humana. Deveria ser consenso o apreço ao bem-estar humano. Se alguma coisa é má, é porque ela causa um grande e desnecessário sofrimento ou impede a felicidade das pessoas. Se alguma coisa é boa, é porque ela faz o contrário. Mas existem filósofos seculares batendo cabeça em debates entediantes, dizendo que não podemos falar de verdade moral. Segundo eles, cada cultura deve ser livre para inventar seus ideais morais sem ser perturbado por outros. Isso é loucura. Hoje reconhecemos que a escravidão, que era praticada por muitas culturas, era fonte de sofrimento. Nesse caso, deixamos para trás o relativismo. Por que não podemos fazer o mesmo em outros casos?
Você parece sugerir que a tolerância a outros credos não é uma virtude, como a maioria pensa. Por quê? É um posicionamento inicial muito bom. A tolerância é a inclinação para evitar conflito com outras pessoas. É como queremos que a maioria se comporte a maior parte do tempo quando se depara com diferenças culturais. Mas quando as diferenças se tornam extremas e a disparidade na sabedoria moral se torna incrivelmente óbvia, então, a tolerância não é mais uma opção. A tolerância à intolerância nada mais é do que covardia. Não podemos tolerar uma jihad global. A ideia de que se pode chegar ao paraíso explodindo pessoas inocentes não é um arranjo tolerável. Temos que combater essas coisas por meio da intolerância às pessoas que estão comprometidas com essa ideologia. Não acredito que seria possível sentar à mesa com, por exemplo, Osama Bin Laden e convencê-lo que a forma como ele enxerga o mundo é errada.
Por que a ciência deveria ditar o que é certo e o que é errado? Temos que reconhecer que as questões morais possuem respostas corretas. Se o bem-estar humano surge a partir de certas causas, inclusive neurológicas, quer dizer que existem formas certas e erradas para procurar a felicidade e evitar a infelicidade. E se as respostas corretas existem, elas podem ser investigadas pela ciência. Chamo de ciência o nosso melhor esforço em fazer afirmativas honestas sobre a natureza do mundo, tendo como base a razão e as evidências.
O que é a ciência da moralidade e o que ela quer conquistar? É a ciência da mente humana e das variáveis que afetam a nossa experiência do mundo para o bem ou para o mal. Ela pretende discutir, por exemplo, o que acontece com mulheres e garotas que são forçadas a utilizarem a burca [vestimenta muçulmana que cobre todo o corpo da mulher]. São efeitos neurológicos, psicológicos, sociológicos que afetam o bem-estar dos seres humanos. Com a burca, sabemos que é ruim para as mulheres e para a sociedade. Se metade de uma sociedade é forçada a ser analfabeta e economicamente improdutiva, mas ter quantos filhos conseguir, fica óbvio que essa é uma estratégia ruim para construir uma população que prospera. O objetivo é entender o bem-estar humano. Assim como queremos fazer convergir os princípios do conhecimento, queremos que as pessoas sejam racionais, que avaliem as evidências, que sejam intelectualmente honestas e que não sejam guiadas por ilusões. A Ciência da Moralidade pretende aumentar as possibilidades da felicidade humana.
O senhor afirma que há um muro dividindo a ciência e a moralidade. No que ele consiste? Existem razões boas e ruins para a existência desse muro. A boa é que os cientistas reconhecem que os elementos relevantes ao bem-estar humano são extremamente complicados. Sabemos muito pouco sobre o cérebro, por exemplo, para entender todos os aspectos da mente humana. A ciência espera um dia responder essas questões e isso é muito bom. A razão ruim é que muitos cientistas foram confundidos pela filosofia a pensar que a ciência é um espaço sem valores. E a moralidade está, por definição, na seara dos valores. Esse muro não será destruído enquanto não admitirmos que a moralidade está relacionada à experiência humana, que por sua vez está relacionada com o cérebro e com a forma pela qual o universo se apresenta. Ou seja, por elementos que podem ser investigados pela ciência.
Quais avanços científicos lhe fazem pensar que, agora, a moralidade pode ser tratada a partir do ponto de vista do laboratório? Temos condição de dizer quando uma pessoa está olhando para um rosto, ou uma casa, ou um animal, ou quais palavras ela está pensando dentro de uma lista. Esse nível cru de diferenciação de estados mentais está definitivamente ao alcance da ciência. Sabemos quando uma pessoa está sentindo medo ou amor. Por causa disso podemos, em princípio, pegar uma pessoa que diz não ser racista, colocá-la em um medidor e verificar se ela está falando a verdade. Não apenas isso, podemos descobrir se ela está mentindo para si mesma ou para as outras pessoas. A tecnologia já chegou a esse nível, mas não conseguimos ler a mente das pessoas com detalhes. É possível que futuramente possamos descobrir coisas sobre a nossa subjetividade de que não temos consciência, utilizando experimentos científicos. E isso tudo se relaciona ao bem-estar humano e o modo como as pessoas ficam felizes e como poderemos viver juntos para maximizar a possibilidade de ter vidas que valham a pena.
Por que deveríamos confiar a educação dos nossos filhos aos valores científicos? Os cientistas não se transformariam, com o tempo, em algo como padres, mas com uma ‘batina’ diferente? Cientistas não são padres. Os médicos, por exemplo, agem sob o pensamento da medicina, que, como fonte de autoridade, não se tornou arrogante ou limitou a liberdade das pessoas de maneira assustadora. É uma disciplina que está concentrada em entender a vida humana e minimizar o sofrimento físico. Seu médico nunca vai até você ‘pregar’ sobre os preceitos da ciência, você vai até ele quando precisa. Pais que se deixam guiar por dogmas religiosos não dão remédios aos filhos e os deixam morrer. Na ciência não existem dogmas. Qualquer afirmação pode ser contestada de maneira sensata e honesta.
O que dizer dos experimentos neurológicos que sugerem que a crença religiosa está embutida nos nossos cérebros? Não acho que a crença religiosa esteja embutida no cérebro humano. Mas digamos que esteja. Façamos um paralelo com a bruxaria. Pode ser que a crença em bruxaria estivesse embutida em nossos cérebros. A bruxaria matou muitos seres humanos, assim como a religião. Todas as culturas tradicionais acreditaram em algum momento em bruxas e no poder de magia e, na verdade, a crença na reza possui um conceito semelhante. Algumas pessoas dizem que sempre acreditaremos em bruxas, que a saúde humana será afetada pela 'magia' de vizinhos. Na África, muitas pessoas realmente acreditam em bruxaria e isso é terrível porque causa sofrimento desnecessário. Quando não se entende porque as pessoas ficam doentes, ou porque as crianças morrem antes dos três anos, você está num estado de ignorância que a crença em bruxaria está suprindo uma necessidade de maneira nociva. Superamos isso no mundo desenvolvido por causa do avanço da Ciência. Sabemos como a agricultura é afetada, por exemplo. Entendemos os fenômenos meteorológicos e a biologia das plantas. Não é algo que a religião resolve, e sim a ciência. Mas costumava ser assim. A crença na regência de um deus sobre a lavoura era universal.
As pessoas deveriam parar de acreditar em Deus? Se eu acho que as pessoas deveriam parar de acreditar no Deus da Bíblia? Com certeza. Da mesma forma que as pessoas pararam de acreditar em Zeus, em Thor e milhares de deuses mortos. O Deus da Bíblia tem exatamente o mesmo status desses deuses mortos. É um acidente histórico estarmos falando dele e não de Zeus. Poderíamos estar vivendo num mundo onde os suicidas muçulmanos se explodiriam por causa de ideias dos deuses do Monte Olimpo. A diferença entre xiitas e sunitas muçulmanos é a mesma diferença entre seguidores de Apolo e seguidores de Dionísio.
O senhor sempre foi ateu? Nunca me considerei um ateu, nem mesmo ao escrever meu primeiro livro. Todos somos ateus em relação a Zeus e Thor. Eu era um ateu em relação a eles e ao deus de Abraão. Mas nunca me considerei um ateu, como a maioria das pessoas não se considera pagã em relação aos deuses do Monte Olimpo. Foi no 11 de setembro de 2001, dia do atentado ao World Trade Center em Nova York, que senti que criticar a religião publicamente havia se tornado uma necessidade moral e intelectual. Antes disso eu era apenas um descrente. Eu nunca havia lido livros ateus, ou tivera qualquer conexão com a comunidade ateísta. O ateísmo não é um conceito que considere interessante ou útil. Temos que falar sobre razão, evidências, verdade, honestidade intelectual — todas essas coisas são virtudes que nos deram a ciência e todo tipo de comportamento pacífico e cooperativo. Não é preciso dizer que você é contra algo para advogar em favor da honestidade intelectual. Foi justamente isso que destruiu os dogmas religiosos.
O senhor cresceu em um ambiente religioso? Cresci em um ambiente completamente secular, mas não havia crítica às religiões ou discussões sobre ateísmo, existência de Deus etc. Quando era adolescente, fiquei muito interessado em religiões e experiências religiosas. Coisas como meditação, por exemplo. Aos vinte, comecei a estudar espiritualidade e misticismo. Ainda me interesso por essas coisas, mas acho que, para experimentar, não precisamos acreditar em nada que não possua evidencias suficientes.
Como o senhor se sente em ser rotulado como um dos ‘Quatro Cavaleiros do Apocalipse’? Estou muito feliz com a companhia! É uma honra. A associação não me desagrada de forma alguma. Acho que os quatro lucraram por terem sido reunidos e tratados como uma pessoa de quatro cabeças. Em alguns momentos é um desserviço porque nossos argumentos não são exatamente os mesmos e não acreditamos nas mesmas coisas em todos os pontos. Mas tem sido útil sob o ponto de vista das publicações e admiro muito os outros cavaleiros — os considero mentores e amigos. A parte do apocalipse tem um efeito cômico.
Se o senhor tivesse a chance de se encontrar com o Papa para um longo e honesto bate-papo, qual seria sua primeira pergunta? Gostaria de falar imediatamente sobre o escândalo do estupro infantil dentro da Igreja Católica. Acho que o Papa é culpável por tudo que aconteceu. A evidência nesse momento sugere que ele estava entre as pessoas que conseguiram fazer prolongar o sofrimento de crianças por muitos anos. Acho que ele trabalhou ativamente para proteger a Igreja do constrangimento e no processo conseguiu garantir que os estupradores tivessem acesso às crianças por décadas além do que deveria ter sido. O Papa deveria ser diretamente desafiado por causa disso. Contudo, é algo que seu status como líder religioso impede que aconteça. Ele nunca seria protegido dessa forma se ele estivesse em qualquer outra posição na sociedade. Imagine o que aconteceria se descobrissem que o reitor da Universidade de Harvard [uma das universidades americanas mais respeitadas do mundo] tivesse permitido que empregados da universidade estuprassem crianças por décadas e ele tivesse mudado essas pessoas de departamento para protegê-las da justiça secular? Ele estaria na cadeia agora. E isso é impensável quando se fala do Papa. Isso acontece por que nos ensinaram a tratar a religião com deferência.
domingo, 2 de janeiro de 2011
Dilma e Guimarães Rosa
A Presidente citou em seu discurso de posse dois excertos de obras de Guimarães Rosa. Mas não citou o nome do autor.
Um discurso é um texto escrito e lido, e não é uma peça acadêmica, não sofre com as restrições da ABNT. Mas este é peça político-jurídica, que vai para os anais da legislatura brasileira, e deveria ter tratamento semelhante aos do primeiro tipo. Feito, lido e relido por pessoas as mais capazes, passou desapercebido a todos eles esta imperfeição construtiva, fato que pode a principio, pelos leigos, ser comparado a no máximo um esquecimento, quiçá uma indelicadeza, mas que na verdade, se o mesmo ocorresse em uma prova acadêmica, como a que fez recentemente um de seus novos ministros ao se doutorar, ser-lhe-iam tirados pontos preciosos.
Em alto e bom tom diz a Presidente que se “socorria” a um “ poeta da minha terra”. Fantástico. Um poeta. E Minas tem tantos...
Uma analogia igual a esta seria se ela tivesse mostrado um gol do Pele ou de Zico, de Ronaldo ou Ronaldinho, e dissesse simploriamente: “este gol é de um jogador lá da minha terra”. Estaria errada ? Não. O jogador é da sua terra. Mas é qualquer um ? Todos fazem gol assim lá? perguntariam os estrangeiros. Não. Só uns poucos. Aqueles especiais, que aparecem de tempos em tempos.
E João Guimarães Rosa assim o foi. Foi poeta, foi escritor excepcional, mundialmente reconhecido, e foi diplomata também, e se destacou (vide sua participação na embaixada brasileira em Berlin e a lembrança de seu nome entre os judeus na segunda guerra mundial, ao correr risco de vida, junto com sua esposa, e dar abrigo e apoio a vários perseguidos pelo nazismo) – e foi médico. Foi um destes especiais. E deste brasileiro especial foi emprestado, à sua revelia, parte de sua obra magnífica para alguém que, antes de dar exemplo e exaltá-la, pois a obra e o seu autor já deram mostras da sua importância e de sua vida, reconhecidos, pelo mundo todo, se serve dela para ilustrar e exemplificar seu modesto discurso de inauguração.
Lamentando a “distração” cometida, convivemos com o primeiro deslize da Presidente para com um importante mineiro, da terra que ela diz ser “sua terra” .
Me fez recordar um fato narrado pelo grande José Vasconcellos, dos maiores humoristas que o Brasil teve - encontra-se lamentavelmente deixado em esquecimento.
Diz ele em um de seus sketches :
Em 1949, a Radio Nacional apresentava um programa de calouros, tendo como apresentador o inesquecível e não menos famoso Ari Barroso, mineiro de Ubá, como a senhora sabe.
Em dado instante é chamado um rapaz que timidamente diz, ao ser perguntado pelo apresentador, que vai cantar um “sambinha”;
-E qual “sambinha” o senhor vai cantar ?
- “Carela do Brasil”.
-Como é mesmo o nome do “sambinha” ? “Carela do Brasil”?
-É, responde o timido calouro...
- Pois seu fulano, aqui neste programa o senhor não vai cantar o “sambinha” “Carela do Brasil”, ta ouvindo? e enxotou o rapaz de sua presença. E continuou para o auditório e para os radio-ouvintes, justificando seu ato :
-O cara passa anos ralando, aprendendo como se faz musica, letra, harmonia, arranjos etc.. Compõe uma musica que é sucesso mundial e que representa o Brasil aonde se for neste mundo. Pois bem. Aí vem um sujeito da sua terra e na sua cara e diz que vai cantar o seu “sambinha”, “Carela do Brasil?”
Ora, que ele vá cantar lá no raio que o parta.... Aqui não !
Sra. Presidente, reconhecimento é bom, faz bem, e os familiares de JGR agradecem
Um discurso é um texto escrito e lido, e não é uma peça acadêmica, não sofre com as restrições da ABNT. Mas este é peça político-jurídica, que vai para os anais da legislatura brasileira, e deveria ter tratamento semelhante aos do primeiro tipo. Feito, lido e relido por pessoas as mais capazes, passou desapercebido a todos eles esta imperfeição construtiva, fato que pode a principio, pelos leigos, ser comparado a no máximo um esquecimento, quiçá uma indelicadeza, mas que na verdade, se o mesmo ocorresse em uma prova acadêmica, como a que fez recentemente um de seus novos ministros ao se doutorar, ser-lhe-iam tirados pontos preciosos.
Em alto e bom tom diz a Presidente que se “socorria” a um “ poeta da minha terra”. Fantástico. Um poeta. E Minas tem tantos...
Uma analogia igual a esta seria se ela tivesse mostrado um gol do Pele ou de Zico, de Ronaldo ou Ronaldinho, e dissesse simploriamente: “este gol é de um jogador lá da minha terra”. Estaria errada ? Não. O jogador é da sua terra. Mas é qualquer um ? Todos fazem gol assim lá? perguntariam os estrangeiros. Não. Só uns poucos. Aqueles especiais, que aparecem de tempos em tempos.
E João Guimarães Rosa assim o foi. Foi poeta, foi escritor excepcional, mundialmente reconhecido, e foi diplomata também, e se destacou (vide sua participação na embaixada brasileira em Berlin e a lembrança de seu nome entre os judeus na segunda guerra mundial, ao correr risco de vida, junto com sua esposa, e dar abrigo e apoio a vários perseguidos pelo nazismo) – e foi médico. Foi um destes especiais. E deste brasileiro especial foi emprestado, à sua revelia, parte de sua obra magnífica para alguém que, antes de dar exemplo e exaltá-la, pois a obra e o seu autor já deram mostras da sua importância e de sua vida, reconhecidos, pelo mundo todo, se serve dela para ilustrar e exemplificar seu modesto discurso de inauguração.
Lamentando a “distração” cometida, convivemos com o primeiro deslize da Presidente para com um importante mineiro, da terra que ela diz ser “sua terra” .
Me fez recordar um fato narrado pelo grande José Vasconcellos, dos maiores humoristas que o Brasil teve - encontra-se lamentavelmente deixado em esquecimento.
Diz ele em um de seus sketches :
Em 1949, a Radio Nacional apresentava um programa de calouros, tendo como apresentador o inesquecível e não menos famoso Ari Barroso, mineiro de Ubá, como a senhora sabe.
Em dado instante é chamado um rapaz que timidamente diz, ao ser perguntado pelo apresentador, que vai cantar um “sambinha”;
-E qual “sambinha” o senhor vai cantar ?
- “Carela do Brasil”.
-Como é mesmo o nome do “sambinha” ? “Carela do Brasil”?
-É, responde o timido calouro...
- Pois seu fulano, aqui neste programa o senhor não vai cantar o “sambinha” “Carela do Brasil”, ta ouvindo? e enxotou o rapaz de sua presença. E continuou para o auditório e para os radio-ouvintes, justificando seu ato :
-O cara passa anos ralando, aprendendo como se faz musica, letra, harmonia, arranjos etc.. Compõe uma musica que é sucesso mundial e que representa o Brasil aonde se for neste mundo. Pois bem. Aí vem um sujeito da sua terra e na sua cara e diz que vai cantar o seu “sambinha”, “Carela do Brasil?”
Ora, que ele vá cantar lá no raio que o parta.... Aqui não !
Sra. Presidente, reconhecimento é bom, faz bem, e os familiares de JGR agradecem
sábado, 25 de dezembro de 2010
Un Vestido Y Un Amor (Te Vi) - autor: Fito Paez
Te vi... juntabas margaritas del mantel
Ya sé que te traté bastante mal,
No se si eras un angel o un rubi
O simplemente te vi.
Te vi, saliste entre la gente a saludar
Los astros se rieron otra vez, la llave de mandala se quebró
O simplemente te vi.
Todo lo que diga está de más,
Las luces siempre encienden en el alma
Y cuando me pierdo en la ciudad, vos ya sabés comprender
Es sólo un rato no más, tendría que llorar o salir a matar.
Te vi, te vi, te vi... yo no buscaba nadie y te vi.
Te vi... fumabas unos chinos en madrid
Hay cosas que te ayudan a vivir
No hacías otra cosa que escribir
Y yo simplemente te vi.
Me fui... me voy, de vez en cuando a algun lugar
Ya sé, no te hace gracia este país...
Tenías un vestido y un amor...y yo simplemente te vi.
Todo lo que diga esta de mas,
Las luces siempre encienden en el alma
Y cuando me pierdo en la ciudad,
Vos ya sabés comprender... es sólo un rato no más,
Tendría que llorar o salir a matar...
Te vi, te vi, te vi... yo no buscaba nadie y te vi.
Ya sé que te traté bastante mal,
No se si eras un angel o un rubi
O simplemente te vi.
Te vi, saliste entre la gente a saludar
Los astros se rieron otra vez, la llave de mandala se quebró
O simplemente te vi.
Todo lo que diga está de más,
Las luces siempre encienden en el alma
Y cuando me pierdo en la ciudad, vos ya sabés comprender
Es sólo un rato no más, tendría que llorar o salir a matar.
Te vi, te vi, te vi... yo no buscaba nadie y te vi.
Te vi... fumabas unos chinos en madrid
Hay cosas que te ayudan a vivir
No hacías otra cosa que escribir
Y yo simplemente te vi.
Me fui... me voy, de vez en cuando a algun lugar
Ya sé, no te hace gracia este país...
Tenías un vestido y un amor...y yo simplemente te vi.
Todo lo que diga esta de mas,
Las luces siempre encienden en el alma
Y cuando me pierdo en la ciudad,
Vos ya sabés comprender... es sólo un rato no más,
Tendría que llorar o salir a matar...
Te vi, te vi, te vi... yo no buscaba nadie y te vi.
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
Flor do Vento
Tem, por certo,
um certo tempo,
que eu as vezes
forço e tento
em vão, me achar...
não sei de mim...
Tem, por certo,
um certo tempo,
que eu as vezes
paro e penso
que foi sonho...
e foi assim...
Houve um dia
um breve tempo,
contar mês,
vai mais de cento,
é, tem muito tempo, sim...
Que eu perdi
noção do tempo,
ao olhar
com certo aumento
bela flor,
junto ao jardim...
Jeito inquieto
e muito atento,
belas formas,
(mostra o vento),
linda! um afronto,
diz o jasmim...
Disfarço, isento
e olhar rapina,
tropeço, caio
bato em quina,
e nem sequer
me vem lamento,
Só me vem
um pensamento:
ter naquele curto evento
um olhar ,
um só relance :
- Olhe pra cá, Olhe pra mim...
Mas, já?
já vai embora?
não me viu,
nem vai notar ?,
- meu deus, e agora?
num passeio, num jardim
não deve o tempo descansar?
Elevo olhar
pro firmamento,
expresso, clamo ,
apelo, insisto:
-eu existo, eu existo,
sou eu, aqui junto ao jardim...
Paixão-momento,
falta o ar,
mas Sobra o vento;
voa o tempo...
e a flor voou...
ficamos nós:
eu, o jardim,
e o pensamento...
Suplico, então,
ao deus do tempo :
salta, pára, se detenha...
dê ao menos outra volta,
volta a menos obtenha,
ou senão, seja a revolta,
ou então, me cobre aumento,
quem se importa,
te suplico, aja assim :
Em outro dia,
em outro tempo
em outra volta
faça invento,
e traz a flor
pro meu jardim...
E desta vez
me dê mais tempo,
pra dizer :
oh! bela flor,
oh! flor do vento,
quero este teu
olhar para mim...
um certo tempo,
que eu as vezes
forço e tento
em vão, me achar...
não sei de mim...
Tem, por certo,
um certo tempo,
que eu as vezes
paro e penso
que foi sonho...
e foi assim...
Houve um dia
um breve tempo,
contar mês,
vai mais de cento,
é, tem muito tempo, sim...
Que eu perdi
noção do tempo,
ao olhar
com certo aumento
bela flor,
junto ao jardim...
Jeito inquieto
e muito atento,
belas formas,
(mostra o vento),
linda! um afronto,
diz o jasmim...
Disfarço, isento
e olhar rapina,
tropeço, caio
bato em quina,
e nem sequer
me vem lamento,
Só me vem
um pensamento:
ter naquele curto evento
um olhar ,
um só relance :
- Olhe pra cá, Olhe pra mim...
Mas, já?
já vai embora?
não me viu,
nem vai notar ?,
- meu deus, e agora?
num passeio, num jardim
não deve o tempo descansar?
Elevo olhar
pro firmamento,
expresso, clamo ,
apelo, insisto:
-eu existo, eu existo,
sou eu, aqui junto ao jardim...
Paixão-momento,
falta o ar,
mas Sobra o vento;
voa o tempo...
e a flor voou...
ficamos nós:
eu, o jardim,
e o pensamento...
Suplico, então,
ao deus do tempo :
salta, pára, se detenha...
dê ao menos outra volta,
volta a menos obtenha,
ou senão, seja a revolta,
ou então, me cobre aumento,
quem se importa,
te suplico, aja assim :
Em outro dia,
em outro tempo
em outra volta
faça invento,
e traz a flor
pro meu jardim...
E desta vez
me dê mais tempo,
pra dizer :
oh! bela flor,
oh! flor do vento,
quero este teu
olhar para mim...
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
Meu bró
Amigos,
Sacou?
Sente?
Aonde ele vai,
Eu vou,
Não pergunto se é bom, não aviso,
Vamo em frente..
Se quer companhia, é preciso?
É com a gente,
Tá sabendo?
Juntos, se faz
Quase tudo,
Não carece sentido, é louco,
Não estar lado a lado,
Como se fosse um do outro,
Um escudo.
Tem vagabundo que ri:
-Véio, tem coisa aí,
Amizade só? Daí sai...
-Sai quebrando, ô mané.
Vê se morre, carái...
Eu sou Sepultura, Metallica, Stones, na dura...
Ele é JackJohnson, Caetano, ColdPlay, Los hermanos...
A gente curte o Raul, profeta, visionário...
De política? tô fora
Político é esperto,
A gente que é otário,
Demorô, tá hilário ?
Quem tem bró, é assim,
Cê sabe, me entende
Se o cara tá mal, mareado...
Me derruba, my friend,
Preocupação normal, de chegado,
Se sou eu, com certeza,
Faria mais, tô errado?
Eu ligo de noite, se entrei numa errada,
Pra malhar, tomá uma, ou pra sacanear,
Minha vida, meus trancos,
Meu medos, terrores,
Das ferradas, perdidas, saca?
Lutadas, sofridas, fudidas...
Nem tudo são flores,
Na vida,
Ô Babaca...
Me lembro das horas torradas,
Ralando pro vestibular,
-Não passo, sei nada, cansei de falar...
Meu pai me arrebenta,
Se desta eu der mole e dançar..
Mas você sempre diz:
Num se entrega,
Num abate,
Num perde de vista,
Cê vai chegar lá...
Sábado vai rolá banda nova no Hall,
Vacilô, tamo nós,
Entre as gatas,
Caçadas na pista,
Tá na mão.
A gente é assim...
Meu bró, mais que amigo,
É parte de mim,
Fala aí,
Meu irmão...
Sacou?
Sente?
Aonde ele vai,
Eu vou,
Não pergunto se é bom, não aviso,
Vamo em frente..
Se quer companhia, é preciso?
É com a gente,
Tá sabendo?
Juntos, se faz
Quase tudo,
Não carece sentido, é louco,
Não estar lado a lado,
Como se fosse um do outro,
Um escudo.
Tem vagabundo que ri:
-Véio, tem coisa aí,
Amizade só? Daí sai...
-Sai quebrando, ô mané.
Vê se morre, carái...
Eu sou Sepultura, Metallica, Stones, na dura...
Ele é JackJohnson, Caetano, ColdPlay, Los hermanos...
A gente curte o Raul, profeta, visionário...
De política? tô fora
Político é esperto,
A gente que é otário,
Demorô, tá hilário ?
Quem tem bró, é assim,
Cê sabe, me entende
Se o cara tá mal, mareado...
Me derruba, my friend,
Preocupação normal, de chegado,
Se sou eu, com certeza,
Faria mais, tô errado?
Eu ligo de noite, se entrei numa errada,
Pra malhar, tomá uma, ou pra sacanear,
Minha vida, meus trancos,
Meu medos, terrores,
Das ferradas, perdidas, saca?
Lutadas, sofridas, fudidas...
Nem tudo são flores,
Na vida,
Ô Babaca...
Me lembro das horas torradas,
Ralando pro vestibular,
-Não passo, sei nada, cansei de falar...
Meu pai me arrebenta,
Se desta eu der mole e dançar..
Mas você sempre diz:
Num se entrega,
Num abate,
Num perde de vista,
Cê vai chegar lá...
Sábado vai rolá banda nova no Hall,
Vacilô, tamo nós,
Entre as gatas,
Caçadas na pista,
Tá na mão.
A gente é assim...
Meu bró, mais que amigo,
É parte de mim,
Fala aí,
Meu irmão...
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
Premiação do Concurso da FUMEC - 2º lugar crônica
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
sábado, 25 de setembro de 2010
Jogando o buquê (casamento)...
Já pensou se o homem tambem jogasse o buquê, como fazem as mulheres ? Bem, parece que a coisa virou moda. Veja :
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Pelada Tropical

...se vai dá praia? vai...
...se sai pelada ? sai...
Chop gelado, olha lá
Num faz a turma esperar....
Quem tem bola, traz,
Campo na areia ? faz,
Deixe a redonda rolar
Deixa de onda rapaz....
O sol já deixou de se opor,
O mar deu um chega pra lá,
Maracanã,
Do Aterro ao Arpoador,
Toda moçada,
Joga pelada,
Vai lá...
Quem num vai-e-vem,
Joga mal ou bem,
Faz um gol ou cem
Jogar pelada faz bem...
domingo, 22 de agosto de 2010
Hino de Belo Horizonte

Hino a Belo Horizonte -
Belo Horizonte, o que és?
Em teu nome, um poema
Se abriga ou se esconde...
És moça-menina, num corpo-mulher,
Poemas encontro,
Por todos os cantos,
A todos encanta
Serás flor?
Bem-me-quer?
JK fez Pampulha, a Igrejinha nas beiras,
Seu verde entre as flores, no Parque central,
Na Savassi dos jovens, nos bares, nas feiras,
Mineirão, todas artes, nasceu musical...
Perfilando na Praça, gigante-altaneiras,
Sentinelas perenes dos ritos legais,
Imponentes, serenas, as altas palmeiras,
São pilares da crença, são esteios da paz...
Guardiã da orgulhosa bandeira mineira,
Forjada no sangue sangrado da raça,
Gravada em vermelho, a trindade, o Amém,
Alçada entre gritos do traço que traça:
Liberdade, "Libertas Quae Sera Tamen..."
Ah! Se outra vida eu tivesse...
Se eu brotasse do chão
Como a mina acontece,
Brotaria, outra vez, como em prece,
Aqui, nesta terra, neste mesmo lugar,
Que de Minas é a face,
Alma em corpo, os Gerais...
Pois por ti, só por ti, BH,
Este amor, em meu peito, eu confesso.
Pois sem ti não há canto
Sem ti não há verso,
Sem ti, falta tanto,
Sem ti, BH,
Esta Minas não há...
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quarta-feira, 18 de agosto de 2010
Eu te proponho...
Eu te proponho
(cantar com a musica do Roberto Carlos de mesmo nome)
Eu te proponho
Ser mais amável
Pensar a vida
Limpa e saudável
Com disciplina
A vida ensina,
Voce vai viver melhor...
Eu te proponho
Ordem, de fato,
E até ser chato
Com a arrumação
Ser mais cordato
No seu trabalho
Limpe o sapato
Não suje o chão
Eu te proponho
Ter um momento
Pra praticar
Um pensamento
Se exercitar
Só causa aumento
no seu bem estar..."
Eu te proponho
Se fizer certo,
Um bom aumento
Há estar perto
Depois de tudo
Melhor que tudo
Vai descansar em paz...
Eu te proponho
Achar um tempo
Andar sem rumo
Juntar-se ao vento
Correr o mundo
Em um segundo
Quem sabe até voar..."
Eu te proponho
Ser mais amado
Quem sabe é amor,
Quem sabe ao lado
Depois de tudo
Melhor que tudo
Vai arranjar seu par...
Alguém pra namorar...
Quem sabe até casar...
E a sogra pra cuidar...
Cunhado pra irritar
As contas pra pagar...
E o enfarto há de chegar
Pensando bem...
Eu tive um sonho...
(cantar com a musica do Roberto Carlos de mesmo nome)
Eu te proponho
Ser mais amável
Pensar a vida
Limpa e saudável
Com disciplina
A vida ensina,
Voce vai viver melhor...
Eu te proponho
Ordem, de fato,
E até ser chato
Com a arrumação
Ser mais cordato
No seu trabalho
Limpe o sapato
Não suje o chão
Eu te proponho
Ter um momento
Pra praticar
Um pensamento
Se exercitar
Só causa aumento
no seu bem estar..."
Eu te proponho
Se fizer certo,
Um bom aumento
Há estar perto
Depois de tudo
Melhor que tudo
Vai descansar em paz...
Eu te proponho
Achar um tempo
Andar sem rumo
Juntar-se ao vento
Correr o mundo
Em um segundo
Quem sabe até voar..."
Eu te proponho
Ser mais amado
Quem sabe é amor,
Quem sabe ao lado
Depois de tudo
Melhor que tudo
Vai arranjar seu par...
Alguém pra namorar...
Quem sabe até casar...
E a sogra pra cuidar...
Cunhado pra irritar
As contas pra pagar...
E o enfarto há de chegar
Pensando bem...
Eu tive um sonho...
quarta-feira, 28 de julho de 2010
SEIS AULAS DE GESTÃO ESTRATÉGICA
AULA 1
Um homem está entrando no chuveiro enquanto sua mulher acaba de sair e está se enxugando. A campainha DA porta toca. Depois de alguns segundos de discussão para ver quem iria atender a porta a mulher desiste, se enrola na toalha e desce as escadas. Quando ela abre a porta, vê o vizinho Nestor em pé na soleira. Antes que ela possa dizer qualquer coisa, Nestor diz: – Eu lhe dou 3.000 reais se você deixar cair esta toalha!
Depois de pensar por alguns segundos, a mulher deixa a toalha cair e fica Nua. Nestor então entrega a ela OS 3.000 reais prometidos e vai embora. Confusa, mas excitada com sua sorte, a mulher se enrola de novo na toalha e volta para o quarto. Quando ela entra no quarto, o marido grita do chuveiro:
- Quem era?
- Era o Nestor, o vizinho da casa ao lado, diz ela.
- Ótimo! Ele lhe deu OS 3.000 reais que ele estava me devendo?
Conclusão: *Se você compartilha informações a tempo, você pode prevenir exposições desnecessárias*.
AULA 2
Um padre está dirigindo por uma estrada quando um vê uma freira em pé no acostamento. Ele para e oferece uma carona que a freira aceita. Ela entra no carro, cruza as pernas revelando suas lindas pernas. O padre se descontrola e quase bate com o carro. Depois de conseguir controlar o carro e evitar acidente ele não resiste e coloca a mão na perna da freira. A freira olha para ele e diz:
- Padre, lembre-se do Salmo 129!
O padre sem graça se desculpa:
- Desculpe Irmã, a carne é fraca…
E tira a mão DA perna DA freira. Mais uma vez a freira diz:
- Padre, lembre-se do Salmo 129!
Chegando ao seu destino a freira agradece e, com um sorriso enigmático, Desce do carro e entra no convento. Assim que chega à igreja o padre corre para as Escrituras para ler o Salmo 129, que diz: ‘ Vá em frente, persista, mais acima encontrarás a glória do paraíso’.
Conclusão: *Se você não está bem informado sobre o seu trabalho, você pode perder excelentes oportunidades*.
AULA 3
Dois funcionários e o gerente de uma empresa saem para almoçar e na rua encontram uma antiga lâmpada a óleo. Else esfregam a lâmpada e de dentro. Dela sai um gênio. O gênio diz:
- Eu só posso conceder três desejos, então, concederei um a cada um de vocês!
- Eu primeiro, eu primeiro – Grita um dos funcionários… – Eu quero estar nas Bahamas dirigindo um barco, sem ter nenhuma preocupação na vida…
Pufff e ele foi. O outro funcionário se apressa a fazer o seu pedido:
- Eu quero estar no Havaí, com o amor DA minha vida e um provimento interminável de pina coladas!
Puff, e ele se foi..
- Agora você – diz o gênio para o gerente.
- Eu quero aqueles dois de Volta ao escritório logo depois do almoço para uma reunião!
Conclusão: *Deixe sempre o seu chefe falar primeiro*.
AULA 4
Na África todas as manhãs o veadinho acorda sabendo que deverá conseguir correr mais do que o leão se quiser se manter vivo. Todas as manhãs o leão acorda sabendo que deverá correr mais que o veadinho se não quiser morrer de fome.
Conclusão: *Não faz diferença se você é veadinho ou leão, quando o Sol nascer você tem que começar a correr.*
AULA 5
Um corvo está sentado numa árvore o dia inteiro sem fazer nada. Um pequeno coelho vê o corvo e pergunta: – Eu posso sentar como você e não fazer nada o dia inteiro?
O corvo responde:
- Claro, porque não?
O coelho senta no chão embaixo DA árvore e relaxa. De repente uma raposa aparece e come o coelho.
Conclusão: *Para ficar sentado sem fazer nada, você deve estar no topo *.
AULA 6
Um fazendeiro resolve colher algumas frutas em sua propriedade, pega um balde vazio e segue rumo às árvores frutíferas. No caminho ao passar pela lagoa, ouve vozes femininas que provavelmente invadiram suas terras. Ao se aproximar lentamente, observa várias belas garotas nuas se banhando. Quando elas percebem a sua presença, nadam até a parte mais profunda da lagoa e gritam:
- Nós não vamos sair daqui enquanto você não deixar de nos espiar e for embora.
O fazendeiro responde:
- Eu não vim aqui para espiar vocês, eu só vim alimentar os jacarés!
Conclusão: *A criatividade é o que faz a diferença na hora de atingirmos nossos objetivos mais rapidamente*
Um homem está entrando no chuveiro enquanto sua mulher acaba de sair e está se enxugando. A campainha DA porta toca. Depois de alguns segundos de discussão para ver quem iria atender a porta a mulher desiste, se enrola na toalha e desce as escadas. Quando ela abre a porta, vê o vizinho Nestor em pé na soleira. Antes que ela possa dizer qualquer coisa, Nestor diz: – Eu lhe dou 3.000 reais se você deixar cair esta toalha!
Depois de pensar por alguns segundos, a mulher deixa a toalha cair e fica Nua. Nestor então entrega a ela OS 3.000 reais prometidos e vai embora. Confusa, mas excitada com sua sorte, a mulher se enrola de novo na toalha e volta para o quarto. Quando ela entra no quarto, o marido grita do chuveiro:
- Quem era?
- Era o Nestor, o vizinho da casa ao lado, diz ela.
- Ótimo! Ele lhe deu OS 3.000 reais que ele estava me devendo?
Conclusão: *Se você compartilha informações a tempo, você pode prevenir exposições desnecessárias*.
AULA 2
Um padre está dirigindo por uma estrada quando um vê uma freira em pé no acostamento. Ele para e oferece uma carona que a freira aceita. Ela entra no carro, cruza as pernas revelando suas lindas pernas. O padre se descontrola e quase bate com o carro. Depois de conseguir controlar o carro e evitar acidente ele não resiste e coloca a mão na perna da freira. A freira olha para ele e diz:
- Padre, lembre-se do Salmo 129!
O padre sem graça se desculpa:
- Desculpe Irmã, a carne é fraca…
E tira a mão DA perna DA freira. Mais uma vez a freira diz:
- Padre, lembre-se do Salmo 129!
Chegando ao seu destino a freira agradece e, com um sorriso enigmático, Desce do carro e entra no convento. Assim que chega à igreja o padre corre para as Escrituras para ler o Salmo 129, que diz: ‘ Vá em frente, persista, mais acima encontrarás a glória do paraíso’.
Conclusão: *Se você não está bem informado sobre o seu trabalho, você pode perder excelentes oportunidades*.
AULA 3
Dois funcionários e o gerente de uma empresa saem para almoçar e na rua encontram uma antiga lâmpada a óleo. Else esfregam a lâmpada e de dentro. Dela sai um gênio. O gênio diz:
- Eu só posso conceder três desejos, então, concederei um a cada um de vocês!
- Eu primeiro, eu primeiro – Grita um dos funcionários… – Eu quero estar nas Bahamas dirigindo um barco, sem ter nenhuma preocupação na vida…
Pufff e ele foi. O outro funcionário se apressa a fazer o seu pedido:
- Eu quero estar no Havaí, com o amor DA minha vida e um provimento interminável de pina coladas!
Puff, e ele se foi..
- Agora você – diz o gênio para o gerente.
- Eu quero aqueles dois de Volta ao escritório logo depois do almoço para uma reunião!
Conclusão: *Deixe sempre o seu chefe falar primeiro*.
AULA 4
Na África todas as manhãs o veadinho acorda sabendo que deverá conseguir correr mais do que o leão se quiser se manter vivo. Todas as manhãs o leão acorda sabendo que deverá correr mais que o veadinho se não quiser morrer de fome.
Conclusão: *Não faz diferença se você é veadinho ou leão, quando o Sol nascer você tem que começar a correr.*
AULA 5
Um corvo está sentado numa árvore o dia inteiro sem fazer nada. Um pequeno coelho vê o corvo e pergunta: – Eu posso sentar como você e não fazer nada o dia inteiro?
O corvo responde:
- Claro, porque não?
O coelho senta no chão embaixo DA árvore e relaxa. De repente uma raposa aparece e come o coelho.
Conclusão: *Para ficar sentado sem fazer nada, você deve estar no topo *.
AULA 6
Um fazendeiro resolve colher algumas frutas em sua propriedade, pega um balde vazio e segue rumo às árvores frutíferas. No caminho ao passar pela lagoa, ouve vozes femininas que provavelmente invadiram suas terras. Ao se aproximar lentamente, observa várias belas garotas nuas se banhando. Quando elas percebem a sua presença, nadam até a parte mais profunda da lagoa e gritam:
- Nós não vamos sair daqui enquanto você não deixar de nos espiar e for embora.
O fazendeiro responde:
- Eu não vim aqui para espiar vocês, eu só vim alimentar os jacarés!
Conclusão: *A criatividade é o que faz a diferença na hora de atingirmos nossos objetivos mais rapidamente*
terça-feira, 27 de julho de 2010
Piadinha na rede...
Boteco do futuro – Muito Interesante
Um sujeito entra num boteco novinho, todo hi-tech, e pede uma bebidinha.
O barman é um robô, que serve um cocktail perfeito e pergunta:
- Qual é o seu QI?
O homem responde:
- Uns 150.
Então o robô inicia uma conversa sobre aquecimento global,
espiritualidade universal, física quântica, interdependência
ambiental, teoria das cordas, nanotecnologia, e por aí afora….
O cara ficou impressionado, e resolveu testar o robô.
Saiu,…. deu uma volta e retornou ao balcão.
Novamente o robô pergunta:
- Qual é o seu QI?
O homem responde:
- Deve ser uns 100.
Imediatamente o robô lhe serve um uisquinho e começa a falar, agora sobre futebol, fórmula 1, super-modelos, comidas favoritas, armas,corpo de mulher, e outros assuntos semelhantes………….
O sujeito ficou abismado.
Sai do bar,…. para pensar…. e resolve voltar e fazer mais um teste.
Novamente o robô lhe faz a pergunta:
- Qual é o seu QI?
O homem dá uma disfarçada e responde:
- Uns 20, eu acho!!!!!
Então o robô lhe serve uma cachaça, se inclina no balcão e diz pausadamente:
- E aí mano,…… vamu votá no Lula de novo??????
Um sujeito entra num boteco novinho, todo hi-tech, e pede uma bebidinha.
O barman é um robô, que serve um cocktail perfeito e pergunta:
- Qual é o seu QI?
O homem responde:
- Uns 150.
Então o robô inicia uma conversa sobre aquecimento global,
espiritualidade universal, física quântica, interdependência
ambiental, teoria das cordas, nanotecnologia, e por aí afora….
O cara ficou impressionado, e resolveu testar o robô.
Saiu,…. deu uma volta e retornou ao balcão.
Novamente o robô pergunta:
- Qual é o seu QI?
O homem responde:
- Deve ser uns 100.
Imediatamente o robô lhe serve um uisquinho e começa a falar, agora sobre futebol, fórmula 1, super-modelos, comidas favoritas, armas,corpo de mulher, e outros assuntos semelhantes………….
O sujeito ficou abismado.
Sai do bar,…. para pensar…. e resolve voltar e fazer mais um teste.
Novamente o robô lhe faz a pergunta:
- Qual é o seu QI?
O homem dá uma disfarçada e responde:
- Uns 20, eu acho!!!!!
Então o robô lhe serve uma cachaça, se inclina no balcão e diz pausadamente:
- E aí mano,…… vamu votá no Lula de novo??????
terça-feira, 20 de julho de 2010
domingo, 18 de julho de 2010
sexta-feira, 16 de julho de 2010
Palmadas estatais - Imprescindível reproduzir...
Artigo de Sandro Vaia
Não sabemos nos comportar e tampouco sabemos como cuidar dos nossos flhos.Para sorte nossa, o Estado pai, mãe, provedor, empresário, indutor,educador, fiscal, guia e farol dos nossos dias, se dispõe a cuidar de mais essa lacuna do nosso caráter.
O presidente Lula encaminhou ao Congresso um projeto de lei que proíbe maus tratos dos pais contra as crianças, inclusive o prosaico tapinha na bunda, porque ele, como emérito educador que é, sabe, como quase todo governante moderno, como somos incapazes de lidar com as nossas próprias responsabildades, tanto paternas como cívicas.Sem o olhar protetor do Estado, sabe Deus que tipo de iniqüidades seríamos capazes de cometer.
Outro dia, comentando esse assunto no twitter, o jornalista Antero Greco, companheiro de muitos anos de trabalho e de muitas sagas de sofrimentos palmeirenses, escrevia: “Minha mãe dizia: ‘Mazze e panelle fanno i figli belli’. Levei palmadas, tive carinho, fui bem alimentado, sem traumas”.
Sabedoria simples e vital da senhora napolitana.Sabedoria caseira coberta por poeira de séculos, um tesouro a ser preservado num reduto íntimo, espaço onde as relações humanas ainda fazem prevalecer o desígnio da ação individual sobre a barbárie coletivista que a paranoia da correção política quer impor à força sobre as consciências.
Brinquei no twitter dizendo que só faltava agora o governo criar uma “Criançobrás”, empregando alguns milhares de fiscais de palmadas-na-bunda, e fui logo admoestado por um desses cretinos fundamentais que enriquecem a blogosfera com a profunda sutileza de seu pensamento: “Quer dizer que você é a favor do espancamento de menores ?”. Vejam até onde a idiotia pode chegar.
Não sou a favor do espancamento nem de menores nem de maiores,mas eu perderia meu tempo tentando explicar isso ao cretino fundamental? Teria que contar até que já existem leis que punem agressões físicas, indistintamente, seja contra crianças, seja contra adultos, e que elas são suficientemente abrangentes para punir até as palmadas na bunda dos filhos.Não precisamos de mais leis, precisamos que se cumpram as que já existem.
Não precisamos de tutores, nem de comportamento nem de consciência. Não precisamos que nos digam como devemos criar nossos filhos,nem quais jornais podemos ler, nem quais programas de TV podemos ver, nem o que podemos comer ou beber, e nem quando e onde podemos fumar, desde que não desrespeitemos os direitos do próximo.
Ficaríamos muito gratos se o Estado conseguisse cumprir com o mínimo de suas tarefas básicas, como cuidar da infra-estrutura do País, assegurar oportunidades iguais para todos, investir o dinheiro dos impostos em serviços de saúde e educação decentes.
Essa persistente e minuciosa necessidade de intervir na vida dos outros é um dos traços mais incômodos do vagalhão estatista que avança pelo mundo afora.Aqui no Brasil atinge um grau mais agudamente intolerável na medida em que toda ingerência vem apresentada como um ato de bondade de governantes cheios de boas intenções e que não conseguem dormir à noite se não gastarem o seu dia produzindo o bem e distribuindo-o para todos.
Estatizar as relações familiares é mais um passo no processo de substituição da responsabilidade individual pela idiotização coletiva.
Sandro Vaia é jornalista. Foi repórter, redator e editor do Jornal da Tarde, diretor de Redação da revista Afinal, diretor de Informação da Agência Estado e diretor de Redação de “O Estado de S.Paulo”. É autor do livro “A Ilha Roubada”, (editora Barcarolla) sobre a blogueira cubana Yoani Sanchez.. E.mail: svaia@uol.com.br
Não sabemos nos comportar e tampouco sabemos como cuidar dos nossos flhos.Para sorte nossa, o Estado pai, mãe, provedor, empresário, indutor,educador, fiscal, guia e farol dos nossos dias, se dispõe a cuidar de mais essa lacuna do nosso caráter.
O presidente Lula encaminhou ao Congresso um projeto de lei que proíbe maus tratos dos pais contra as crianças, inclusive o prosaico tapinha na bunda, porque ele, como emérito educador que é, sabe, como quase todo governante moderno, como somos incapazes de lidar com as nossas próprias responsabildades, tanto paternas como cívicas.Sem o olhar protetor do Estado, sabe Deus que tipo de iniqüidades seríamos capazes de cometer.
Outro dia, comentando esse assunto no twitter, o jornalista Antero Greco, companheiro de muitos anos de trabalho e de muitas sagas de sofrimentos palmeirenses, escrevia: “Minha mãe dizia: ‘Mazze e panelle fanno i figli belli’. Levei palmadas, tive carinho, fui bem alimentado, sem traumas”.
Sabedoria simples e vital da senhora napolitana.Sabedoria caseira coberta por poeira de séculos, um tesouro a ser preservado num reduto íntimo, espaço onde as relações humanas ainda fazem prevalecer o desígnio da ação individual sobre a barbárie coletivista que a paranoia da correção política quer impor à força sobre as consciências.
Brinquei no twitter dizendo que só faltava agora o governo criar uma “Criançobrás”, empregando alguns milhares de fiscais de palmadas-na-bunda, e fui logo admoestado por um desses cretinos fundamentais que enriquecem a blogosfera com a profunda sutileza de seu pensamento: “Quer dizer que você é a favor do espancamento de menores ?”. Vejam até onde a idiotia pode chegar.
Não sou a favor do espancamento nem de menores nem de maiores,mas eu perderia meu tempo tentando explicar isso ao cretino fundamental? Teria que contar até que já existem leis que punem agressões físicas, indistintamente, seja contra crianças, seja contra adultos, e que elas são suficientemente abrangentes para punir até as palmadas na bunda dos filhos.Não precisamos de mais leis, precisamos que se cumpram as que já existem.
Não precisamos de tutores, nem de comportamento nem de consciência. Não precisamos que nos digam como devemos criar nossos filhos,nem quais jornais podemos ler, nem quais programas de TV podemos ver, nem o que podemos comer ou beber, e nem quando e onde podemos fumar, desde que não desrespeitemos os direitos do próximo.
Ficaríamos muito gratos se o Estado conseguisse cumprir com o mínimo de suas tarefas básicas, como cuidar da infra-estrutura do País, assegurar oportunidades iguais para todos, investir o dinheiro dos impostos em serviços de saúde e educação decentes.
Essa persistente e minuciosa necessidade de intervir na vida dos outros é um dos traços mais incômodos do vagalhão estatista que avança pelo mundo afora.Aqui no Brasil atinge um grau mais agudamente intolerável na medida em que toda ingerência vem apresentada como um ato de bondade de governantes cheios de boas intenções e que não conseguem dormir à noite se não gastarem o seu dia produzindo o bem e distribuindo-o para todos.
Estatizar as relações familiares é mais um passo no processo de substituição da responsabilidade individual pela idiotização coletiva.
Sandro Vaia é jornalista. Foi repórter, redator e editor do Jornal da Tarde, diretor de Redação da revista Afinal, diretor de Informação da Agência Estado e diretor de Redação de “O Estado de S.Paulo”. É autor do livro “A Ilha Roubada”, (editora Barcarolla) sobre a blogueira cubana Yoani Sanchez.. E.mail: svaia@uol.com.br
quinta-feira, 15 de julho de 2010
"Ai, ai que saudade eu tenho do Scolari"...
Obs.: a musica é "Ai que saudade eu tenho da Bahia",
que todos sabem. Divirtam-se.
Ai, Ai que saudade eu tenho do Scolari
Ai, de laranjada e de holandês, nem fale,
Ai, a Argentina tomou 4 a zero,
Volto pra casa, choro e desespero,
E o Dunga vem com o velho lero-lero...
Ai, se Deus me desse a chance de um pedido,
Ai, volto no tempo e busco um velho amigo
Ai, de futebol, conhece, não se engana,
Não treinou time só porque tem fama
Meu coração pede o Telê Santana...
Ponha-se no meu lugar,
Só quero o brasileiro um cara mais feliz,
Gritando pra desabafar,
Dizendo pro Teixeira o que ninguém mais diz...
Aí, acorda pra situação,
E ache um treinador que tenha inspiração,
Ganhar sem convencer, ou sem querer se ganha,
Quem já nasceu Zagalo, não vai ser Saldanha...
(De novo)
Ai, Ai que saudade eu tenho do Scolari
Ai, de laranjada e de holandês, nem fale,
Ai, a Argentina tomou 4 a zero,
Volto pra casa, choro e desespero,
E o Dunga vem com o velho lero-lero...
Ai, se Deus me desse a chance de um pedido,
Ai, volto no tempo e busco um velho amigo
Ai, de futebol, conhece, não se engana,
Não treinou time só porque tem fama
Meu coração pede o Telê Santana...
Ponha-se no meu lugar,
Só quero o brasileiro um cara mais feliz,
Gritando pra desabafar,
Dizendo pro Teixeira o que ninguém mais diz...
Acorda pra situação,
E ache um treinador que tenha inspiração,
Ganhar sem convencer, ou sem querer se ganha,
Quem já nasceu Zagalo, não vai ser Saldanha...
Quem já nasceu Parreira, não vai ser Santana...
Morreu a Era Dunga, nasceu Era Espanha...
O torcedor do Dunga, fala à castelhana,
O Dunga é paraguaio, e pensa que me engana,
Dunga e Maradona, vão mudar pra Gana,
Ou bota logo os dois só pra fazer picanha,
E traz o meu pedido, não se esquece a cana,
Quem nasceu Parreira, não vai ser Santana...
O torcedor do Dunga, fala à castelhana
Não deu pro Brasil, mas ainda deu pra Espanha...
E se ela não ganhasse, eu ia de Alemanha...
O LULA foi quem disse : a Copa já tá ganha,
Dunga e Dilma junto, é coisa muito estranha,
Perde a Copa o Dunga, e a Dilma esta campanha.
O LULA foi quem disse : a Copa já tá ganha..
que todos sabem. Divirtam-se.
Ai, Ai que saudade eu tenho do Scolari
Ai, de laranjada e de holandês, nem fale,
Ai, a Argentina tomou 4 a zero,
Volto pra casa, choro e desespero,
E o Dunga vem com o velho lero-lero...
Ai, se Deus me desse a chance de um pedido,
Ai, volto no tempo e busco um velho amigo
Ai, de futebol, conhece, não se engana,
Não treinou time só porque tem fama
Meu coração pede o Telê Santana...
Ponha-se no meu lugar,
Só quero o brasileiro um cara mais feliz,
Gritando pra desabafar,
Dizendo pro Teixeira o que ninguém mais diz...
Aí, acorda pra situação,
E ache um treinador que tenha inspiração,
Ganhar sem convencer, ou sem querer se ganha,
Quem já nasceu Zagalo, não vai ser Saldanha...
(De novo)
Ai, Ai que saudade eu tenho do Scolari
Ai, de laranjada e de holandês, nem fale,
Ai, a Argentina tomou 4 a zero,
Volto pra casa, choro e desespero,
E o Dunga vem com o velho lero-lero...
Ai, se Deus me desse a chance de um pedido,
Ai, volto no tempo e busco um velho amigo
Ai, de futebol, conhece, não se engana,
Não treinou time só porque tem fama
Meu coração pede o Telê Santana...
Ponha-se no meu lugar,
Só quero o brasileiro um cara mais feliz,
Gritando pra desabafar,
Dizendo pro Teixeira o que ninguém mais diz...
Acorda pra situação,
E ache um treinador que tenha inspiração,
Ganhar sem convencer, ou sem querer se ganha,
Quem já nasceu Zagalo, não vai ser Saldanha...
Quem já nasceu Parreira, não vai ser Santana...
Morreu a Era Dunga, nasceu Era Espanha...
O torcedor do Dunga, fala à castelhana,
O Dunga é paraguaio, e pensa que me engana,
Dunga e Maradona, vão mudar pra Gana,
Ou bota logo os dois só pra fazer picanha,
E traz o meu pedido, não se esquece a cana,
Quem nasceu Parreira, não vai ser Santana...
O torcedor do Dunga, fala à castelhana
Não deu pro Brasil, mas ainda deu pra Espanha...
E se ela não ganhasse, eu ia de Alemanha...
O LULA foi quem disse : a Copa já tá ganha,
Dunga e Dilma junto, é coisa muito estranha,
Perde a Copa o Dunga, e a Dilma esta campanha.
O LULA foi quem disse : a Copa já tá ganha..
terça-feira, 6 de julho de 2010
sábado, 29 de maio de 2010
Fumec Me, Fumec You...
...e o largo manto betuminoso se estreita
Qual fio de Cobre...
Logo, muralhas de aço e concreto
Invadem a contaminada paisagem
Por todos os lados onde a vista se faz...
Enfileirados de carros e motos
Bafando gás quente, queimando pulmões
Na selva insensivel que expande e se infiltra,
Labirinta o pretenso umbral do saber...
Fumec me...
Fantasias pensadas, prensadas em subidas,
Nas caixas metálicas que correm veias estreitas
Pra baixo e pra cima
Arrastando carreiras,
Frustrando alguns sonhos que vem nessas vias...
Café, copo plástico queimando nas mãos,
Sentados, em pé, fugindo do tempo
Das artes escritas, twitadas no cel
Das Baladas da noite armadas
Nas provas sedentas de amargo poder de poder...
Fumec you...
Sinto meu rosto queimando meus dedos,
E penso no sol, escondido nos arcos, nas vigas.
Procuro o abraço do azul com o rosa,
Procuro a lágrima vertida nos dias perdidos,
Nos segredos que deixam pegadas na mente....
Horário é horário, senhor..
E o patrão é relógio que vive adiantado,
Talvez seja tarde demais, eu não chego...
Piedade, eu xeroco depois...
Mas será que este fim satisfez o docente?
Decerto que não,
Tal impor não traz paz...
Nem é certo, contenta esta sede, qual água de mar...
O que o mestre não mostra é o que vai te matar...
Fumec you...
Calor. Me ferve o calor...
Que traz a emoção, o transtorno, a certeza,
Traz escadas, as salas, o muro cinzento,
O jardim de semblantes, o sentir-se fetal...
Fumec me...
Desisto. O atropelo está perto e eu sucumbo, é fatal...
O incerto conjura, não me posso conter,
Corredores, finais...é meu fim...
E o concreto emoldura e me
Cobra em enredo o ensino final :
“Nem todo saber nos salvará do tédio...”
Fumec Me, Fumec You...
Qual fio de Cobre...
Logo, muralhas de aço e concreto
Invadem a contaminada paisagem
Por todos os lados onde a vista se faz...
Enfileirados de carros e motos
Bafando gás quente, queimando pulmões
Na selva insensivel que expande e se infiltra,
Labirinta o pretenso umbral do saber...
Fumec me...
Fantasias pensadas, prensadas em subidas,
Nas caixas metálicas que correm veias estreitas
Pra baixo e pra cima
Arrastando carreiras,
Frustrando alguns sonhos que vem nessas vias...
Café, copo plástico queimando nas mãos,
Sentados, em pé, fugindo do tempo
Das artes escritas, twitadas no cel
Das Baladas da noite armadas
Nas provas sedentas de amargo poder de poder...
Fumec you...
Sinto meu rosto queimando meus dedos,
E penso no sol, escondido nos arcos, nas vigas.
Procuro o abraço do azul com o rosa,
Procuro a lágrima vertida nos dias perdidos,
Nos segredos que deixam pegadas na mente....
Horário é horário, senhor..
E o patrão é relógio que vive adiantado,
Talvez seja tarde demais, eu não chego...
Piedade, eu xeroco depois...
Mas será que este fim satisfez o docente?
Decerto que não,
Tal impor não traz paz...
Nem é certo, contenta esta sede, qual água de mar...
O que o mestre não mostra é o que vai te matar...
Fumec you...
Calor. Me ferve o calor...
Que traz a emoção, o transtorno, a certeza,
Traz escadas, as salas, o muro cinzento,
O jardim de semblantes, o sentir-se fetal...
Fumec me...
Desisto. O atropelo está perto e eu sucumbo, é fatal...
O incerto conjura, não me posso conter,
Corredores, finais...é meu fim...
E o concreto emoldura e me
Cobra em enredo o ensino final :
“Nem todo saber nos salvará do tédio...”
Fumec Me, Fumec You...
segunda-feira, 17 de maio de 2010
Classificação no concurso dos Microcontos realizado pelo Blog do Noblat e Academia Brasileira de Letras

Enviado por Ricardo Noblat - 6.5.2010 15h30m
Concurso de Microcontos promovido pelo twitter deste blog:
O Blog do Noblat recebeu 2.223 microcontos.
Foram 522 os pré-classificados e 55 os semi-finalistas.
Ontem, 5 de maio, na Sala da Presidência da Academia Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro, foram escolhidos os 10 finalistas.
Fizeram parte da Comissão Julgadora que aparece na foto acima:
Marcos Vinicios Vilaça, pernambucano, presidente da Academia Brasileira de Letras, onde ocupa a cadeira 26. Eleito como membro da ABL em 1985, tomou posse como presidente da Academia em 15 de dezembro de 2005, novamente em 2006 e em 2009. É membro da Academia Pernambucana de Letras (Cadeira 35) e da Academia Brasiliense de Letras (Cadeira 1). Bacharel e Mestre em Direito, professor, conferencista, escritor.
Cora Tausz Rónai, carioca, jornalista, pioneira do jornalismo de tecnologia, usuária de computador pessoal desde 1986, primeira jornalista brasileira a criar um blog, o internETC. e primeira a dedicar-se à fotografia digital. Trabalha em O Globo desde 1991. Recebeu o Prêmio Comunique-se de Melhor Jornalista de Informática em 2004 e em 2006. Escritora e “tuiteira”.
Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa, paulista, professora primária, professora de francês e de inglês, tradutora, usuária de PC desde 1989, articulista e colaboradora do Blog do Noblat desde 2005 e blogueira desde 2009.
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O autor do microconto premiado recebeu um iPod com uma seleção das músicas que tocam na Estação Jazz e Tal
Os 10 microcontos foram publicados também na edição da Revista Digital, de O Globo, na coluna de Cora Rónai.
Subitamente, teve certeza: no futuro, se escrevessem sobre ele, teriam dificuldades para atingir os 140 caracteres exigidos pelo twitter.
Ananias José de Freitas
Em ordem alfabética pelo nome do autor, os outros nove microcontos escolhidos pelo júri:
Revelou, no leito de morte, o segredo de uma vida. Não chegou a saber que havia entendido errado.
Elton Colini
O gato saiu em disparada. A ratoeira acaba de cumprir sua missão.
Elza Ramirez
Foi o raio de uma tempestade em copo d’água que o matou.
Felipe Cerquize
Cinco. Todos os dias, às cinco, ela se posta no portão, com o bilhete amarelado nas mãos. “Mãe, fui ao mercado. Volto às cinco”.
Luanna Azzarito
No primeiro jantar de viúvo, só fez olhar o prato. A memória que emanava da louça antiga foi seu único alimento.
Marcos A. Kohler
Abrindo as pernas, ela abriu todas as portas.
Paulo Maurillio Pereira
Conferiu um a um os números da mega sena. Levou um susto. Acertou todos. 30 milhões. Devia ter jogado.
Rodrigo Guimarães Pena
Olhos curiosos passeavam pelo livro, linha a linha, palavra por palavra, letra a letra. Deliciava-se, mas entristecia. Queria saber ler.
Valéria dos Santos Araújo
Chá de cavalos marinhos, a receita da avó para asma. O menino disfarçava, para que o Unicórnio não descobrisse o que lhe ia na xícara.
Viviane Burger
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domingo, 4 de abril de 2010
Bente-Altas
Você lembra, menino,
Da bolinha de gude,
Da finca na terra,
Do caçar com Bodoque
O passarinho na Serra...
Se lembra menino
Da bolinha de meia,
Da casinha, da pá,
Jogou bola,
Eu chutei,
Quem jogou
Vai pegar...
Licença-pra-2,
meu tempo se foi,
Pra sempre se esconde
bem pra lá do depois...
Peço, volta menino,
Me faz ser a toa,
Me lembra o caminho,
No tempo que voa..
Bente-altas,
Licença-pra-2,
A saudade maltrata,
Só se vê bem depois...
O menino se foi,
mas ficou sua voz,
A gritar, a gritar :
"Bente-altas,
Licença-pra-2",
(Acabadas pra nós...)
Acorda menino
Vem ver o que sou
Sou a vida vivida,
A promessa de amor,
Meu menino, tem dó
Me ajuda a lembrar
Desate este nó
Que não deixa eu gritar
Outra vez: Bente-altas,
Traz bola de meia
Traz casinha, outra pá...
Minha vida precisa
Licença pra amar...
No meu sonho faz falta:
O sonhar "Bente-altas,
Licença-pra-2"...
Tão perdido na Idade
É maldita a saudade,
Só se vê bem depois..
Da bolinha de gude,
Da finca na terra,
Do caçar com Bodoque
O passarinho na Serra...
Se lembra menino
Da bolinha de meia,
Da casinha, da pá,
Jogou bola,
Eu chutei,
Quem jogou
Vai pegar...
Licença-pra-2,
meu tempo se foi,
Pra sempre se esconde
bem pra lá do depois...
Peço, volta menino,
Me faz ser a toa,
Me lembra o caminho,
No tempo que voa..
Bente-altas,
Licença-pra-2,
A saudade maltrata,
Só se vê bem depois...
O menino se foi,
mas ficou sua voz,
A gritar, a gritar :
"Bente-altas,
Licença-pra-2",
(Acabadas pra nós...)
Acorda menino
Vem ver o que sou
Sou a vida vivida,
A promessa de amor,
Meu menino, tem dó
Me ajuda a lembrar
Desate este nó
Que não deixa eu gritar
Outra vez: Bente-altas,
Traz bola de meia
Traz casinha, outra pá...
Minha vida precisa
Licença pra amar...
No meu sonho faz falta:
O sonhar "Bente-altas,
Licença-pra-2"...
Tão perdido na Idade
É maldita a saudade,
Só se vê bem depois..
sábado, 3 de abril de 2010
O Padre e os Argentinos
Numa época que se fala tanto de padres, coloco este video para amenizar um pouco as relações comunitárias.
Você...
Meu jardim te acolheu...
Germinada, a semente brotou,
E se abriu entre espinhos,
Me senti primavera no amor,
Espalhando consigo a beleza,
O esplendor...
Quero-me seu...
Oh! paisagem de céu matinal
Verdejante de campos tranqüilos
Se enfeitando de mar de coral,
Ou moldando-se a mim por igual.
Veio a mim,
Hoje eu sei,
Minha flor,
Floreceu...
Germinada, a semente brotou,
E se abriu entre espinhos,
Me senti primavera no amor,
Espalhando consigo a beleza,
O esplendor...
Quero-me seu...
Oh! paisagem de céu matinal
Verdejante de campos tranqüilos
Se enfeitando de mar de coral,
Ou moldando-se a mim por igual.
Veio a mim,
Hoje eu sei,
Minha flor,
Floreceu...
quarta-feira, 31 de março de 2010
Golpe de 64
Hoje faz 46 anos do Golpe de 64, ou Revolução, como querem alguns poucos - e cada vez mais, poucos .
Há 46 anos me levantei e fui tomar café. Eram 6:00hs da manhã.
Meu pai já tinha se levantado.
Estranhei, pois não tinha o costume de encontrá-lo quando acordava. Ele saia mais cedo. Tinha que ir para a loja, arrumar balcões e preparar tudo para abrir às 7:00.
- Hoje voce não precisa ir a aula... pode voltar pra cama, me disse com uma cara de preocupado.
Ôbaaaa!!! pensei eu e caí na cama de novo.
Dormi até as 10:00hs.
Papai continuava em casa.
Desta vez com o ouvido colado em um radinho de pilha.
Peguei meu carrinho de rolimã e corri pra rua.
Estava um dia ótimo para descer a California.
Há 46 anos me levantei e fui tomar café. Eram 6:00hs da manhã.
Meu pai já tinha se levantado.
Estranhei, pois não tinha o costume de encontrá-lo quando acordava. Ele saia mais cedo. Tinha que ir para a loja, arrumar balcões e preparar tudo para abrir às 7:00.
- Hoje voce não precisa ir a aula... pode voltar pra cama, me disse com uma cara de preocupado.
Ôbaaaa!!! pensei eu e caí na cama de novo.
Dormi até as 10:00hs.
Papai continuava em casa.
Desta vez com o ouvido colado em um radinho de pilha.
Peguei meu carrinho de rolimã e corri pra rua.
Estava um dia ótimo para descer a California.
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