domingo, 28 de abril de 2013

O que é Governo? E Democracia?





Educativo...
Democracia tem a ver com o "Demo" ?

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Luis Miguel canta " La Puerta " e "El dia que me quieras" , há mais de 20 anos em Acapulco.

Boleros belíssimos, tanto em letra como em melodia.

 
ARRIBA MEXICO!!

Momento romântico,  nesta vida tão árida e custosa de viver.


(aumente a tela e o som
  La puerta
composta por Luiz demetrio
Cantada por Luis Miguel


 
  
 
El dia que me quieras
composta por Alfredo La Pera
cantada por Luis Miguel
 
 













domingo, 7 de abril de 2013

A Infância e a educação


Prólogo

Ninguém nega o valor da educação e que um bom professor é imprescindível. Mas, ainda que desejem bons professores para seus filhos, poucos pais desejam que seus filhos sejam professores. Isso é a realidade, e que sabemos que  o trabalho de educar é duro, pouco remunerado, pouco valorizado na sociedade, apesar de necessário. E o pior é que permitimos que esses profissionais continuem sendo desvalorizados. Com baixo prestígio social e responsabilizados pelo fracasso da educação, grande parte resiste e continua apaixonada pelo seu trabalho. Me disseram ou li em algum lugar, que no Japão, uma cultura milenar, o Imperador só faz reverência para uma classe de pessoas: a dos professores. Não sei se é verdade mas me parece lógico.
Repensemos nossos papéis, pais, alunos, sociedade, e nossas atitudes, pois com elas demonstraremos o compromisso com a educação que queremos. Aos professores, fica o convite para que não descuidem de sua missão de educar, nem desanimem diante dos desafios, nem deixem de educar as pessoas para serem “águias” e não apenas “galinhas”. Pois, se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda.

Ninguém nasce feito, é conhecendo e experimentando o mundo que nós nos fazemos. Quanto mais conhecer, quanto mais experimentar, mais vamos nos fazer.

Não estamos no mundo simplesmente para se adaptar a ele. Certo que algumas adaptações são necessárias, mas, somente para transformá-lo; e se não é possível mudá-lo de imediato, se seu sonho não acontece com a rapidez que você pensou,  não desista. Use outras possibilidades que tenha à mão, mas não esqueça que sua meta é o seu sonho. Seja persistente.

A democracia e a liberdade, são conquistas, não são doações. Se vocês hoje as tem, outros as conquistaram para vocês. E cabe a vocês fazer que elas alcancem seus filhos e netos, e assim por diante.

Exige permanente conquista de todos e para todos. Todo amanhã se cria num ontem, através de um hoje . Temos de saber o que fomos, para saber o que queremos ser.

                                                                                                                 Paulo Freire

 Infância : Minha mãe, minha primeira professora...


1957. Brumado, distrito de Pitangui, MG.
Todos meus amigos eram mais velhos do que eu. Eu com 5 a 6 anos; eles com 8, 9, 10 ou mais. Brincadeiras como o descer a rua em um cavalo de madeira(vassoura) com ramos de árvore amarrados ao seu final, para fazer o máximo de poeira, imitando os carros e ônibus que passavam na lá na estrada, nadar no açude ou pescar, quando o Tasso podia levar a gente, preenchiam nosso lazer diário, nosso cotidiano. Sempre pelas manhãs, até a hora do almoço.
Á tarde, mamãe tinha mais tempo pra nós, pra mim e Patricia, minha irmã. Depois de colocar meu irmãozinho, bebê ainda, Bráulio, pra dormir, contava histórias e lia pra gente. Comecei a entender as letras e as palavras ainda bem novinho, com uns 3 a 4 anos. Fui me alfabetizando devagarzinho, conhecendo o significado de algumas palavras e a escrever algumas frases. Com 5 anos eu já lia os jornais da capital e o Diario do Oeste, de Pitangui, que papai trazia para casa. Lia catálogos de tecidos, lia receita de médico, lia qualquer coisa que aparecesse pela frente. Ele morria de rir: “Disparou...” dizia pra mamãe. E eu era ávido por este mundo diferente do meu, do cotidiano.
Passei a perceber que à tarde, quando eu ficava em casa, meus amigos não apareciam. Iam pro Grupo Escolar, ter aula. Não havia reparado nisto antes. Passei a reparar. Perguntei a mamãe que me explicou rapidamente. “-Um dia você também vai...” e pronto. O Grupo Escolar ficava do outro lado do muro da Fabrica. Eu ainda não tinha idade para frequentar. Mas percebi que tinha uma inveja danada de meus amigos e das coisas que eles contavam que tinham acontecido lá. Das provas, das notas, e dos livros e cadernos...
Um dia, sem que a Alice, nossa babysitter, percebesse, fugi depois do almoço, e acompanhei meus amigos até a porta do Grupo. Voltei correndo. Mamãe descobriu, ficou brava por eu sair sem lhe falar nada. Passados alguns dias, lá fui eu de novo. Desta vez demorei mais. Fiquei lá fora, vendo os alunos entrarem. Subi em um morrinho que tinha ao lado da escola e de lá pude ver eles sentarem, cada um com sua mesinha, abrir os cadernos, esperar pela entrada da professora, que foi logo escrevendo em uma parede preta, que vim a saber depois, chamava-se quadro-negro. Fiquei muito tempo ali apreciando e reparando as conversas e brincadeiras, as falas da professora, até Alice me achar e me levar pra casa. Naturalmente, mamãe não ficou só nas palavras. Mas tudo bem, valia a pena receber cada palmada. Outras fugas aconteceram. Numa destas vezes, rodei o muro do Grupo e descobri um buraco. Vi alguns meninos saindo de lá. Eles sentaram junto ao muro e acenderam cigarros de caule de xuxu seco. Botaram fogo na ponta e colocaram na boca. Fiquei olhando a cena um bom tempo imaginando por que faziam aquilo e que gosto aquilo teria. Eu via Papai fumando cigarros de maço, mas, às vezes, ele acendia uns feitos de palha, recheados com pedacinhos que ele cortava de um rolo escuro, que tinha um cheiro muito bom. Eu ficava ao seu redor cheirando a fumaça. Muitos funcionários da Fabrica fumavam aquilo também. Mas voltando ao buraco no muro. Se dava pra sair, dava pra entrar. Dia seguinte, comi feito um raio meu almoço, que mereceu um elogio da Alice. Sai correndo e cheguei antes da entrada da turma. Me esgueirei junto ao muro, me atrevi mais um pouco e entrei no Grupo pelo buraco do muro. Já dentro, vi que haviam janelas que davam para um corredor e eram baixinhas, pertinho do chão. Cheguei até a beirada e olhei pra dentro. Sala vazia. Pulei pela janela e entrei. Me escondi ao fundo, ao lado da carteira da última fileira. A turma começou a entrar e alguns, meus amigos, me reconheceram e fizeram piadas sobre meu “esconderijo. Me instalaram nesta mesma ultima carteira, vaga. Me deram folhas de papel e lápis. E lá estava eu, esperando a professora entrar. Ela entrou e não deu por mim. Começou a escrever no quadro-negro e os meninos copiavam o que a professora escrevia. Comecei a copiar também. Depois que escreveu tudo, ela começou a falar o que havia escrito, enquanto todos copiavam. Eu também. De tão concentrado que estava em meus escritos, não reparei que a voz dela foi ficando mais alta, mais alta até que a meu lado a vista se fez de um vestido azul-claro. – “O que temos aqui? Um novo aluno? Você é muito novo, tem quantos anos?” disse a professora me olhando bem de perto. Fiquei sem palavras. Abaixei a cabeça. Ela estendeu a mão e pegou meus escritos. “-Voce tem uma letra bonita e escreveu tudo certinho. Quem te ensinou a ler e escrever?” Sem olhar para a professora, respondi baixinho: “ Mamãe.”

-“E ela sabe que você está aqui?” “Não”. – “É o filho do Sô Afonso e da Dona Marelena, professora,” disseram quase ao mesmo tempo alguns alunos.

“Ah! Sei... Voce pode ficar até acabar de copiar.” A professora olhou pra mim e não disse mais nada.
Saiu da sala. Num instantinho, lá estava a Alice, preocupada e muito brava. “Cê é doido, menino, sumir assim, sem falá nada... já te procurei pelo Brumado todo... Sua mãe tá doida atrás docê.” Completou me puxando pelo braço, sala afora. Cheguei em casa,  minha mãe não esperou nada e tome palmada e castigo. Filha de Dona Isaura, agia como filha de Dona Isaura. E tome mais palmadas. –“Vou falar com seu pai, você vai ver...”  Nem prestei atenção aos xingamentos, nem na ardência de minhas pernas e bunda, com tanta palmada. Enquanto ela xingava e me dava os tapas, eu ficava falando do Grupo, da aula, da professora, tentava mostrar meus escritos, meu primeiro dever de aula... Eu estava super excitado com minhas novas experiências. Aquela noite custei a pegar no sono.
Dia seguinte, o Ciro, meu amigo mais chegado, me chamou para ir à sua casa ver os cachorrinhos que nasceram naquela noite. Ciro era meu melhor amigo e a familia dele morava numa casa perto da nossa. De lá escutei a Alice me berrando pra vir pra casa tomar banho pra almoçar. Demorei ainda mais um pouco e voltei. Entrei pela cozinha e, como sempre fui beliscando as comidas, um pedaço de mandioca, uma linguicinha e outras gostosuras. Ao chegar na sala escutei uma voz diferente. Parei. Escutei mais um pouco. Era mamãe e uma outra voz de mulher. "Conheço aquela voz," pensei... E a voz continuava a falar :
" ...ele ficou lá, sentadinho, copiando e prestando uma atenção danada... Me deu uma pena danada, D.Marelena, de mandar ele embora... E olha que ele não errou nada da lição. Copiou tudo certinho, do jeito que eu escrevi no quadro-negro..."
“É, ele é muito esperto, mesmo. Já sabe ler. E só tem 5 anos, sabe. Lê de tudo. Agora ele quer que o pai dele leve ele pra Fábrica, para aprender a mexer nas maquinas, nos teares... Vê se pode... "
" D.Marelena, que qui a senhora acha de deixar ele ir pra aula? A Alice leva, eu ponho ele na primeira mesinha, e depois da aula a Alice vai lá e busca... Olha, eu trouxe aqui um caderno, lapis e borracha e um livro de história para ele ir lendo. Conversa com Sô Afonso e quem sabe né... manda ele amanhã lá no Grupo. Deixa que nós vamos cuidar bem dele. "
"Tá bom D.Veza, vou falar com o pai dele e amanhã, quem sabe, ele vai. Muito obrigado a Sra.. A Sra. não quer mesmo ficar pro almoço? "
"Brigado, D.Marelena. Fica pra outra vez. Bom dia."
É claro que o dialogo que reproduzi acima não é fiel ao que aconteceu, pois lá se vão 55 anos. Mas o sentido é o mesmo e vocês pode tê-lo como autêntico. Foi ali que fiquei sabendo o nome da dona da voz: D.Veza - ela que seria minha primeira professora. Minha mãe me encontrou na cozinha, depois da saída da D.Veza e viu que eu tinha escutado tudo. “- E aí, quer ir pro Grupo amanhã? D. Veza disse que pode... Olha o que ela trouxe para você...” e me entregou o material. Acho que não respondi nada. Não precisava. O brilho dos meus olhos dizia tudo. Peguei o livro de historias, fui para a varanda e deitei na rede. Mamãe parou do lado e ficou olhando para mim... Seus olhos marejavam. Eu que só tinha olhos para o livro, olhei para ela e vi uma lagrima que insistia em sair e descer rosto-abaixo. Ela sabia que naquele dia se abria para mim uma porta grande a um mundo novo, do qual ela já havia me falado antes. Mas só ela sabia o quanto esta porta e o quanto este novo mundo seriam importantes....

Para mim, aquele mundo dos livros era feito de fantasias e aventuras que preenchiam minha imaginação...
Até hoje.
 

 Rodrigo Guimarães Pena

sexta-feira, 29 de março de 2013

5 anos da morte de Isabela

Há 5 anos, num 29 de março, acontecia uma tragédia, um horror. Muitos dirão que é fato normal, que acontece com frequência. Mas me repulsa pensar assim. Temos que cultuar, para não permitir, para reparar antes, para que possamos nos considerar civilizados.

Para Isabela e (lamentavelmente) muitas outras crianças...
Rodrigo Guimarães Pena

Manchete estampa de horror nossa tela :
Por que(m) matou-se Isabela?

Esvai-se, é a vida.
Fatídico, é o acesso...
Matar é a saída?
Elimina o problema,
A irritação, o cansaço,
E o que eu faço, simplesmente eu faço,
Nem penso, nem meço?

Quiçá foi tino moldado-insano,
Curtido em reverso, faz ano,
Fazendo a mente entorpecida
Exibir  seu perverso,

Toda sua perfídia
Todo o seu mal profano?

Qual feroz animal
Investiria com fúria
Sobre a cria,
Despejaria ira
Forjaria dor
Esmagaria o amor,
Poria um atroz final
Na vida que criara um dia?

Quem perpetuaria tal ato,
Perpassando a armadura da tela,
Atirando sem rumo ao espaço
O amor paterno, o mais  tenro abraço,
Pra também deixar, no chão, em pedaços,
O laço sagrado do sangue ?

Pois este cometeu de todos
O maior engano:
Rompeu, com seu ato,

A sagrada sequência da espécie,
Rescindiu, em falso lhano,

O eterno contrato
A que toda paternidade obedece,


Nasceu neste ser, a besta,
O maldito que se expurga com a prece
Que arresta o que resta de amor
E o transforma em ódio e rancor,
E em seguida apodrece...

Morreu neste ser, sua alma

Sem que nele causasse mais dano,
Morreu neste ser
A centelha que brilha,
O amor de um pai por sua filha,

Morreu neste ser
A parte que o faz racional
E que o Criador, por essencial,
Deu de Si ao humano...

segunda-feira, 25 de março de 2013

Meu pai...

 
 
Domingo, eu estava almoçando, sozinho. Tomava uma taça de vinho. Como sempre faço quando almoço ou janto. Enquanto mastigava a comida, também mastigava pensamentos. Sempre isso. De repente quando fui passar o guardanapo na boca, nao me senti eu mesmo. Era como se o meu pai estivesse fazendo isso por mim. Era como se ele estivesse usando as minhas mãos, a minha boca e quase todos os meus pensamentos. Era ele em mim. Exatamente como ele passava: o guardanapo bem encolhido entre os dedos e deslizando sobre lábios contraídos - um amigo me disse uma vez quando lhe contei sobre meu pai ter morrido.

"O meu pai também morreu, mas sinto como se ele morasse, vivesse em mim". Na época nao dei muita importância aquilo, mas num domingo que se esparramava pelo asfalto, enquanto eu almoçava pude sentir isso bem. Exatamente assim, como se eu fosse apenas uma morada dele. Um corpo emprestado a ele. Pra não desabar, pensei: "pai, já que o senhor é que esta almoçando, se deliciando, no meu lugar...depois, por favor, aproveite e pague a conta, ok? Sorri e voltei a comer. Agora eu era eu mesmo de novo. Mas, na verdade, quem sou eu?

(Reynaldo Bessa)

segunda-feira, 18 de março de 2013

Diadorim, num era...


( Riobaldo, lamuria com um amigo, logo após o fato lastimoso)

 

“Diadorim morreu.

Foi guerra feia, guerra de jagunço doido. Eu tô aqui, vivo. Antes tivesse morrido, diacho!  Nós tavo guerreando em outras banda quando me acontaram. Me deu um tonto na hora. Branquiçô tudo... Me alembrei de tê preguntado pra Diadorim, nas véspa da noite: -Diadorim, tu num acha que todo mundo é doido? Que um só deixa de doido sê é em hora de muita corage, na hora dos coito ou das reza?

 E Diadorim me arrespondeu :

-A gente só deixa de ser doido é nas hora da morte...

Ô trem doido, sô... As lembrança me avem num desespero danado... Berrei até...

-Ai!  Jesus, Jesus, num faz isto, Jesus, num leva Diadorim, Jesus... Diadorim dos buritizar, levado de verde, Diadorim do ouro em frô..

Mai lá no chão duro, cuberto por um pedaço de pano véio, táva o corpo ensangüentado de Diadorim. O seu rosto... du´a beleza que permanecia, mais do que impossivelmente, memo com um pó da palidez, feito coisa de máscra... Os óios, temando em ficá aberto... É ficado assim pra gente num acreditar no que via.  A boca tá seca, os cabelo cheio de sangue apegado nes...

Digo aqui pra mim, assim:  -Num foi, num foi, num é, num fica sendo, Diadorim...

U´a muié levanta o pano e diz : - À Deus dada, a pobrezinha...

-O quê? Pobrezinha? Estarreci na hora...

 Era Diadorim e num era? Era Diadorim no corpo du´a muié.

 As dor não pôde maior do que a surpresa... Foi como um coice de arma atirada, ou coronhada de quina na cabeça... Ele era ela.

Levantei as mão pra me abenzer e... tapei foi um soluçá sem fim.

Enxuguei as lagrima maior. Curvei de dor...

Diadorim, num era home... Diadorim, era muié.

Muié como sór que quenta tudo ou como água que esfria os calor do sór.

Caí de jueio, baxei meus óios e recaí no mercê de sofrer.

Estendi as mão para tocar naquele corpo... e estremeci.

Retirei de vorta, rápido, quais que me incendiando.

Chorei por extenso... e  dei aviso enfezado:

-Enterra este separado dos outro, num aliso de vereda verde, adonde ninguém nunca ache, gritei bem arto...  A muié vortô, recobriu as parte.

Num impurso, bejei os oio, as face... e me acabei na boca. Carinhei os cabelo, cortado rente com tesoura de prata. Haveram de ser cumprido um dia, de dá pra baixo das cintura. Me alevantei pra despedir. Mai num soube o qui dizê e de que nome chamá. Então meus ouvido escutô minha voz dizendo baxinho, de tanta que era a dor:

- Meu amor, ocê num é doida mais; mas eu endoideci pra dois...”

sexta-feira, 8 de março de 2013

Poemas de Alexandre Anastasia - primeira troca


1- PRANTOS E DORES

 
Não me comovem os prantos caudalosos
Nem as grandes corredeiras
Que agridem as pedras mansas, quietas
Mas sofro com a dor que escorre
Lenta, de olhos cansados
Muda, de um peito agredido

Não me incomodam as dores gritadas
Os acordes majestosos
Que alimentam as carpideiras
E sim o sussurro da dor sem idade
Que não sabe se morre ou se nasce
E nos afoga em pesares passados

Não creio em paixões secretas
Falsamente arrebatadas
Que iludem a crença e a ingenuidade
Creio no amor desmedido e declarado
Misturado e confundido
Que será sempre desvendado
Por quem ama e é amado.


 2- COISAS QUE TENHO


 
Tenho um pássaro com o bico de ouro,
e seus ovos não matam minha fome.
Dele o canto não traz conforto,
nem seu vôo algum encanto.

Só meu é esse pássaro, meu tesouro,
que a tantos a inveja consome:
apenas um bico, dourado e torto,
ocultando a miséria com seu manto.

Tenho um cofre seguro, fechado e pesado,
guardando certos momentos,
sejam instantes de gozo,
ou horas de muito medo.

Só meu é esse cofre, sempre trancado,
escondendo meus sentimentos,
a esperar que eu, vitorioso,
encontre afinal o seu segredo.

Tenho um livro bonito, capa de couro,
e não me lembro do nome
do autor há muito morto,
do seu teor nem mesmo um tanto.

Só meu é esse livro, mau agouro,
angústia que nunca some:
sabendo que tenho um horto,
ouvindo da fome o pranto.

Tenho também um sonho obstinado,
sob os lençóis sonolentos,
em busca de algum repouso,
que sempre se vai muito cedo.

Só meu é esse sonho, indecifrado,
a provocar meus pensamentos:
mas se o decifro, vaidoso,
escravo serei de seu enredo...


3- LEMBRANÇAS

 Arrepios de lembrança me remetem,
como relâmpagos pequenos e tardios,
mudos pela distância
em noite de tempestade,
a tempos que não se repetem;
vazios terrenos e baldios,
obra sem relevância
esculpida pela metade.

Em espelhos que não refletem,
não pouse seus olhos serenos e macios,
deite-os em uma instância              
que nos tinha em outra idade;
os sonhos nossos merecem
acordares mais amenos e sadios,
nunca escravos da ânsia
nem reféns da felicidade.



4 - SILÊNCIO
 
Quando
ainda de corpos molhados
suados no silêncio da cama
nos beijarmos - lábios colados
calados em gratidão
ao abraço que nos completa
como ao vaidoso a fama
como a um velho sua neta;

Quando
fumando estendermos o gozo
silencioso trazendo a calma
de tanto desejo alcançado
cansado peito em repouso
pouso de saciada alma
e nos olharmos serenos
sem a tristeza do fado
do enfado ainda menos.

Então
da utopia visitantes
distantes dos lamentos
de tormentos cortantes
teremos nossos momentos
intensos se não constantes
instantes tão comoventes
que palavras não dão ciência
e assim gozaremos silentes
do silêncio a eloqüência .
 



 

 


quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Victor Hugo: Post-scriptum de minha vida -1901


Victor Hugo: Post-scriptum de minha vida (1901)

Do livro Post-scriptum de ma vie, publicado postumamente, em 1901. O livro apresenta seis Tas de Pierres (Montes de pedras), pensamentos esparsos desse imenso pensador, espalhados por dois capítulos: O Espírito e A Alma. O Espírito é subdividido em A Utilidade do Belo, O Gosto, Os Grandes Homens e Promontorium Somnii.

Abaixo um trecho de 'O Gênio', que faz parte de Os Grandes Homens.

 


O Gênio

Você está numa casa de campo, chove, você pega um livro, o primeiro que encontra e se põe a ler esse livro como leria o diário oficial ou a cópia de uma folha de avisos, assim, pensando em outra coisa, distraído, bocejando. Pouco a pouco você se surpreende atento, seu pensamento já não lhe pertence, sua distração se dissipa, uma espécie de absorção, quase uma sujeição, a substitui, e você já não é dono de si mesmo, já não é capaz de decidir 'vou me levantar e fazer outra coisa'.

Um livro é alguém. Preste atenção.

Um livro é uma engrenagem. Tome cuidado com essas linhas negras num papel branco; são forças que se atraem, se completam, se compõem, se decompõem, penetram umas nas outras, giram em torno de si mesmas, se desenrolam, se embolam, se acasalam, trabalham. Uma linha morde, outra aperta e comprime, outra domina, e outra seduz. As ideias são como o trilho de uma cremalheira.

Você vai se sentir puxado pelo livro. E ele não o largará enquanto não estive seguro de ter mexido com seu espírito. Há livros do qual os leitores saem inteiramente transformados. Homero e a Bíblia operam esse tipo de milagre. Os espíritos mais altivos, os mais finos, os mais delicados, assim como os mais simples e os mais elevados, sofrem esse encantamento.

Shakespeare ficou embevecido com Belleforest. La Fontaine ia a toda parte perguntando: você leu Baruch? Corneille, maior que Lucan, ficou fascinado com seus poemas. Dante deslumbrou-se com Virgílio, menor que ele.

Nem todos os grandes livros são fatalmente irresistíveis. Podemos não nos deixar moldar por eles, podemos ler o Alcorão sem nos tornar muçulmanos, ler os Vedas sem passar a viver como um faquir, ler Zadig sem seguir Voltaire, mas não podemos deixar de admirá-los. Aí está sua força. 'Eu te saúdo ou eu te combato, porque tu és rei', dizia um grego a Xerxes.

(...) O que digo é tão verdadeiro que é impossível admirar uma obra-prima sem ficar ao mesmo tempo satisfeito consigo mesmo. É uma boa sensação ter compreendido. A compreensão aproxima. Há na admiração algo que dignifica e fortalece a inteligência. O entusiasmo é como um cordial. 

Abrir um belo livro, mergulhar nele, se perder em suas páginas, se envolver, que festa! Temos todas as surpresas do inesperado ali, quase que ao vivo. As revelações do ideal são golpes que se sucedem.

Mas o que, afinal, é o belo?

Não o defina, não esmiuce, não lute contra, não crie dificuldades, não seja seu próprio inimigo à força de tantas hesitações, inquietações, enrijecimentos. Há alguma coisa mais tola que um pedante? Fique diante de si mesmo e admita: Deus é inesgotável, a arte é ilimitada, a poesia não cabe em nenhuma escola literária assim como o mar não cabe em nenhum vaso, ânfora ou jarra; seja simplesmente um homem sincero e tenha a grandeza de aceitar que se encantou, deixe-se prender pelo poeta, não conteste o efeito do que sentiu, aceite, sinta, compreenda, veja, viva, cresça!

O brilho da grandeza, aquela 'alguma' coisa que resplandece e que é sublime, eis o gênio. Algumas asas que se batem ao longe. Você está com o livro nas mãos, sob seus olhos, de repente parece que uma página se rasga de alto a baixo, como se fosse o véu do tempo. Por esse buraco, o infinito é visto. Uma estrofe é suficiente, um verso é suficiente, uma palavra é suficiente. O cume foi alcançado. Tudo foi dito.

Aquiles insultando Agamenon, Prometeu acorrentado, os Sete Chefes diante de Tebas, Hamlet no cemitério, Jó em seu martírio. Agora feche o livro. Pense. Você viu as estrelas.

 

Victor-Marie Hugo (Besançon, 26 de fevereiro de 1802 — Paris, 22 de maio de 1885) foi um romancista, poeta, dramaturgo, ensaísta, artista, estadista e ativista pelos direitos humanos francês de grande atuação política em seu país. É autor de Les Misérables e de Notre-Dame de Paris, entre diversas outras obras. Está enterrado no Panthéon, em Paris.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Pintando com areia - Kseniya Simonova

 
Vejam o que esta ucraniana faz com um pouco de areia em uma tela.
 É espetacular... E a rapidez, então...
 
 
  Sand Animation (Ukraine Got Talent)
 
Kseniya Simonova
 
 

(tela cheia, para se ver melhor)

Vocês vão ver que ela conta a historia da ocupação da Ucrânia pelos soviéticos na segunda guerra mundial, como era antes, durante o horror e ao final da guerra, e o reencontro da família.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Quando o amor acaba ( tema de Mogliamante)

 
 
Escrevi uma letra para esta belíssima musica de Armando Trovajoli,
tema de Mogliamante, filme com Marcello Mastroiani.
 

Espero que gostem. da letra e da performance



do jovem Tenor Neylson Crepalde
 



Abaixo a letra

Quando um amor acaba

Quando o amor,
Chega pra alguém
Não vê o depois
E o amor maior
Se tem
Se vem pros dois
Hoje eu sinto,
O nosso amor
Chegar ao fim...
Foi assim...
No olhar
O amor, se trai,
Se vê nos dois,
Sempre, quando
Um olhar se esvai,
O amor se foi,
Foi e deixa imensa dor,
Para um dos dois
Só pra um...
Por que se acaba um amor,
Não sei, ninguém sabe dizer
Por que_o fim do amor chegou
Nenhum_de nós o amor culpou
Pode parecer atroz
Dizer que amei por dois, por nós
Que_este um sente mais dor...
Eu preciso é aceitar ou vou morrer de amor
Eu preciso acreditar, que outro alguém virá,
Ou então enlouquecer, ao ver que a dor, ao fim
Tomou seu lugar
Em mim...

Volta, meu amor ( Love Affair)

 
Fiz letra para este belíssimo e triste solo de piano, composto pelo magistral Maestro Ennio Morricone, para o filme "Love Affair" de 1994, dirigido por Glenn Gordon, com Warren Beatty e Annette Bening. O filme é maravilhoso. Assistam.

 
Espero que gostem da letra e da performance
 
 
 
 do jovem Tenor Neylson Crepalde

 

Abaixo, a letra



Volta, meu amor



Vem, meu amor
De onde for
Volta pra mim
Vem perdoar
Quem eu fui
E não sou mais
Se eu pudesse Te  ter ao lado
Ser namorado, o amante, o amado, ainda...
Trago em mim
O amor
Vem por favor
Não... faz as-...
Sim...eu te amei
Como alguém
Jamais amou
Vem, sem temor
Sei a dor
Que eu te causei
Se eu pudesse Te  ter ao lado
Ser namorado, o amante, o amado. ainda
Trago em mim um amor
Vem por favor
Não... faz as-...
Sim, eu te amei
Como alguém
Jamais amou
Vem, sem temor
Sei a dor
Que eu te causei
Vem, vem, vem, vem...


domingo, 3 de fevereiro de 2013

Ponta de Mar...

Chega de tragédias.
E nada melhor do que uma poesia, saída do forno, agora, há pouco, pra oxigenar nossa existência, as vezes, tão amarga...

Em homenagem a um brasileiro de verdade - não estes que hoje enojam nossa terra - chamado Antônio Gonçalves Dias, ou "Gonçalves Dias" como o conhecemos, no ano 190º de seu nascimento, autor de um dos mais conhecidos sonetos do nosso Brasil, chamado "Canção do exílio".

Relembro:

 Canção do exílio

"Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar - sozinho, à noite -
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá."


Antônio Gonçalves Dias nasceu em 10 de agosto de 1823, no sítio Boa Vista, em terras de Jatobá (a 14 léguas de Caxias). Morreu aos 41 anos em um naufrágio do navio Ville Bologna, próximo à região do baixo de Atins, na baía de Cumã, município de Guimarães. Advogado de formação, é mais conhecido como poeta e etnógrafo,


Em sua homenagem fiz a, modesta mas honesta, poesia abaixo.
(Que Gonçalves Dias se abstenha de comentar, nem se revolva em sua tumba)


PONTA DE MAR

Minha terra tem um canto
Um rasgo, um corte, um avanço,
Uma ponta de mar,
 
Onde a água é tão limpa,
E tão pura,
Que faz quase escura
A água mais limpa que há...
 
A Espinhaço, altiva e brejeira,
Esticou-se e encontrou Mantiqueira,
Que a trancos, debaixo da terra,
Emendou-se a outra serra
Se acabando em Serra do Mar
 
E foi neste encontro
Marcado entre Serras...
Que abriu-se, perfeito, o espaço
Na forma  de abraço,
Onde o mar põe-se calmo e se aninha,
Ao sopé que se alinha
Às costas, beiradas das terras...
 
E à noite, um manto de estrelas
Vazado por lanças, forjadas em prata,
Pontudas, profusas, caídas do mar estelar,
Disputa brilho com a Lua,
Que volta e mais volta faz pose, se atreve, se acua,
Se faz Yemajá, lá do céu ninfa nua,
Aumenta seu brilho, e acende o lugar...
 
E o sabiá que se ouviu na palmeira
Que Gonçalves cantou, trás-as-Beiras,
Viajou, cá se pôs a buscar mais parceiras,
Nesta linda Ponta de Mar,
 
Pois sabe o sábio sabiá
Que onde a água é pura e cristalina,
É lá que vai estar a sabiá-menina
Pra beber água e quiçá, namorar...
 
Como se água também fosse a tinta
Que Deus preocupado, usa e nos pinta
Um quadro, um capricho, pra mãe-natureza se
Expor, ser memória, pra gente guardar...
 
Pra que um dia, bem longe, alhures se achar,
Peça a Deus, pois ouvindo Ele está:
“Não permita, Senhor, que da vida eu me vá
Sem que volte e desfrute os primores de lá:
 
Ver palmeiras, ver se encanta um sabiá,
Ver a terra se vestir de lindas flores,
Versos, Lua, Sol, o Céu, a emprestar cores,
Ver se as Serras inda abraçam aquele Mar...”

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Outra tragédia anunciada...


Mais uma tragédia aconteceu em Brasília. Mais previsível que a primeira, mas os patrocinadores são os mesmos.
Em desprezo completo a eles, posto aqui o Novo Hino Nacional, que só deve ser novamente cantado no original quando a decência voltar ao País.



"VIERAM DE BRASILIA, IMÁGENS ÁCIDAS
DE UM CANCRO ESTÓICO, OBRADO EXCRUCIANTE,
E O SOL DA LIBERDADE, EM RAIOS FÚLGIDOS,
SE FOI DO CÉU DA PÁTRIA, INOPERANTE.

SE O PENHOR, FOI SER COVARDE
OS QUADRILHEIROS HÃO DE ARDER EM CHAMA FORTE,
E ESTE AFRONTO_A MORALIDADE,
DESAFIA E FINDA A CRENÇA, É PÁTRIA OU MORTE!

Ó PÁTRIA USADA,
SEQUESTRADA,
SALVEM! SALVEM!

BRASIL, UM MONSTRO IMENSO O DEIXA LÍVIDO,
PAVOR, DESESPERANÇA, A ARANHA TECE,
E UM PRESIDENTE-RÉU, RISONHO E CÍNICO,
À MARGEM DA DECÊNCIA, SE ENRIQUECE.

DESPLANTE, SE ELEGER PELA CERTEZA
QUE A CORDA NUNCA ALCANÇA O SEU PESCOÇO,
SÓ PENSA EM AUMENTAR SUA RIQUEZA

TERRA ARRESTADA,
ENTRE OUTRAS MIL,
ÉS TU, BRASIL,
Ó PÁTRIA USADA!
PRUNS FILHOS DESTE SOLO ÉS MÃE SERVIL,
PÁTRIA ATADA,
BRASIL!"

domingo, 27 de janeiro de 2013

Mais uma tragédia anunciada...


ATÉ QUANDO SUPORTAREMOS SEM FAZER NADA?
QUE SOCIEDADE É ESTA QUE VÊ SEUS FILHOS MORRENDO PELA OMISSÃO, INCOMPETÊNCIA, GANÃNCIA DAQUELES QUE RECEBEM NOSSO DINHEIRO PARA NOS DAR CONFORTO, SEGURANÇA E BEM-ESTAR, E CHORA, E REZA, E... MAIS NADA?
POR QUE TEMOS DINHEIRO PARA TROCAR FROTAS DE CARROS OFICIAIS E NÃO TEMOS DINEHRO PARA COMPRAR MEDICAMENTOS?
TEMOS DINHEIRO PARA FAZER COPA DO MUNDO, OLIMPIADA MAS NÃO REFAZEMOS ESTRADAS, FERROVIAS, AEROPORTOS, MORADIAS?

"PANNIS ET CIRCENCIS"  (COMIDA E DIVERSÃO) :  CONSELHO DADO PELO SENADO ROMANO AO IMPERADOR NERO PARA EVITAR A REVOLTA POPULAR, E ELE ASSIM O FEZ. TRADUZINDO PARA NOSSO TEMPO: "BOLSA FAMILIA E FUTEBOL". EU ACRESCENTARIA A CACHAÇA, MUITA CACHAÇA.

EU COM DOIS FILHOS DE 27 E 29 ANOS PENSO QUE SE MORASSE EM SANTA MARIA, CERTAMENTE OS DOIS ESTARIAM NA FESTA.

NESTE DETALHE EU TENHO INVEJA DA CHINA. CORRUPTOS E INCOMPETENTES QUE CAUSAM ESTE TIPO DE TRAGÉDIA, LÁ SÃO PREMIADOS COM UMA BALA NA NUCA. E A FAMILIA AINDA PAGA A BALA.

PENSEM BEM : QUANDO FOI QUE UMA TRAGÉDIA NO BRASIL APRESENTOU CULPADOS E SE APRESENTOU, QUANDO FORAM PRESOS? NUNCA.

SABEM DE UMA COISA? NOS MERECEMOS POIS SOMOS OMISSOS, NÃO FAZEMOS NADA.

ESPEREM EM VÃO POR PUNIÇÕES.
- NINGUEM DA PREFEITURA - REPONSÁVEL PELO ALVARÁ - VAI SER PUNIDO; 
- NINGUEM DOS BOMBEIROS - REPONSÁVEIS PELA FISCALIZAÇÃO - VAI SER PUNIDO.  - NENHUM DOS PROPRIETÁRIOS, NENHUM DOS SEGURANÇAS, NENHUM DOS PARTICIPANTES DA BANDA, VAI SER PUNIDO.

QUEM FOI PUNIDO, FOI PUNIDO POR SER JOVEM, CONFIANTE, CRENTE QUE TEMOS PAIS, NAÇÃO, GOVERNOS, QUALQUER GOVERNO QUE GOVERNE - EM TODOS OS NÍVEIS .
OS QUE VÃO SER PUNIDOS JÁ RECEBERAM SUA PUNIÇÃO.
MORTOS, FERIDOS E SUAS FAMILIAS DESGRAÇADAS.

"QUEM ENTENDE OS DESÍGNIOS DE DEUS, MEU FILHO" - RESPOSTA DO ARCEBISPO DO RIO DE JANEIRO AO SER QUESTIONADO PELO REPORTER.
É DEMAIS, NÃO É...

O RESTO, AS PROVIDÊNCIAS,  SÃO COMISSÕES DE INQUÉRITO MANIPULADAS, INVESTIGAÇÃO CRITERIOSA PARA NÃO SE CHEGAR ALUGAR NENHUM, REPORTAGENS AO VIVO - ENQUANTO A AUDIÊNCIA FOR GARANTIDA - E DEPOIS ALGUMAS NOTICIAS ESPORÁDICAS, POIS JÁ HAVERÃO OUTRAS TRAGÉDIAS PARA SEREM COBERTAS PELO JORNALISMO DE RESULTADO.

QUE MANHÃ NOJENTA, ESTA DO DIA 27 DE JANEIRO, NO BRASIL...



domingo, 20 de janeiro de 2013

A doença e a cura

 

Se um dia desses, sem notar, sem fazer conta
Reparasse em alguém, além da monta,
Que o teu valente coração, forjado em aço
Se abobasse e derretesse ao calor de um terno abraço ?

Se um dia desses, sem notar, sem fazer conta
Reparasse em alguém, além da monta,
Que o teu olhar, o teu semblante, entre arredio e vacilante,
Ganhasse brilho, em breve instante, ao olhar um outro olhar, alienante?

Se um dia desses, sem notar, sem fazer conta
Reparasse em alguém, além da monta,
Que a razão dos teus receios, perdesse cor, ganhasse alheios,
E nos embalos de teus sonhos, tão inflados de desejos,
A presença deste alguém, junto a pares mais medonhos,
Te fizesse perder senso e o levasse a roubar beijos?

E se tudo aquilo que disseste,
Perdesse encanto,
Faltasse em prece,
Ao antever, em longo pranto,
O sofrer a alguém que trouxe amor em alguém que lho padece?

E se o cansaço desta louca solidão,
Trocasse o exílio angustiado de seu pobre coração
Pela presença insinuante, aveludada e atenuante,
De um carinho feito à mão?

Se assim estás, e ages qual um abestalhado,
M
eu amigo, não é mal ou coisa impura!
Não adianta acender velas ou aconselhar-se às escrituras,
Pois o mal que a mim confessas, carrega em si a própria cura,
E como amigo e confidente, te digo, sem mais conjecturas:
Estás, perdida a mente, apaixonado...


segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Zuccherino Dolce (Doce Açucarado) de Raphael Gualazzi

 
Degustem este Zuccherino Dolce,
ou Doce Açucarado,
do fantástico Raphael Gualazzi
 
 
Tela Grande e muito som... (vejam que piano !)

E a letra :

Pina Colada Pina Capirinha
ciao ciao, Piccolinha
me ne vado da qui, col tram.
E' notte, fredda c'è la neve
che grande impresa questo vieni e vai.
Sto in piedi, forse resto in piedi, resto aggrappato ai vetri, non ci crederai.
Se vuoi volar con me dentro nel sol, preparati a intonare il mio Bemol,
sei donna ormai rodata tutti i tram,
mi piace la tua lingua ed il tuo slam,
non ti do, cara mia, 34 anni dolce,
zuccherino dolce, tu m'hai deluso e vado via da te.
E togliti il cappotto di Rattan, lo vedi che già siamo a carneval, e il nuoto riponeva dentro il mar, con capirinha che mi fa volar
solo io, solo tu, solo non ti amo
dolce, zuccherino dolce, tu m'hai deluso e vado via da te.
Poi Daisy affilò dentro all'amor
la lama più sottile per il cuor
e piansero gli amanti nel morir
rimango solo per poi revivir
solo io, solo tu, solo non ti amo
Daisy, sweetest little Daisy
grido il tuo nome e tu te ne vai,
Daisy, sweetest little Daisy
grido il tuo nome e tu te ne vai,
Dolce, zuccherino dolce
grido il tuo nome e tu te ne vai,
Dolce, zuccherino dolce
grido il tuo nome e tu te ne vai

sábado, 5 de janeiro de 2013

A explicação necessária...


Postei, pois achei fundamental para o entendimento da realidade brasileira, em relação às incongruências, aos malfeitos, às reações exacerbadas, às falsas (legítimas no entender do protagonista) indignações, à forma de governar um país. É simples apesar de parecer que não.
O texto é um pouco longo mas, volto a dizer, necessário...      
 
Uma das experiências mais perturbadoras que tive na vida foi a de perceber, de novo e de novo ao longo dos anos, o quanto é impossível falar ao coração, à consciência profunda de indivíduos que trocaram sua personalidade genuína por um estereótipo grupal ou ideológico.

Diga você o que disser, mostre-lhes mesmo as realidades mais óbvias e gritantes, nada os toca. Só enxergam o que querem. Perderam a flexibilidade da inteligência. Trocaram-na por um sistema fixo de emoções repetitivas, acionadas por um reflexo insano de autodefesa grupal.

No começo não é bem uma troca. O estereótipo é adotado como um revestimento, um sinal de identidade, uma senha que facilita a integração do sujeito num grupo social e, libertando-o do seu isolamento, faz com que ele se sinta até mais humano. Depois a progressiva identificação com os valores e objetivos do grupo vai substituindo as percepções diretas e os sentimentos originários por uma imitação esquemática das condutas e trejeitos mentais do grupo, até que a individualidade concreta, com todo o seu mistério irredutível, desapareça sob a máscara da identidade coletiva.

Essa transformação torna-se praticamente inevitável quando a unidade do grupo tem uma forte base emocional, como acontece em todos os movimentos fundados num sentimento de “exclusão”, “discriminação” e similares.
Não me refiro, é claro, aos casos efetivos de perseguição política, racial ou religiosa. A simples reação a um estado de coisas objetivamente perigoso não implica nenhuma deformação da personalidade. Ao contrário: quanto mais exageradas e irrealistas são as queixas grupais, tanto mais facilmente elas fornecem ao militante um “Ersatz”(SUBSTITUTO, POREM DE QUALIDADE INFERIOR AO ORIGINAL) de identidade pessoal, precisamente porque não têm outra substância exceto a ênfase mesma do discurso que as veicula.

À dessensibilização da consciência profunda corresponde, em contrapartida, uma hipersensibilização de superfície, uma suscetibilidade postiça, uma predisposição a sentir-se ofendido ou ameaçado por qualquer coisinha que se oponha à vontade do grupo.

No curso desse processo, é inevitável que o amortecimento da consciência individual traga consigo o decréscimo da inteligência intuitiva. As capacidades intelectuais menores, puramente instrumentais, como o raciocínio lógico verbal ou matemático, podem permanecer intactas, mas o núcleo vivo da inteligência, que é a capacidade de apreender num relance o sentido da experiência direta, sai completamente arruinada, às vezes para sempre.

A partir daí, qualquer tentativa de apelar ao testemunho interior dessas pessoas está condenada ao fracasso. A experiência que elas têm das situações vividas tornou-se opaca, encoberta sob densas camadas de interpretações artificiais cujo poder de expressar as paixões grupais serve como um sucedâneo, hipnoticamente convincente, da percepção direta.

O indivíduo “sente” que está expressando a realidade direta quando seu discurso coincide com as emoções padronizadas do grupo, com os desejos, temores, preconceitos e ódios que constituem o ponto de intersecção, o lugar geométrico da unidade grupal.

O mais cruel de tudo é que, como esse processo acompanha “pari passu” o progresso do indivíduo no domínio da linguagem grupal, são justamente os mais lesados na sua inteligência intuitiva que acabam se destacando aos olhos de seus pares e se tornando os líderes do grupo.

Um grau elevado de imbecilidade moral coincide aí com a perfeita representatividade que faz do indivíduo o porta-voz por excelência dos interesses do grupo e, na mesma medida, o reveste de uma aura de qualidades morais e intelectuais perfeitamente fictícias.

Não conheço um só líder esquerdista, petista, gayzista, africanista ou feminista que não corresponda ponto por ponto a essa descrição, que corresponde por sua vez ao quadro clássico da histeria.

O histérico não sente o que percebe, mas o que imagina. Quando o orador gayzista aponta a presença de cento e poucos homossexuais entre cinquenta mil vítimas de homicídios como prova de que há uma epidemia de violência anti-gay no Brasil, é evidente que o seu senso natural das proporções foi substituído pelo hiperbolismo retórico do discurso grupal que, no teatro da sua mente, vale como reação genuína à experiência direta.

Quando a esposa americana, armada de instrumentos legais para destruir a vida do marido em cinco minutos, continua se queixando de discriminação da mulher, ela evidentemente não sente a sua situação real, mas o drama imaginário consagrado pelo discurso feminista.

Quando o presidente mais mimado e blindado da nossa História choraminga que levou mais chicotadas do que Jesus Cristo, ele literalmente não se enxerga: enxerga um personagem de fantasia criado pela propaganda partidária, e acredita que esse personagem é ele. Todas essas pessoas são histéricas no sentido mais exato e técnico do termo. E se não sentem nem a realidade da sua situação pessoal imediata, como poderiam ser sensíveis ao apelo de uma verdade que não chega a eles por via direta, e sim pelas palavras de alguém que temem, que odeiam, e que só conseguem enxergar como um inimigo a ser destruído?

A raiz de todo diálogo é a desenvoltura da imaginação que transita livremente entre perspectivas opostas, como a de um espectador de teatro que sente, como se fossem suas, as emoções de cada um dos personagens em conflito. Essa é também a base do amor ao próximo e de toda convivência civilizada.

A presença de um grande número de histéricos nos altos postos de uma sociedade é garantia de deterioração de todas as relações humanas, de proliferação incontrolável da mentira, da desonestidade e do crime.
 
Artigo de Olavo de Carvalho (Diário do Comércio)