sábado, 29 de maio de 2010

Fumec Me, Fumec You...

...e o largo manto betuminoso se estreita
Qual fio de Cobre...
Logo, muralhas de aço e concreto
Invadem a contaminada paisagem
Por todos os lados onde a vista se faz...
Enfileirados de carros e motos
Bafando gás quente, queimando pulmões
Na selva insensivel que expande e se infiltra,
Labirinta o pretenso umbral do saber...

Fumec me...

Fantasias pensadas, prensadas em subidas,
Nas caixas metálicas que correm veias estreitas
Pra baixo e pra cima
Arrastando carreiras,
Frustrando alguns sonhos que vem nessas vias...
Café, copo plástico queimando nas mãos,
Sentados, em pé, fugindo do tempo
Das artes escritas, twitadas no cel
Das Baladas da noite armadas
Nas provas sedentas de amargo poder de poder...

Fumec you...

Sinto meu rosto queimando meus dedos,
E penso no sol, escondido nos arcos, nas vigas.
Procuro o abraço do azul com o rosa,
Procuro a lágrima vertida nos dias perdidos,
Nos segredos que deixam pegadas na mente....
Horário é horário, senhor..
E o patrão é relógio que vive adiantado,
Talvez seja tarde demais, eu não chego...
Piedade, eu xeroco depois...
Mas será que este fim satisfez o docente?
Decerto que não,
Tal impor não traz paz...
Nem é certo, contenta esta sede, qual água de mar...
O que o mestre não mostra é o que vai te matar...

Fumec you...

Calor. Me ferve o calor...
Que traz a emoção, o transtorno, a certeza,
Traz escadas, as salas, o muro cinzento,
O jardim de semblantes, o sentir-se fetal...

Fumec me...

Desisto. O atropelo está perto e eu sucumbo, é fatal...
O incerto conjura, não me posso conter,
Corredores, finais...é meu fim...
E o concreto emoldura e me
Cobra em enredo o ensino final :
“Nem todo saber nos salvará do tédio...”

Fumec Me, Fumec You...

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Classificação no concurso dos Microcontos realizado pelo Blog do Noblat e Academia Brasileira de Letras


















Enviado por Ricardo Noblat - 6.5.2010 15h30m
Concurso de Microcontos promovido pelo twitter deste blog:


O Blog do Noblat recebeu 2.223 microcontos.
Foram 522 os pré-classificados e 55 os semi-finalistas.
Ontem, 5 de maio, na Sala da Presidência da Academia Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro, foram escolhidos os 10 finalistas.

Fizeram parte da Comissão Julgadora que aparece na foto acima:

Marcos Vinicios Vilaça, pernambucano, presidente da Academia Brasileira de Letras, onde ocupa a cadeira 26. Eleito como membro da ABL em 1985, tomou posse como presidente da Academia em 15 de dezembro de 2005, novamente em 2006 e em 2009. É membro da Academia Pernambucana de Letras (Cadeira 35) e da Academia Brasiliense de Letras (Cadeira 1). Bacharel e Mestre em Direito, professor, conferencista, escritor.

Cora Tausz Rónai, carioca, jornalista, pioneira do jornalismo de tecnologia, usuária de computador pessoal desde 1986, primeira jornalista brasileira a criar um blog, o internETC. e primeira a dedicar-se à fotografia digital. Trabalha em O Globo desde 1991. Recebeu o Prêmio Comunique-se de Melhor Jornalista de Informática em 2004 e em 2006. Escritora e “tuiteira”.

Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa, paulista, professora primária, professora de francês e de inglês, tradutora, usuária de PC desde 1989, articulista e colaboradora do Blog do Noblat desde 2005 e blogueira desde 2009.
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O autor do microconto premiado recebeu um iPod com uma seleção das músicas que tocam na Estação Jazz e Tal

Os 10 microcontos foram publicados também na edição da Revista Digital, de O Globo, na coluna de Cora Rónai.

Subitamente, teve certeza: no futuro, se escrevessem sobre ele, teriam dificuldades para atingir os 140 caracteres exigidos pelo twitter.
Ananias José de Freitas

Em ordem alfabética pelo nome do autor, os outros nove microcontos escolhidos pelo júri:

Revelou, no leito de morte, o segredo de uma vida. Não chegou a saber que havia entendido errado.
Elton Colini

O gato saiu em disparada. A ratoeira acaba de cumprir sua missão.
Elza Ramirez
Foi o raio de uma tempestade em copo d’água que o matou.
Felipe Cerquize

Cinco. Todos os dias, às cinco, ela se posta no portão, com o bilhete amarelado nas mãos. “Mãe, fui ao mercado. Volto às cinco”.
Luanna Azzarito

No primeiro jantar de viúvo, só fez olhar o prato. A memória que emanava da louça antiga foi seu único alimento.
Marcos A. Kohler

Abrindo as pernas, ela abriu todas as portas.
Paulo Maurillio Pereira

Conferiu um a um os números da mega sena. Levou um susto. Acertou todos. 30 milhões. Devia ter jogado.
Rodrigo Guimarães Pena

Olhos curiosos passeavam pelo livro, linha a linha, palavra por palavra, letra a letra. Deliciava-se, mas entristecia. Queria saber ler.
Valéria dos Santos Araújo

Chá de cavalos marinhos, a receita da avó para asma. O menino disfarçava, para que o Unicórnio não descobrisse o que lhe ia na xícara.
Viviane Burger
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