segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Antologia de Ouro


Dia 16/12, domingo, nos jardins do Parque Municipal, na Praça dos Fundadores, ocorreu o lançamento da "Antologia de Ouro", organizada por Regina Mello, pelo Museu Nacional da Poesia.

Em 18/12, terça-feira, nos jardins do Palácio das Artes será feito outro evento como continuação do lançamento do livro. Apareçam...

Abaixo foto da capa do livro.


O tema foi "Primavera" e eu colaborei com a poesia "Chuvas & Lagrimas".

Abaixo, a poesia:




Chuvas & Lágrimas

                                                  
Ar seco umedece. A chuva cai...
Necessárias ao mundo, ao seu quintal.
Solidárias.
Súbitas, as águas irrigam
Ocultas gretas do jardim,
Escondidas há tempos...
Solitárias.

Gotas de madrepérola se formam
Nas abas das folhas, e                                                         
...escorrem, parcimoniosas, dolentes,
Como se a ordem imperasse
Neste caos natural,
Como se a terra, abaixo,
Tivesse preferência especial, ou                                
 ...houvesse escolhas...

Seres que não existem (para nós), se mostram.
Sob plantas rasteiras, ondulam, ululantes...
‘Um paraíso”, diria Darwin...
Cenas de plena orgia,
Num festival de desconcertantes...

E em ritmo de descontrole,
Devoram, obstinados, sumos e insumos...
Que brotam perdidos, incertos, errantes...
 

Seu quintal está arfante, e a chuva pára.
Sem se importar ou dar saber,
Foi-se embora...
Deixou seu quintal prenho,
Gestando, da natureza, a cara...

Torpor, num silencio quase triste...
          ...até que Sol imenso se faz,
Incendeia, queima a tarde,
Se agiganta, se arvora...
          ...e mais e mais vida renasce,
Insiste, e mostra face mundo afora.

                          ...e ela,
A flor mais bela, olhar distante,
Mãos no queixo, cotovelos na janela...
Que indiferente,
A tudo assiste e nada vê,
Nem se importa,
Nem ao menos quer saber,

Que a chuva que escorreu por todo chão,
Molhou menos que um chorar apaixonado
Que um partido e desolado coração,
Chorou, chorou, e ainda chora...

 E as lagrimas vertidas, permeadas
No quintal, no seu jardim,
Inconformadas e mal pagas
Com esta sina, nesta sorte

Ao invés de se acabarem,
Tristemente, em dor e morte
Renasceram flores belas, tronco forte
Floresceram por amor,
Pra ser suporte,

Floresceram, desta vez,
Bem embaixo da janela,

Floresceram, desta vez,
Por dó de mim...

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

115 anos de Belo Horizonte... Parabens !

 
 
Valsa de um Belo Horizonte
letra e musica: Rodrigo Guimarães Pena
interprete : Carlos Barbarino ( o baiano mais belorizontino que eu conheço)
Piano : maestro Zezinho Moura


abaixo a letra :

Valsa de um Belo Horizonte

Existe a cidade , um lugar
De um horizonte
O mais belo que há
Teu nome, é um poema
Nascido nos montes
Nas águas dos rios                                                                                           

No vale das fontes        
                                        

A amizade está sempre presente
Nas ruas

No olhar desta gente
De um jeito sereno
Um café - pão de queijo
 “Um bom dia”, no aceno  
E o abraço é com beijo...   


Teeem... Mineirão, tem  Pampulha
E a Igrejinha nas beiras
Tem Parques, com  flores
E  Mercado Central

Savassi, dos jovens
Nos bares, nas feiras
Palácio das Artes

Nasceu musical

E se alguem me pergunta   
Se existe outro assim     
Meus  olhos  respondem  por  mim:       

Laraiá, laraiá,  Ah!   BH,  
Laraiá, laraiá,        é  meu lugar     
Laraiá, laraiá,   Ah!   BH,
Laraiá, laraiá        sempre hei de amar

Ah! Se outra vida eu tivesse,
Se  eu nascesse do chão
Como a mina acontece, 
Nascia outra vez,  neste chão
(faço prece)  
De  Minas  és  face,
E os  Gerais,  Coração...


Guaaardiã  de  orgulhosa
Bandeira mineira,

Trindade vermelha
Do  sangue da raça,

Liberdade é teu nome
E o  Brasil sabe bem,
Pátria-Minas! "Libertas
Quae Sera Tamen..."

 Belo Horizonte,   
Um  amor ,te confesso...
Sem ti não há canto

Sem ti não há verso,
És forma de encanto
Que Deus fez sem par
Coração do Brasil,  BH...

Laraiá, laraiá,  Ah!   BH,
Laraiá, laraiá,    é  o    meu lugar
Laraiá, laraiá,  Ah!    BH,
Laraiá, laraiá      sempre hei de amar...

 

Pegadinha do elevador

 
Perdoem o "off toppic" mas não resisti...
 
 
 

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Fecha a 40...


 
Encontrar-te neste estado
Foi destino previsível
Hoje fato consumado
Que tornaste mais comum
Que, em outrora, lamentável.

Visitei o teu passado,
Envolto em aura de mistério.
Reconheci teu karma e fado,
E vi um espectro insensível
Rir dos fatos...
Vi que o dano era mais sério...
 
Por ti
Desci ao fundo do poço
Foste a faca, fui ferida,
Foste um parto, fui partida,  
Foste o laço, fui pescoço.

Abandonaste ombro, à sorte
Que amparava as horas duras,
Abandonaste o amor, o teu suporte,
Trocado por abismos
Cercados de caminhos rentes,
Tão profundos, decacadentes
Cavados por mentiras, por descumpridas juras...
 
E o que espera, agora?
Algum amor, parco perdão, breve acolhida?
Está pela hora, não vê, já não sente?
Fizeste lá atrás, escolhas tortas, afoitas,
Sem importar com o que faz ou apronta...

Mas lamento ter a informar
Que o fim da estrada é logo ali,
Não te deixe enganar, é ali na frente,
Onde o chão é areia quente
Onde vai te faltar ar
Onde dor é permanente
Onde a vida, enfim,
Apresenta a conta:

- “Fecha a 40...”

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

A Ideia - Augusto dos Anjos


 

De onde ela vem? De que maneira bruta
Vem essa luz que sobre as nebulosas
Cai de incógnitas criptas misteriosas
Como as estalactites duma gruta?

Vem da psicogenética e alta luta
Do feixe de moléculas nervosas,
Que, em desintegrações maravilhosas
Delibera, e, depois, quer a executa!


Vem do encéfalo absconso que a constringe
Chega em seguida às cordas da laringe,
Tísica, tênue, mínima, raquítica...


Quebra a força centrípeta que a amarra
Mas, de repente, e quase morta, esbarra
No mulambo desta língua paralítica!




Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos (Cruz do Espírito Santo, 20 de abril de 1884 — Leopoldina, 12 de novembro de 1914) - Foi poeta.

sábado, 24 de novembro de 2012

Quando o amor acaba...

  
 
 

Escrevi uma letra para esta belíssima musica de Armando Trovajoli, tema de Mogliamante, filme com Marcello Mastroiani.
É só clicar e cantar junto.
Espero que gostem.

Abaixo a letra:


Quando o amor,
Chega pra alguém
Não vê o depois
E um amor maior
Se tem
Se existe em dois
Hoje eu sinto
O nosso amor
Chegar ao fim...
Triste, é assim...

Sem amor
O olhar se trai,
Se vê depois
E o amor
Quando se esvai,
O olhar se foi,
Foi e deixa imensa dor,
Para um dos dois
Só pra um...

Por que se acaba um amor?
Não sei, ninguém sabe dizer
Por que o fim do amor chegou?
Nenhum de nós o amor culpou
Pode parecer atroz,
Dizer que amei por dois, por nós
Que este um sente mais dor....

Eu preciso é aceitar ou vou morrer de amor
Eu preciso acreditar, que outro alguém virá,
Ou então enlouquecer, ao ver que a dor, ao fim,
Vive do amor
Em mim

sábado, 17 de novembro de 2012

Um menino chamado Rodrigo


Quando minha mãe chama: “Digo”
Vou brincando
Vou feliz
Pois eu sei que sou querido

Quando meu pai chama: “Digão”
Vou correndo
Vou sem medo
Pois eu sei que é diversão

Mas quando um dos dois grita:
RO-DRI-GO!!
Fico quieto, e digo nada
Pois eu sei : fiz coisa errada...

 

Achei esta quadrinha na internet.
Não mencionava o nome do autor

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Morre Alcione Araujo, aos 67 anos



O autor e diretor teatral mineiro Alcione Araújo morreu na madrugada desta quinta-feira (15). Alcione tinha 67 anos e foi vítima uma parada cardíaca dentro de um hotel da região da Savassi, onde estava hospedado na companhia da namorada e dos sogros.
Alcione Araújo nasceu em Januária, no Norte de Minas Gerais, e morava no Rio de Janeiro.
Atualmente, o diretor era cronista de um jornal mineiro.

Carreira
Autor, diretor e professor. Sua obra busca a síntese entre o subjetivo e as circunstâncias, o psicológico e o social.
Formado em engenharia, leciona na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Na mesma universidade, interessado em teatro, ingressa no curso de formação de atores. Em Belo Horizonte é encenada sua primeira peça, Há Vagas para Moças de Fino Trato, 1974, estudo psicológico do sofrido convívio de três mulheres e dos traumas que lhes são causados pelas relações amorosas. Ainda em 1974, o texto é novamente encenado, agora sob a direção de Amir Haddad, com Glória Menezes, Yoná Magalhães e Renata Sorrah, lança o jovem autor em São Paulo e no Rio de Janeiro. Desde então, a peça tem muitas produções pelo Brasil e em outros países do continente.
Também a segunda peça de Alcione, Bente-Altas: Licença para Dois, é encenada em Belo Horizonte, com direção de Aderbal Freire-Filho, em 1976, depois de ganhar, no Rio de Janeiro, um prêmio no concurso de dramaturgia do Grupo Opinião. Os protagonistas são dois jovens marginais recém-saídos de um estabelecimento de recuperação de menores: a ação ilustra, através de um diálogo vigoroso e colorido, as suas visões do mundo e as suas dificuldades de adaptação a uma sociedade que os segrega e reprime. Em 1976 estreia, ainda em Belo Horizonte e também com direção de Aderbal, Sob Neblina Use Luz Baixa, texto premiado no Concurso de Dramaturgia do Serviço Nacional de Teatro (SNT). O autor aborda, pela primeira vez num tratamento que tende para a metáfora e o teatro do absurdo, o triste fenômeno dos desaparecidos, cuja presença-ausência repercute no cotidiano dos familiares e leva Alcione Araújo a dissecar criticamente a instituição da família, assunto ao qual ele volta em outras obras.
Em 1981, já morando no Rio de Janeiro, estreia como diretor profissional com Doce Deleite, uma colagem de doze esquetes cômicos, dos quais oito são de sua autoria. Tanto os textos como a encenação propõem-se basicamente a servir de veículo a uma série de composições de tipos por parte da dupla Marília Pêra e Marco Nanini. O espetáculo obtém enorme sucesso de bilheteria e, após a temporada carioca, passa dois anos viajando pelo Brasil. Segue em 1981, numa produção do Teatro dos Quatro dirigida pelo autor, a comédia Comunhão de Bens, que aborda a instituição do casamento sob o prisma da recente revolução dos costumes sexuais. Muitos Anos de Vida, que dirige em 1984, lhe proporciona o Prêmio Molière de melhor autor da temporada carioca. O autor traça aqui uma feroz análise do autoritarismo dentro do grupo familiar, análise que pode ser também interpretada como uma alegoria mais abrangente sobre o comportamento das faixas mais direitistas e conservadoras da pequena classe média nacional. Em texto publicado no programa, escreve: "O que me interessa sempre como matéria-prima teatral é o homem, idéias e ideologias trazidas para o cotidiano, para as situações corriqueiras, onde princípios e doutrinas são postos em xeque. E isso no homem brasileiro".1 A Caravana de Ilusão, 1982, é montada por Luiz Arthur Nunes  sete anos depois de escrita.
Durante doze anos, leciona na Uni-Rio, na Escola de Teatro Martins Pena e na CAL - Casa das Artes de Laranjeiras. Publica artigos em veículos especializados.
Desde 1981 se dedica à atividade de roteirista de cinema e de televisão, criando, inclusive, roteiros para países estrangeiros.
Alcione Araújo escreveu famosas peças teatrais, como  “Muitos anos de vida” e “Há vagas para moças”.
O autor também assinou roteiros destinados à televisão e cinema.
Como diretor, Alcione Araújo foi um dos responsáveis pelo sucesso de Doce deleite, uma colagem de 12 esquetes cômicos encenada pelos atores Marília Pêra e Marco Nanini.

No que me tange...
Foi meu professor de Eletrônica na Escola Técnica Federal de Minas Gerais em 1969.
Muito sisudo, fechado, de pouca conversa, fumava Capri. Acendia um cigarro no tôco do outro que acabava. Teve com isto um enfarte aos 29 anos de idade. Talvez este fato tenha feito com que ele abandonasse as aulas de Eletrônica, a Engenharia como um todo e partisse para sua vocação: a escrita, o teatro, a direção teatral e cinematográfica, a criação literária.
Inteligentissimo. É uma perda para a cultura brasileira.

sábado, 10 de novembro de 2012

50 anos de "Laranja Mecânica"
09 de novembro de 2012 | 19h 01
 
A condição humana, no incômodo limite entre o bem e o mal

Excerto do Ensaio  escrito em 1973, o autor de 'Laranja Mecânica' explica as razões de seu livro


ANTHONY BURGESS

Sou, por ofício, um romancista. Acredito tratar-se de um ofício inofensivo, ainda que não venha a ser considerado respeitável por alguns. Romancistas colocam palavras vulgares na boca de seus personagens e os descrevem fornicando e fazendo necessidades. Além disso, não é um ofício útil, como o de um carpinteiro ou de um confeiteiro. O romancista faz o tempo passar para você entre uma ação útil e outra; ajuda a preencher os buracos que surgem na árdua trama da existência. É um mero recreador, um tipo de palhaço. Ele faz mímica e gestos grotescos; é patético ou cômico e, às vezes, os dois; ele faz malabarismo com palavras, como se estas fossem bolas coloridas.
O uso que ele faz das palavras não deve ser levado excessivamente a sério. O presidente dos Estados Unidos usa palavras; o médico, o mecânico, o general do exército ou o filósofo usam palavras; e essas palavras parecem estar relacionadas ao mundo real, um mundo em que impostos precisam ser arrecadados e depois evitados; carros precisam ser dirigidos; doenças, curadas; grandes pensamentos, pensados; batalhas decisivas, travadas. Nenhum criador de enredos ou personagens, por maior que seja, deve ser considerado um pensador sério, nem mesmo Shakespeare. Na realidade, é difícil saber o que o escritor criativo realmente pensa, pois ele se esconde atrás de suas cenas e de seus personagens. E quando os personagens começam a pensar e a expressar seus pensamentos, não se trata, necessariamente, dos pensamentos do escritor. Macbeth pensa uma coisa e Macduff, algo diametralmente oposto; as ponderações do Rei não são as mesmas de Hamlet. Até mesmo o dramaturgo trágico é um palhaço, soprando uma melodia triste em um trombone velho. E então seu ânimo trágico se esgota e ele se torna um bufão, cambaleando por aí e plantando bananeiras. Nada que deva ser levado a sério.


O texto completo está em
http://www.estadao.com.br/noticias/arteelazer,a-condicao-humana-no-incomodo-limite-entre-o-bem-e-o-mal,958141,0.htm
 

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Peso Morto


Tomei de gole o que restava da cachaça
Mirei no espelho o mal-estado da carcaça
O velho terno pernoitara, embolado, encardido,
Pendurado no varal. Houve dia peça cara, que

Uso e sebo transformara: testemunha imparcial

Cada noite, outro bar, cada trago, passo torto
Cada canto, mal-estar, cada tombo, peso morto
 
Tinha orgia? Estava lá...
Uma mulher, um corpo tido,
Cada garçom, um grande amigo,
Cada abrigo, um five-star...
 
E assim vivi, como se louco,
Assim morri, jovem, há pouco. 
O vício fez-me escravo o corpo,
À morte coube o alforriar...

 


quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Alma acuada...

Alma acuada



Lá fora
A uivante ventania
Levava pra longe
As dolentes folhas
Caídas naquela tarde cinzenta e fria,
Escondida dos raios de sol,
Desviados, encobertos...

Tarde escura...

Ímpetos de fazer loucuras, me cercam...
Tu, olhos fixos, medrosos,
Mãos atrevidas prospectam,
Tateiam, buscam juras, promessas.
Procuras o passado em meu corpo, 
Inerte, perplexo, apático,
Ou o que dele possa ter sobrado,
Após um final cruel, enfático...

Fraquejo...

Jurei deixar-te, para sempre
E agora me vejo mergulhar em teu colo,
De novo, lamber teu suor,
Cheirar o teu cheiro,
Buscar teu amor, por inteiro...

Esmolo...

Me dou sem pensar,
Me anseio, me intumo, me enteso,
Exposto em vivo-ardor...

Me esfolo..

Como mórbida sinfonia,
Tudo soa...
Quem és tu,
Quem sou eu, 
O que faço em meu vôo solo?

Me calo...

Meu rosto traz teus cabelos, revoltos....
Tua voz, em meus ouvidos, ressoa.
Pouco a pouco, ensurdeço
Envolto em doces afagos...

Desfaleço...

Me afasto, etéreo, me solto...
Me escuto dizendo sem nexo:
Minha culpa, perdoa, eu não presto...
Como se toda minh’alma, em arresto,
Aflorasse aos lábios cortados, intensos,
Pálidos e apensos...
E sábios...

Ouso trocar
O olhar manso dos prados,
Regado ao orvalho caído dos céus,
Pela ardência eflúvia de abismos,
Densos, saturados
De melodias de Iaras e Orfeus.

Falta chão, tudo some.
Tua boca em minha boca...
Louco.
Teus seios aconchegados, entesam,
Tuas mãos, mágicas, me elevam...
Sufôco !
Tuas coxas, trágicas, me encaixam.
Morro !

...uma lágrima à noite e...
Desperto, insone.
Rola gota de pura mágoa
Que traz o teu nome.

Ó flagelo! Ó açoite!
Ó insana dúvida!
Que se instala e consome...
E como a ira, 
É pérfida, purga, eriça,
Apronta o bote...

Então tu, a dormir... choraste !

E havia em teu lamento
A tristeza tíbia do vento,
Que varre as folhas em minhas tardes.

Ó Melancolia eterna...
Tu que habita e hiberna,
Se esconde da luz que brilha
Deste sol
Que insiste, e nasce,
Queima o peito
Inflado por ações soberbas...

Covarde ! Covarde!
Assaltam à mente, as falácias...

Escurece...

A tarde,
Se faz chama,
Que inflama, arde
Derrete gestos, impostos, aceitos,
Impróprios conceitos, confesso...
Mas...
Faz brotar em mim,
Um grito, um clamor, afinal
Um sopro de vida,
Resumido a tênue poesia :

Ai de ti
Ó alma acuada,
Não percebes quão maior é
A ânsia de quem perdeu um amor ?.”

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Submissão...


Qual poliglota
Em várias línguas
Em finos tratos
Seduz aos saltos
E atrai-se à mingua

Armando a sina
Se faz, incauto,
Se finge casto,
Posa de fausto
Emposta a crina...

Se o corpo atina,
Assalta em falso
Esvai-se em versos
Maltrata rimas

Externa a voz
Em farsa e esmero
No afago arteiro
Do amar sem pós

Paira e flutua...


Apraz-se em bocas
Mãos minhas, suas,
No sexo, loucas,

Envolve-o inteiro,
Por cio, amparas
Nas coxas nuas
Nas parcas roupas
Nas peças, poucas
Salpicam gotas
Nas fendas cruas

Em bentas taras
As prendas postas
Nas cavas, fossas
Nas poças fundas,
Invade e apossa
E o abraço freme,

A femea estreme...
No espasmo, o cume...
O corpo geme,
O gozo é morte,
E o rico sêmem,
Avança à sorte,
Surfando onda,
Cevando impune...

domingo, 9 de setembro de 2012

Meus 60 anos...



No proximo dia quinze(15/9), passo a ter o direito de pagar meia ou furar filas em bancos e em outros calvários brasileiros.
Meus 60 anos vem aí. 
O danado é que me sinto como se tivesse só 30... 
Mas o espelho e o cardiologista não deixam por menos. 
O que fazer?  
Fazer 60 e continuar, até onde der...


60 anos, eu faço
40 anos, me dão
20 anos, foi traço
80 anos, sei não...

60 anos de luta
40 anos, fui fera
20 anos? só puta !!!
80 anos, na espera...

60 anos, confessa
40 anos, só pressa
20 anos, fui nessa
80 anos, despeça...

60 anos, difícil, não minto
40 anos,  vai antes um tinto?
20 anos, isto é que é pinto !!!
80 anos, e eu, mal o sinto...

60 anos,  100%  aberto
40 anos,  100%  acerto
20 anos,  100%  esperto
80 anos,  100%  incerto

60 anos, parece um engodo...
40 anos, parece tão probo...
20 anos, aparece, e eu fôdo !!!
80 anos, parece que é lôdo...

60 anos, só falando em lembrança...
40 anos, olha aí o tamanho da pança !
20 anos, outra vez? Não se cansa ?
80 anos, liga não, é igual a criança...

60 anos, aviou-se, discreto
40 anos, mexeu nele, tá reto
20 anos, nem piscou, tá ereto
80 anos, Viagra ao teto, e + afeto...