sábado, 16 de junho de 2012

O fio do Seu Fulô, lá do Codesburgo...


Dia 27 de junho faz 104 anos do nascimento de João Guimarães Rosa. Abaixo o relato de uma testemunha que presenciou o fato(o nascimento) e parte da vida de JGR

 

 

 

 

O fio do SeuFulô,  lá do Códesburgo...

                                                                           
 “ Meus amigo, ocêis num se alembra, pruquê ocêis tudo é mucho novo...
Mai foi num dia 27 de juin de mili-novicenz-e-ôto, dia de sábo, um sábo carqué,
pregunta o povo intero, sábo de arraiár, fuguete e buscapé...
Dia de forgá da lida, da peleja do trabaiadô...
Mai num pensava assim o meu Cumpadre, o SeuFulô... Pra ele, era inspeciár o dia.
Dia de cruzá os dêdo, daquêis de fazê vigia...
Lá de dento da mudesta moradia, vinha uns grito arto... Eita!! Arguém gemia...
Chiquitinha, sua muié, cumpanhêra de luta e fé, num insforço aderradêro,
 (tá certo, foi num berrêro), mas sem ajuda deinfermêra, pariu com dor, de vezada,
depositando a barrigada, nos braço da fiér Partêra, (que chegô lá na sextafêra...
 Deus-do-Céu, que trabaiêra!).
Té quinfim, pensô SeuFulô. Dos seus fio, o premero.
Na cama o risurtado inda chorava, quando o Fulô em repentino, adentrou os quarto, em pranto: mai deu sunriso largo, ao vê quiera menino:

-Vai se achamá João, cumpretô de supetão, assustando as cumadre que tava ali assistino a parição. E deu pro resurvido o pobrema.
...e de noite, lá no bar do Zé Muchiba, sem ligá pros das intriga, nem pros sordado da guarnição, bebeu tudo e gritou arto, pra alertar os forte ou fraco, que pudéss aparincê na região:

 -É Fio-home, é cabra-macho, saco-rôcho e pirocão...

E fez questão de dá pros santo, moiada da mió cachaça comprada nas banda do riberão:
-Quié pra assegurar distino, falô e tomô o resto da branca de arrancada...

Forte e branquélo era o rebento. Dozóio craro, risadatôa... 
Pesar dum pôco resmunguento, mamou logo nos petcho. Vida danada da boa.
E porpôco já corria, já brincava, gritava de dexá surdo, no quintár ou casa adento, alegrando as vizinhança, na piquena Códesburgo.
Lá cresceu e sinstudô, até que da famia siapartô, e siamudô  pra capitár, (pra ser dôtô, uai!!). E da vida levô sorte. O moço arto e forte, siacasô, virô dôtô (do mió porte), e escrivinhador das istóra do sertão. 
Mai isso eu conto adispôs...

Tutaméia, sô ! Chega de proseá. Tô no atraso. Eu e um cumpadre temo que carreá uns boi, e ele deva tá mesperando... Cês num viu puraí o Cumpadre Manerzão?

terça-feira, 12 de junho de 2012

E assim me faço presente...



Os que disseram um dia que a dor ia acabar
Se enganaram e me iludiram.
A dor não acaba jamais , apenas descansa,
Dando espaço para alegria se apresentar.
Como se fosse um show, uma  encenação
Onde a platéia é quem vai poder julgar
Se ela permanece, ou dá espaço
Para novamente a dor voltar...
Voltar ao palco que é minha vida.
Onde tristeza e alegria se apresentam
De formas tão uniformes,
Que já não sei mais se sou alegremente  triste
Ou se sou tristemente alegre.
Mas, a todos que assistirem a esse show
Ao final por favor aplaudam...
Pois se ainda estou aqui me apresentando
É porque meu peito ainda se abre ao novo
Ao desconhecido, ao imperdoável,
Às dores e alegrias.
E mesmo que meu show lhe faça chorar,
Lembre-se, sempre, que somente assim
É que posso me fazer presente.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Acidente na Nossa Senhora do Carmo em BH

É UM ABSURDO !!!

Hoje não tem poesia.
Tem um absurdo continuado.
A história de uma via ceifadora de vidas.
Tem um crime hediondo cometido à contumácia, pelas autoridades constituídas, entra governo, sai governo e tudo contiuna como está.
Ou pior, vai aumentando a lista de pessoas que perderam as vidas, ficaram aleijadas, perderam seus entes queridos.
E nada se faz.


 FOTO: DOUGLAS MAGNO/O TEMPO


 Três pessoas morreram e, pelo menos, oito ficaram feridas em um grave acidente na avenida Nossa Senhora do Carmo com avenida Uruguai, no bairro Carmo, na região Centro-Sul da capital, envolvendo uma carreta carregada com bobina e vários veículos nesta quarta-feira (6/6/2012).


Sou pai de dois: um com 27 e outro com 29. Moro no Sion há 50 anos.
Já vi vários acidentes deste tipo nesta antiga BR-3, hoje Nossa Senhora do Carmo.
Não me canso de pedir a meus filhos para não passarem por esta via.
 "Sempre pelo bairro", digo a eles.
Agora, raciocinem comigo : voce para ser coronel, general tem que ter mais que 40, 50 anos...
Voce para pilotar um 747 tem que ter passado por um Cesna, um Navajo, um 707 e aí depois de várias horas de vôo vc se habilita para pilotar um dos grandes, não é ?
Por que será?
É claro que é experiência no assunto, não é mesmo.
Custava graduar a profissão de motorista de cargas pela experiência e não só pelo exame, pela letra na carteira (A,B,C ou D)?
Será que ninguem no DENATRAN, ou CETRAN, ou um deputado, sei lá, não consegue redigir uma norma, uma lei destas? É só reivindicar aumentos e prerrogativas?
Agora, uma vista por outro angulo:
Imagine um motorista inexperiente, que não conhece BH.
Se ele passar da entrada do Anel, ele só teria a Raja como opção, mas esta não tem uma alça larga para carretas. Ou seja ele é empurrado pelo desenho da via a descer a N.S.do Carmo. Não tem outra saída.
Por outro lado, a justificativa do motorista foi que "perdeu o freio". Ora se ele tivesse acertado e pego o Anel descendo, teriamos mais um acidente destas proporções no Betania.
Conclusão: falta de tudo, da ineficiencia das autoridades em mudar a lei para que somente motoristas experientes possam dirigir carretas, às autoridades responsáveis pela sinalização e engenharia de trafego ao não dar outra possibilidade a quem errou o trajeto, e finalmente, à Policia Rodoviária que deveria verificar o estado dos veiculos e sua conservação.
Aí abro um parenteses para sugerir que a "Vistoria veicular" seja urgentemente implantada e só sejam liberados os documentos com ela feita.
Não adianta recolher impostos somente: é preciso que a população tenha devolvido em serviços de qualidade o trabalho suado para ganhar o dinheiro dos impostos.
Que estas e outras vitimas sejam debitadas, primeiro às autoridades constituídas (e incompetentes) e depois ao motorista.
Temos que implementar os procedimentos sugeridos acima  por que, se não, um dia, a vitima pode ser voce ou pior, um filho(a) seu.
Aos feridos, principalmente ao jovem Lucas, quase da idade de meus filhos, toda força do mundo, para que saia desta
Meu profundo pesar aos parentes das vitimas, principalmente aos pais da jovem, estudante de medicina. Estou arrebentado por dentro. Imagino eles...

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Filme - um poema em homenagem ao dia dos namorados



Um dia, me recordo
Era mocinho,  
E ela, a mais bela mocinha...
Eu e meus 14 anos
Ela 12, quase 13,
Minhas férias de verão,
Em Itaúna, um dia lindo...
 
Nosso encontro, já marcado
Às 6 da tarde de um domingo,
É lá na praça da Matriz.
Lá tem cinema, e num cinema, como sempre, um filme passa...

Do filme mesmo, lembro pouco
Ou quase nada...
Mas trago ainda bem marcada
A lembrança do suor das suas mãos, quando a vontade foi maior que a timidez, e a minha mão pousou na dela, sobre o braço da cadeira, num arroubo sem igual, jamais ousado...
Mas carregado de perene tremedeira,
Foi minha primeira vez...

Senti meu coração quase explodir...
Olhei pra tela, não vi nada...
Assim ficamos, sem mexer, mão com a mão dada...
Um filme inteiro, a se exibir, e um outro filme, por passar, dentro de nós...

E enquanto à frente, o filme em tela prosseguia,
Cada minuto, as sensações... tudo tremia,
O peito, as mãos, e os corações acelerados, festejavam a companhia que o encontro no cinema permitia, a vez, o dia de estar ali tão juntos, do “ficar, enfim, à sós”...

O puro amor, que ali nascia, em mãos suadas
Me faz hoje pressupor
Que em algum lugar o imaginário tem guardadas
Nossas primeiras gotas-gêmeas de suor...

E ao sairmos,
Quando a noite acontecia,
Ninguém viu, mal percebia,
Que um novo amor lá se arriscava,
Pisando em nuvens - a lua ao lado,
A iluminar, qual fantasia...

De mãos atadas, tão coladas e tão frias,
A namorada e o namorado,
Davam seu primeiros passos,
Todos versos em compassos
Das mais lindas poesias...

E foi ali, entre os canteiros do jardim,
Que me voltei e olhei pra ela,
E vi nos olhos lindos dela,
Minha imagem refletida,
Como o filme lá da tela...

Mas, vi também,
Que olhar azul dos olhos dela
Assistiam, através dos olhos meus,
Outro filme, como se fosse outra tela,
Com a imagem que 
Meu coração fez dela em mim...