sábado, 2 de janeiro de 2010

Isabela e ela

Leio hoje : mais um pai joga sua filha de 3 anos da janela do 12º andar em Porto Alegre e pula depois... que forma desumana de se vingar de alguem, utilizando-se de um ser indefeso para isto. É insuportável.
Fiz a poezinha abaixo depois do ocorrido com a Isabela, 5 anos, em SP.
Fiquei muito abalado e não me cansarei de ficar... Ei-la :
Isabela e Ela (num sinal de trânsito qualquer...)


_seu Dôtô, paraí,
pérum pôquim,

abre os vido, oieu aqui,
prestatenção,instante só,

num ademora,
tô pidino grana não,
quero só expricação...
eu num sou das crasse arta
num nasci dos pediata
fui parida em caburão...

minha mãe fazia vida
o meu pai morreu na pinga
eu cresci lá no lixão...

um brinquedo, uma boneca
os estudo, a bicicreta,
era jura , era promessa
pra eu deixar passá as mão...

hoje eu queimo os pé noasfarto
sou vigia de assarto
peço esmola, pra vivê...
o meu rosto é de criança
mas no corpo tem lembrança
que Dôtô num quer saber...

outro dia, vi dizê
que matarumá menina
jugarela lá de cima
juntô gente assim pra vê..
disséru cá menina
morava nêdificil arto,
de levadô, portêro embaxo,
de piscina cum jardim...

tinha asroupa tuda fina,
os brinquedo que quisesse,
té boneca lá da China...
disserainda quéra alegre,
otros diz, que munto linda,
e tem mais, seu Dôtô,
num sei se inté carece,
duas avó e dois avô,
pai e duas mãe só dela...

que ela ia nescolinha
tinha monte de amiguinha,
festa de neversário cum balão, gual novela...
é...mas num sei não...
num tô acustumada
cum tanto negóço bão...
a vida num é assim lá na favela...

Dôtô, tem uma coisa que eu nuintindi:

se a menina é boazinha,
se ela era tão legal,
proque que fizeru esse mal,
proque que matáru ela?

é...num intendo não...

eu vou fazê nove ano...
desse jeito que o Dôtô tá vendo,
vou levano...
antes eu até queria sê,
um dia, como ela...
tê neversário, presente, natal...
góra... sei não...
mió ficá na favela,
que sê nutiça dos jornal...

asvez, quem sabe, pode sê
que um dia desse sem-querê,
pode sê que arguém me mata,
- tem muita chança deu morrê
que nem morre uma barata -,
e aí, memo sem pedi
eu enconto ela no céu,
junto do papai noel...
e aí eu vô dizê assim pra ela :

-olha, dessa vez.

pede pra nascer na favela...

... pode me dá 1 real ?

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